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Notícias / Paleontologia

Nova descoberta no RS preenche lacuna sobre origem dos dinossauros

Espécie encontrada no município de Restinga Sêca faz parte de grupo de répteis pouco conhecido, e esclarece fato sobre origem dos dinossauros

Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 18/04/2023, às 12h25

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Ilustração de como era o novo réptil descoberto, bem como a paisagem em que vivia - Reprodução/Matheus Fernandes
Ilustração de como era o novo réptil descoberto, bem como a paisagem em que vivia - Reprodução/Matheus Fernandes

No último dia 11 de abril, foi publicado no periódico científico Scientific Reports, conclusões tomadas por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) a partir da análise do resto de pernas de dois exemplares de antigos répteis escavados na região central do Rio Grande do Sul, na cidade de Restinga Sêca. De acordo com o estudo, a descoberta preenche uma antiga lacuna sobre a origem dos dinossauros.

O achado, por sua vez, foi conduzido pelo paleontólogo Rodrigo Temp Müller, da própria UFSM, com a participação do aluno de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da mesma universidade, Maurício Silva Garcia

A nova espécie, batizada pelos pesquisadores de Amanasaurus nesbitti — que significa "lagarto da chuva", em junção de palavras de origem tupi e grega — foi identificada em camadas de aproximadamente 233 milhões de anos.

O termo designado a ela, no caso, faz referência ao Evento Pluvial Carniano, período marcado por muitas chuvas e umidade, quando o animal vivia no planeta, o que poderia ser ocasionado pela intensa atividade vulcânica, que poderia acelerar o ciclo hidrológico.

Sabe-se que o aumento da umidade resultou no enfraquecimento de barreiras geográficas relacionadas ao clima, de modo que o Evento Pluvial Carniano pode ter ajudado o Amanasaurus nesbitti e seus parentes próximos a dispersarem-se para outros pontos do globo", explicou Müller à Revista Galileu.
Representação do Amanasaurus nesbitti em vida
Representação do Amanasaurus nesbitti em vida / Crédito: Reprodução/Matheus Fernandes

Grupo desconhecido

O segundo nome da nova espécie descoberta, nesbitti, referencia o paleontólogo estadunidense Sterling Nesbitt, um dos principais pesquisadores sobre os silessauros, um grupo pouco conhecido de répteis do qual o animal em questão faz parte — afirmação essa comprovada a partir das características dos ossos encontrados —, anterior aos dinossauros. As ossadas de pernas do maior exemplar encontrado mostram que o silessauro teria cerca de 1,3 metros de comprimento, de acordo com a Revista Galileu.

Embora alguns cientistas apontem que os silessauros sejam os parentes mais próximos dos dinossauros, outros afirmam que eles que seriam, de fato, os dinossauros "verdadeiros", localizados na base da árvore evolutiva dos grupos de dinossauros com chifres e armaduras. Logo, compreende-se que esses animais sejam extremamente importantes para a compreensão da história evolutiva destes seres pré-históricos.

Novas compreensões

Sabendo diferenciar os silessauros dos dinossauros, agora é possível compreender melhor a lacuna da qual os pesquisadores acreditam ter preenchido com a nova descoberta. Isso porque, até então, acreditava-se que estes mais antigos tivessem sido afetados pela competição com os sucessores, o que fez deles relativamente menores. Porém, a descoberta revelou que, na verdade, eles possuíam tamanhos similares.

Fósseis do Amanasaurus nesbitti descobertos
Fósseis do Amanasaurus nesbitti descobertos / Crédito: Reprodução/Rodrigo Temp Müller

Até recentemente, nenhuma espécie de dinossauro ou silessauro havia sido oficialmente descrita em Restinga Sêca. Porém, depois do novo achado, os pesquisadores apontaram que, na área, havia também uma elevada diversidade de formas desses animais pré-históricos, equiparada até mesmo a observada em camadas com 225 milhões de anos, quando os mais recentes já estavam bem estabelecidos.

Hoje observamos que a visão de que os dinossauros logo substituíram seus parentes próximos assim que surgiram não serve mais para explicar o cenário evolutivo do final do Período Triássico", conclui o autor do estudo. "O que temos na verdade são diferentes linhagens coexistindo, cada uma com suas adaptações e vantagens."