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Notícias / Biologia

Organismos extintos de 1,6 bilhão de anos são encontrados em rochas

Membros da chamada "biota prostosterol" viveram pelo menos 1 bilhão de anos antes de animais e plantas

Éric Moreira, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 10/06/2023, às 10h50

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Imagem meramente ilustrativa - Foto por vecstock pelo Freepik
Imagem meramente ilustrativa - Foto por vecstock pelo Freepik

Em meio a rochas na Austrália, pesquisadores identificaram uma surpreendente descoberta: um "mundo perdido" de organismos já extintos que teriam vivido pelos oceanos da Terra há 1,6 bilhões de anos, antes de qualquer animal ou planta existente. Esses organismos são componentes do que biólogos chamam de "biota protosterol".

Os resultados do estudo foram publicados na última quarta-feira, 7, na revista Nature. Conforme descrito pela Galileu, as criaturas encontradas são eucariontes — com uma estrutura celular mais complexa —, o que pode mudar tudo que se sabe sobre nossos primeiros ancestrais e formas de vida do planeta.

Benjamin Nettersheim, um dos autores do estudo, conta que quase todos os seres eucariontes biossintetizam esteroides como o colesterol. "O colesterol não tem a melhor reputação do ponto de vista médico. No entanto, essas moléculas lipídicas são partes integrantes das membranas das células eucarióticas, onde auxiliam em uma variedade de funções fisiológicas", explica em nota.

Ancestral mais antigo

O mais surpreendente sobre o achado, porém, é quando se pensa em uma linha do tempo da evolução animal no planeta. Isso porque todos os fungos, plantas e animais existentes hoje são eucariontes, e é possível traçar geneticamente uma linhagem até o primeiro ancestral com essa característica. Este, porém, viveu aqui há mais de 1,2 bilhão de anos, de forma que o recente achado se mostra ainda mais antigo.

Essas criaturas antigas eram abundantes nos ecossistemas marinhos em todo o mundo e provavelmente moldaram os ecossistemas durante grande parte da história da Terra", descreve Nettersheim.

O professor ainda explica que, no passado, os oceanos pareciam um mundo à parte, conduzido basicamente por bactérias — seres procariontes, mais simples que os eucariontes —, mas o novo achado pode ajudar também a pensar no contrário. Isso porque os seres da chamada "biota protosterol" eram mais complexos que essas bactérias, além de provavelmente maiores.

Acreditamos que eles podem ter sido os primeiros predadores da Terra, caçando e devorando bactérias", afirma o professor Jochen Brocks, da Universidade Nacional da Austrália, que também participou da descoberta.

Por fim, Brocks ainda explica que os seres eucariontes prosperaram no planeta de 1,6 bilhão de anos até aproximadamente 800 milhões de anos atrás, sendo o fim desse período, quando começou o florescimento de organismos mais avançados como fungos e algas, que trouxe consigo a extinção da biota protosterol, chamado de "Transformação Toniana".

"Assim como os dinossauros tiveram que ser extintos para que nossos ancestrais mamíferos pudessem se tornar grandes e abundantes, talvez a 'biota protosterol' tivesse que desaparecer 1 bilhão de anos antes para dar espaço aos eucariontes modernos", encerra o pesquisador.