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Notícias / Nazismo

Inquérito sobre nazistas no Reino Unido vira alvo de pressão

Autoridades britânicas estão sendo pressionadas a explicarem o motivo dos responsáveis de cometer crimes de guerra não terem sido julgados

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 29/07/2023, às 11h12

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Tropas nazistas em Alderney - Sem informações de crédito via The Guardian
Tropas nazistas em Alderney - Sem informações de crédito via The Guardian

As autoridades do Reino Unido estão sendo pressionadas para explicarem o motivo dos responsáveis ​​por cometer crimes de guerra em solo britânico nunca terem sido levados a julgamento.

Um inquérito oficial sobre as atrocidades nazistas cometidas em Alderney, nas Ilhas do Canal, está sendo instaurado, mas ainda carece de ações práticas, conforme aponta professor Anthony Glees, especialista em segurança e inteligência que assessorou o inquérito de crimes de guerra de Margaret Thatcher.

"Esta é uma oportunidade vital para estabelecer todos os fatos e deve examinar por que aqueles que perpetraram tais crimes de guerra hediondos nunca foram levados a julgamento neste país. A revisão das atrocidades em Alderney deve ser muito bem-vinda, mas acredito que não deve se concentrar apenas no número de mortos, por mais importante que seja", disse ao The Observer.

Na semana passada, o jornal britânico informou que Lord Pickles, enviado especial para questões pós-Holocausto, publicaria um inquérito sobre o número de prisioneiros assassinados pelos nazistas na dependência da coroa britânica.

Entretanto, Glees sugere que a investigação precisaria se aprofundar mais nos eventos ocorridos na ilha britânica, com o intuito de descobrir detalhes de um dos momentos mais sombrios da História.

Segundo o professor, após a Segunda Guerra Mundial, o princípio orientador era que os criminosos de guerra fossem entregues ao país onde seus crimes teriam sido cometidos. "Aqueles que foram responsáveis ​​pelos crimes em Alderney deveriam ter sido colocados no banco dos réus em Old Bailey", explicou.

Assim, afirmou que escreveria a Pickles para entender o escopo do inquérito, algo que foi apoiado pela deputada trabalhista Margaret Hodge, filha de refugiados judeus que fugiram dos nazistas.

O inquérito deve investigar por que os oficiais nazistas responsáveis ​​por tais barbaridades nas Ilhas do Canal foram libertados pelas autoridades britânicas e nunca levados à justiça", disse Hodge.

Nazistas em Alderney

Segundo o The Guardian, centenas de prisioneiros foram mortos quando os nazistas ocuparam Alderney, onde estabeleceram campos de trabalho escravo — incluindo um usado pela SS como campo de concentração. Quando a ilha foi libertada, os altos oficiais nazistas foram presos pelas autoridades britânicas, mas jamais julgados por suas ações.

Anthony Glees diz acreditar que o número de pessoas assassinadas em Alderney ou enviadas da ilha para campos de extermínio na Europa provavelmente está na casa dos milhares.

Há mais de 40 anos, o The Observer revelou que a história de que o Comandante de Alderney, Major Carl Hoffman, havia sido entregue às autoridades soviéticas era falsa. Hoffman ficou detido no Reino Unido até 1948, quando foi liberado para a Alemanha Ocidental, onde morreu pacificamente em 1974.

Mas o episódio com o comandante não é um caso isolado. O capitão Maximilian List estava no comando da SS Camp Sylt em Alderney. Ele foi identificado após a Guerra em um campo para prisioneiros. Maximilian deveria ter sido entregue às autoridades russas, mas acabou indo morar na Alemanha Ocidental até a década de 1970.

A Ilha do Canal abrigou diversos campos nazistas de trabalho de escravos, que ajudaram a construir as defesas alemãs conhecidas como Muralha do Atlântico. Quando a SS assumiu um deles, agiram sob o princípio Vernichtung durch Arbeit (extermínio pelo trabalho).

Por lá, presos foram torturados, baleados e até receberam injeções fatais. Os mais doentes eram enviados para os campos de extermínio em outras partes ocupadas da Europa — como em Drancy, um campo de trânsito em Paris; ou até mesmo para Auschwitz.