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Itália recusa extradição de padre acusado de assassinato e tortura na Argentina

Hoje com 86 anos de idade, o reverendo Franco Reverberi é acusado de cometer crimes contra a humanidade durante a Ditadura Militar da Argentina

Redação Publicado em 13/01/2024, às 08h52

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Imagem ilustrativa com bandeira da Argentina - Imagem de Pexels pelo Pixabay
Imagem ilustrativa com bandeira da Argentina - Imagem de Pexels pelo Pixabay

Recentemente, o atual ministro da Justiça de Itália, Carlo Nordio, recusou um pedido feito pela Argentina pela extradição do reverendo Franco Reverberi. Hoje com 86 anos de idade, o religioso argentino-italiano é acusado de ter cometido crimes contra a humanidade durante a Ditadura Militar da Argentina, que ocorreu entre 1.976 e1.983.

Conforme descrito pelo The Guardian, Reverberi serviu como capelão militar durante o regime militar argentino e, entre suas acusações, está o envolvimento na tortura e morte do ativista político José Guillermo Berón, de 20 anos, em 1976. O padre teria deixado a Argentina em 2011, quando começaram julgamentos contra figuras pró-militares no país, e então regressou a sua cidade natal, próxima a Parma, na Itália.

Desde que retornou ao Velho Continente, Franco Reverberi vem vivendo tranquilamente, continuando a celebrar missas — até recentemente. Ele também sempre negou qualquer irregularidade em suas ações, e nunca chegou a ser condenado pelos tribunais, ou sequer excomungado pelo Vaticano.

Em outubro de 2023, no entanto, o principal tribunal criminal de Itália confirmou sua extradição, rejeitando o apelo do padre de permanecer no país. Porém, na última sexta-feira, 12, o ministro da Justiça Carlo Nordiovetou a extradição, usando como justificativas a idade avançada e o estado de saúde de Reverberi.

A medida do ministro da Justiça italiano contrasta com as decisões judiciais contra Reverberi", alegou o advogado que representou a Argentina no caso, Arturo Salerni, segundo o The Guardian. "Nossa última esperança é que Reverberi possa ser processado na Itália."

Além de Salerni, Jorge Ithurburu, presidente da 24 Marzo — ONG sediada em Roma que representa os familiares das vítimas da ditadura argentina —, também apelou a um julgamento para Reverberi na Itália: "A impunidade não está prevista na lei. Já estamos em contato com a Assembleia Permanente dos Direitos Humanos em San Rafael, Argentina, que está pronta para apresentar uma queixa às autoridades italianas pelos crimes de Reverberi. Se o padre não for extraditado, então deverá ser processado na Itália."

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Ditadura Militar Argentina

Em 1976, ocorreu na Argentina o golpe militar liderado por Jorge Rafael Videla Redondo, que depôs a presidente María Estela Martínez de Perón em 24 de março daquele ano. Nesse período sombrio da história da América do Sul — que viveu, na mesma época, ditaduras militares em outros países, incluindo o Brasil — qualquer possível oposição foi esmagada pelos militares no país, e estima-se que cerca de 30 mil pessoas foram assassinadas.

Jorge Rafael Videla Redondo e María Estela Martínez de Perón, respectivamente / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Um exemplo da brutalidade da ditadura na Argentina é o fato de que, mesmo grávidas, mulheres eram mantidas prisioneiras até darem à luz. Ainda de acordo com o The Guardian, estima-se que cerca de 500 bebês foram dados a casais militares sem filhos, para que fossem criados como se fossem seus. Até hoje, somente 133 destas crianças — muitas das quais já possuem mais de 40 anos — foram reunidas com suas famílias biológicas.

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Dois anos após o retorno da democracia na Argentina, em 1985, Jorge Videla foi finalmente condenado por violações dos direitos humanos e crimes contra a humanidade. Desde então, muitos criminosos que colaboraram com o regime militar fugiram para outros países, principalmente para a Itália, onde podiam aproveitar de suas duplas nacionalidades.

Um outro caso semelhante ao do padre é o do tenente-coronel Carlos Luis Malatto, um oficial do exército argentino acusado de se envolver no assassinato premeditado de oito pessoas durante o regime de Videla. Acusado de crimes contra a humanidade, também fugiu para a Itália em 2011, onde viveu tranquilamente em uma aldeia turística na província de Messina, na Sicília. Agora, ele aguarda julgamento, que está previsto para ter início em Roma, no dia 22 de Abril.