Encontrado no século 19, no Lago de Bienna, na Suiça, o artefato faz parte das coleções do Museu de História de Berna
Uma equipe de pesquisadores recentemente realizou uma descoberta notável a respeito de uma antiga flecha da Idade do Bronze, encontrada no século 19 nas proximidades do Lago de Bienna, na Suíça.
Surpreendentemente, através de análises cuidadosas, os especialistas constataram que a ponta do artefato — que faz parte das valiosas coleções do Museu de História de Berna — era composta por ferro proveniente de um meteorito, que provavelmente caiu na Estônia.
O estudo sobre o material em questão foi publicado no periódico Journal of Archaeological Science, em 25 de julho, de acordo com a revista Galileu.
Com um peso de 2,9 gramas e dimensões de 39,3 milímetros de comprimento por 25 milímetros de largura, com espessura máxima de 2,6 milímetros, o artefato foi atribuído a uma habitação da Idade do Bronze chamada Mörigen, que existiu entre 900 e 800 a.C.
A localidade de Mörigen estava a uma distância de aproximadamente 8 km do campo de Twannberg, uma área conhecida por conter fragmentos de ferro meteorítico de uma rocha que caiu do céu há muitos milhares de anos, antes da última era glacial.
Os cientistas, entretanto, ficaram surpresos ao perceber que a composição específica de metais na ponta da flecha não correspondia ao ferro meteorítico encontrado no campo de Twannberg.
A ponta da flecha exibia resíduos orgânicos, provavelmente alcatrão de bétula utilizado para fixar a peça a uma haste. A sua composição, porém, revelou-se característica do ferro e níquel provenientes de meteoritos. Além disso, foram encontrados isótopos de alumínio-26, que só estão presentes em objetos originários fora da atmosfera terrestre.
Após minuciosas investigações, os pesquisadores chegaram à conclusão de que o meteorito de ferro pertence a uma classe específica conhecida como meteoritos IAB.
Na Europa, apenas três grandes meteoritos IAB têm uma composição compatível com a da ponta da flecha: Bohumilitz, da República Tcheca; Retuerte de Bullaque, da Espanha; e Kaalijarv, da Estônia.
Entre eles, a equipe acredita que a melhor correspondência provavelmente seja o meteorito de Kaalijarv, que caiu na Terra cerca de 1500 a.C. e se fragmentou em muitos pedaços adequados para a criação de pequenos objetos afiados, como pontas de flecha.
No entanto, uma observação intrigante é que a distância entre Kaalijarv e Mörigen era de aproximadamente 1,6 mil quilômetros, o que sugere a possibilidade de o meteorito ter viajado pelas rotas comerciais do âmbar do Báltico.
“Derivada ou não de Kaalijarv, a ponta da flecha provavelmente não era um objeto singular. E provavelmente outros fragmentos trabalhados de ferro meteorítico, incluindo amostras de tamanho relativamente pequeno, estão presentes em coleções arqueológicas na Europa e possivelmente até em distâncias maiores”, concluíram os autores da pesquisa.
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