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Notícias / Borba Gato

Homem que incendiou estátua de Borba Gato é condenado

O episódio resultou em reflexões sobre homenagens aos bandeirantes

Redação Publicado em 19/12/2022, às 10h20

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Estátua durante o incêndio - Divulgação/Daniel Eduardo (@danieleduardo_)
Estátua durante o incêndio - Divulgação/Daniel Eduardo (@danieleduardo_)

Em São Paulo, um episódio que repercutiu ao redor do país no último ano ganhou desdobramentos. O motoboy Paulo Roberto da Silva Lima foi condenado por ter incendiado a estátua do Borba Gato, que homenageia a saga dos bandeirantes. 

Paulo terá que cumprir três anos de prisão em regime aberto por ter incendiado a estátua localizada na Zona Sul de São Paulo em 2021. Todavia, a pena acabou sendo trocada por serviço comunitário.

Eduardo Pereira Santos Júnio, juiz a frente do caso, da 5 Vara Criminal Central, disse que o homem utilizou pneus e galões com gasolina com o objetivo de incendiar a estátua.No depoimento, Paulo assumiu que incendiou a estátua, porém, como forma de protesto.

Passado racista

Não é de hoje que o monumento divide opiniões ao redor do Brasil. Isso porque os bandeirantes tem no histórico a captura e escravização de indígenas e negros, além do estupro e tráfico de indígenas durante as expedições realizadas no interior do país.

Com a morte de George Floyd, homem negro sufocado até a morte por um policial nos Estados Unidos, manifestantes iniciaram a derrubada de estátuas ligadas a nomes da escravidão.

Em 2020, o site Aventuras conversamos com o historiador José Rivair Macedo, doutor em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e autor do livro História da África, publicado pela Editora Contexto, a respeito do movimento observado ao redor do mundo.

“Quando vemos uma estátua sendo derrubada, temos uma vontade pública que está sendo manifestada. Isso não foi iniciado pelo movimento Vidas Negras Importam, é uma forma política de se manifestar. Isso aconteceu na Revolução Francesa, quando se mudou o calendário, quando memórias do antigo regime foram excluídas e substituídas por símbolos novos; isso aconteceu na chamada Revolução Bolchevique, quando a memória do czarismo foi atacada; e aconteceu em 1992, depois do fim da União Soviética", disse Rivair na época.

Em sua opinião, o ato de derrubar tem ligação com o significado da figura homanegeada. "O que está sendo atacado é uma noção de normalidade, é uma noção de consenso, do que é alguém ser dignificado no passado e outros nem serem considerados para tal. Então, nesse sentido, a minha opinião pessoal não é a que importa, o que importa é o significado político que está colocado aí".

Veja a conversa completa aqui.