Um estudo genético revelou quais foram as relações entre todos os ‘indivíduos’ do grupo que viveu há 3.800 anos
Um curioso estudo genético pioneiro conseguiu identificar uma família completa que viveu durante a Idade do Bronze, trazendo novas evidências as origens e a estrutura genética das comunidades familiares pré-históricas. A pesquisa se baseou na análise dos genomas de esqueletos com 3.800 anos, encontrados em um kurgan (tipo de túmulo) na estepe russa, situado na fronteira entre a Europa e a Ásia.
Utilizando a genômica estatística, os cientistas conseguiram desvendar as relações familiares e matrimoniais entre os indivíduos desse grupo. O kurgan da Idade do Bronze abrigava seis irmãos, suas respectivas esposas, filhos e netos. O irmão mais velho possuía oito filhos e duas esposas, uma das quais provinha das regiões de estepe asiáticas no leste.
Os outros irmãos não apresentavam evidências de poligamia e, provavelmente, viviam em casamentos monogâmicos, tendo menos filhos. O Dr. Jens Blöcher, principal autor do estudo e professor da Universidade Johannes Gutenberg Mainz (JGU), na Alemanha, disse:
O túmulo fornece um retrato fascinante de uma família pré-histórica", afirmou Blöcher. "É notável que o primogênito aparentemente tivesse um status mais elevado, portanto, maiores chances de reprodução. O direito do primogênito masculino nos parece familiar, é conhecido do Antigo Testamento, por exemplo, mas também da aristocracia na Europa histórica".
Além disso, a análise genômica revelou que a maioria das mulheres sepultadas no kurgan eram imigrantes. Segundo os pesquisadores, essa mobilidade matrimonial feminina é um padrão comum do ponto de vista econômico e evolutivo, enquanto um sexo permanece local para garantir a continuidade da linhagem familiar e da propriedade, o outro busca parceiros externos para evitar a endogamia.
“O estado de saúde da família aqui enterrada devia ser muito precário. A expectativa média de vida das mulheres era de 28 anos, a dos homens 36 anos”, disse Svetlana Sharapova, arqueóloga de Ekaterinburg e chefe da escavação.
Na última geração da família, o uso do kurgan cessou abruptamente, revelando descoberta predominante de bebês e crianças pequenas. Isso levanta a hipótese de que os habitantes tenham sido afetados por doenças ou que a população restante tenha migrado em busca de melhores condições de vida, teoriza a pesquisadora.