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Notícias / Segunda Guerra

Artista reproduz ‘esquecido’ local de execução nazista em ilha britânica

Explorando o impacto da violência, projeto resgatará história de Alderney, ilha britânica invadida durante Segunda Guerra

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 21/02/2023, às 13h20

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Bunker nazista em Alderney - TimBrighton via Wikimedia Commons
Bunker nazista em Alderney - TimBrighton via Wikimedia Commons

Impactado pelo ataque terrorista às Torre Gêmeas do World Trade Center em 11 de setembro de 2001, o artista e escultor Piers Secunda passou a usar seu trabalho para explorar o impacto da destruição e da violência na sociedade. 

Em seu próximo projeto, Piers reproduzirá um local de execução nazista em um forte vitoriano em Alderney, uma das Ilhas do Canal, no Canal da Mancha. Um molde de uma parede danificada por balas será exposta em Londres no próximo mês. 

Segundo o The Guardian, Piers se baseou num exame feito por especialistas forenses americanos que sustentam que o local foi usado para execuções realizadas por soldados alemães que ocuparam as Ilhas do Canal durante a Segunda Guerra Mundial

Visando documentar em forma de arte o impacto do conflito, o artista conheceu a história do local em 2018, quando foi alertado por um amigo que mora na ilha: “Já vi marcas de impacto de balas suficientes em lugares como Afeganistão e Iraque para ser capaz de reconhecer padrões distintos, como invasão, defesa, prática de tiro ao alvo e execuções”, afirmou. 

Para isso, ele buscou a opinião de dois especialistas em balística respeitados internacionalmente no John Jay College of Criminal Justice em Nova York. Os profissionais visitaram a ilha no último verão e, no começo de fevereiro, concluíram que o local quase que certamente era usado como espaço para execuções

A história de Alderney

Entre 1940 até o fim da Segunda Guerra, as Ilhas do Canal foram ocupadas por tropas alemãs. Sabe-se que as ilhas de Guernsey e Jersey tinham grandes populações civis, entretanto, os 1.400 residentes de Alderney foram evacuados apenas algumas semanas antes da invasão.

A ilha, com cerca de 5 quilômetros de comprimento por 2,5 de largura, possui uma “beleza inimaginável, com extensas baías de areia amarela, águas azul-turquesa e acres de espetaculares flores silvestres”, disse Secunda ao The Guardian.

O artista relata que a evacuação foi traumática. "As pessoas foram instruídas a matar seu gado e animais domésticos e a fazer uma única mala. Eles não tinham ideia de quando, se é que algum dia, voltariam."

Em outubro de 1941, Hitler anunciou sua ideia de transformar as ilhas em uma "fortaleza inexpugnável" para impedir uma invasão aliada da Europa. Assim, milhares de prisioneiros foram levados a Alderney para construir centenas de fortificações de concreto e campos de trabalho, incluindo dois campos de concentração administrados pela SS.

Estima-se que mais de 6.000 pessoas de 27 nacionalidades foram forçadas a viver e trabalhar em condições brutais, entre eles estavam prisioneiros de guerra e civis russos, poloneses e ucranianos, judeus franceses e prisioneiros políticos alemães e espanhóis.

De acordo com Theodore Pantcheff, oficial da inteligência britânica que investigou as ações alemãs em Alderney, os prisioneiros viviam de dietas de fome em casernas de madeira cercadas por arame farpado. Eles “faziam 12 horas de trabalho pesado por dia, às vezes mais, com intervalo ao meio-dia, variando de 10 minutos a meia hora... isso sete dias por semana”.

Os trabalhadores foram espancados pelas ofensas mais triviais, contra os rígidos regulamentos, como deixar de executar um movimento de broca corretamente ou tentar adquirir comida extra da lata de lixo”, aponta. 

Pantcheff aponta ainda que um oficial alemão ofereceu aos soldados um “bônus de 14 dias de licença, comida e bebida extras aos guardas da SS para cada cinco prisioneiros mortos”. Secunda completou: “É muito fácil ver por que os prisioneiros seriam colocados em frente a uma parede e fuzilados em grande número”.