Restos mortais foram encontrados próximo a templo dedicado a deuses cartagineses, indicando possíveis sacrifícios
Éric Moreira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 28/08/2023, às 09h05 - Atualizado às 10h05
Recentemente, moedas de ouro e outros tesouros datados de mais de 2,3 mil anos atrás foram encontrados em meio a escavações na antiga cidade de Cartago, na Tunísia, próximo às ruínas do templo de Tafat El Bony, segundo o Live Science. Porém, o elemento que mais intriga da descoberta foram os restos mortais de bebês prematuros e crianças encontrados.
De acordo com publicação do Ministério de Assuntos Culturais da Tunísia no Facebook, o antigo local, conhecido como "templo da morte de Cartago", teria sido dedicado aos deuses Tanit (da guerra, símbolo da fertilidade, enfermeira e deusa mãe) e Baʿal Hammon (o 'rei dos deuses' para os cartagineses).
Além disso, sobre as moedas — cinco no total —, feitas de ouro, com 2,5 cm de diâmetro e datadas do século 3 a.C., seriam "uma importante descoberta científica e histórica", segundo o próprio Ministério de Assuntos Culturais da Tunísia. Já o professor e pesquisador de Arqueologia Syed Imad bin Jerbaniyah conta que elas "refletem a riqueza do período histórico e afirmam o valor da civilização de Cartago".
Conforme noticiado pela Revista Galileu, no entanto, as moedas encontradas no antigo templo provavelmente foram deixadas ali por alguns dos mais ricos cartagineses antigos, como uma espécie de presente para os deuses.
Embora não seja uma certeza, a descoberta de restos mortais de bebês e crianças dá forças às ideias apresentadas por um estudo publicado em 2014 na Antiquity que atesta que, possivelmente, a prática de sacrifício de crianças tenha sido bastante importante ao longo da formação da antiga civilização cartaginesa.
Está se tornando cada vez mais claro que as histórias sobre o sacrifício de crianças cartaginesas são verdadeiras. Isto é algo que os romanos e os gregos disseram que os cartagineses fizeram e que fez parte da história popular de Cartago nos séculos 18 e 19", comenta Josephine Quinn, uma autora do artigo.
A especialista ainda acrescenta que, por muitos anos, assumiu-se que a narrativa sobre sacrifícios infantis no Cartago era nada mais que uma propaganda racista de gregos e romanos contra a civilização. "O que estamos dizendo agora é que as evidências arqueológicas, literárias e documentais do sacrifício de crianças são esmagadoras e que, em vez de descartá-las imediatamente, deveríamos tentar compreendê-las", continua.
