Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Hominídeos

Osso de tíbia de 1,45 milhão de anos pode ser de vítima mais antiga de canibalismo

Marcas encontradas em osso de uma tíbia esquerda podem ser de caso mais antigo de canibalismo de hominídeos da história; entenda!

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 27/06/2023, às 11h42

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
O osso do hominídeo - Jennifer Clark
O osso do hominídeo - Jennifer Clark

Cortes em um osso de um ancestral humano sugerem que ele pode ser a vítima de canibalismo mais antiga que se tem notícias no mundo. A pesquisa, publicada na última segunda-feira, 26, na revista Scientific Reports, foi liderada pela paleoantropólogo Briana Pobiner, do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos.

O estudo é baseado em marcas identificadas no osso de uma tíbia esquerda que foi encontrado há mais de 50 anos em um sítio arqueológico de Koobi Fora, no Quênia. A evidência é datada de 1,45 milhão de anos atrás; ou seja, do período primário do Pleistoceno.

+ Pesquisadores descobrem evidências de canibalismo neandertal de 52 mil anos atrás

A pesquisa aponta que nove das 11 marcas encontradas no osso foram feitas por ferramentas de pedras — usadas para dilacerar a carne para prepará-la para a refeição. As outras duas correspondem aos dentes de um animal extinto semelhante a um dentre de sabre.

As marcas encontradas na tíbia/ Crédito: Jennifer Clark

As informações que temos nos dizem que os hominídeos provavelmente comiam outros hominídeos há pelo menos 1,45 milhão de anos", disse Pobiner em entrevista ao Science Alert.

"Existem inúmeros outros exemplos de espécies da árvore evolutiva humana consumindo umas às outras para nutrição, mas este fóssil sugere que os parentes de nossa espécie estavam comendo uns aos outros para sobreviver no passado mais distante do que reconhecemos", prosseguiu.

As marcas

A maioria das marcas encontradas na superfície óssea são lineares curtas e estreitas, como uma trajetória reta e uma seção transversal em forma de 'V' orientada na mesma direção. "As marcas de corte também são todas orientadas da mesma maneira, de modo que uma mão empunhando uma ferramenta de pedra poderia ter feito todas elas em sucessão sem alterar a pegada ou ajustar o ângulo de ataque", dizem os pesquisadores em um comunicado à imprensa.

Os cortes estão todos reunidos na mesma área do osso. Um fato que chama a atenção é que nenhuma marca da ferramenta de pedra se sobrepõe às duas marcas de mordida — o que dificulta o entendimento sobre a ordem em que os eventos ocorreram.

Desta forma, o grande felino pode ter se aproveitado dos restos mortais depois que os hominídeos removeram a maior parte da carne do osso da perna. Assim como o animal pode ter matado a vítima e outros hominídeos podem tê-lo afugentado para ficarem com a carne.

Parece mais provável que a carne desta perna tenha sido comida e que tenha sido comida para nutrição e não para um ritual", disse a pesquisadora. "Então, este fóssil pode ser um traço de canibalismo pré-histórico, mas também é possível que seja o caso de uma espécie comendo seu primo evolutivo."

Afinal, os cientistas encontraram evidências de que pelo menos três espécies de hominídeos viveram na região onde o fóssil foi encontrado há quase 1,5 milhão de anos: o Homo erectus, o Homo Habilis e o Paranthropus boisei.

Ainda não está claro em qual dos grupos a misteriosa vítima se encaixa. A descoberta, no entanto, sugere que em determinado momento pode ter havido uma escassez de alimentos, o que forçou os antigos humanos a consumir tudo o que podiam para sobreviver.