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Notícias / Gripe Espanhola

Estudo com esqueletos derruba antigo mito sobre a Gripe Espanhola

O estudo analisou o esqueleto de 369 pessoas que morreram em 1918 durante a onda de casos da doença

Redação Publicado em 10/10/2023, às 17h58

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Retrato tirado durante a gripe espanhola de 1918 exibindo diversos pacientes - Reprodução /  Universidade do Colorado em Boulder
Retrato tirado durante a gripe espanhola de 1918 exibindo diversos pacientes - Reprodução / Universidade do Colorado em Boulder

A pandemia de gripe espanhola que varreu o mundo em 1918, causando a morte de aproximadamente 50 milhões de pessoas, há muito tempo foi associada à ideia de que atingia indiscriminadamente tanto os jovens e saudáveis quanto os mais vulneráveis. No entanto, um novo estudo, publicado no periódico PNAS em 9 de outubro, desafia esse mito.

Pesquisadores da Universidade do Colorado Boulder (CU Boulder), nos Estados Unidos, e da Universidade McMaster, no Canadá, conduziram uma análise bioarqueológica dos dados sobre a idade de morte e lesões esqueléticas de 369 pessoas que faleceram antes e durante a pandemia de gripe de 1918 nos EUA.

Os resultados surpreenderam, demonstrando que, na verdade, indivíduos que já haviam sido expostos a estressores ambientais, sociais e nutricionais antes da pandemia tinham uma maior probabilidade de sucumbir ao vírus da gripe espanhola. Essa tendência também se repetiu em crises de saúde posteriores, incluindo a pandemia de Covid-19.

A coautora da pesquisa e professora de antropologia na CU Boulder, Sharon DeWitte, enfatizou, em um comunicado:

Essa ideia de que a gripe de 1918 matou pessoas jovens e saudáveis não é apoiada por nossas descobertas". "Em vez disso, descobrimos que essa pandemia, como muitas outras ao longo da história, matou desproporcionalmente pessoas frágeis".

Conto popular

DeWitte destacou que a crença de que a gripe espanhola vitimou pessoas saudáveis pode ter começado como sabedoria popular e sido perpetuada na literatura, transformando-se em uma falsa verdade histórica.

Ela argumentou que os documentos históricos frequentemente privilegiam a perspectiva dos mais privilegiados, negligenciando a realidade das mulheres, crianças e marginalizados.

Para a pesquisa, DeWitte e sua colega Amanda Wissler, professora assistente de antropologia na Universidade McMaster, consultaram a Coleção Osteológica Humana Hamann-Todd, que contém mais de 3 mil esqueletos humanos centenários e está localizada no subsolo do Museu de História Natural de Cleveland, nos Estados Unidos.

Hospital de emergência durante epidemia de gripe espanhola no Kansas, EUA - Crédito: Domínio Público

A análise realizada por Wissler, que envolveu a observação de lesões porosas nas tíbias dos indivíduos, indicando trauma, infecção, estresse ou desnutrição, revelou que os mais frágeis tinham 2,7 vezes mais chances de falecer durante a epidemia de gripe de 1918.

Fatores diversos

As pesquisadoras sugerem que fatores como status socioeconômico, nível de educação, acesso à saúde e racismo institucional podem ter desempenhado um papel importante na vulnerabilidade de certos grupos durante a pandemia de gripe espanhola, semelhante ao que ocorreu em pandemias posteriores, incluindo a de covid-19.

No entanto, ressaltam que são necessárias mais pesquisas para investigar essa questão. Essas descobertas têm implicações significativas para a preparação moderna para pandemias, destacando a importância de compreender a complexidade das comunidades afetadas e evidenciando as limitações de se depender exclusivamente de textos escritos para entender a História.