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Notícias / História

Pergaminhos de 2 mil anos têm conteúdo revelado por IA

Conjunto de pergaminhos é "a única biblioteca que chegou até nós da antiga Época Romana", e era inelegível desde sua carbonização, com a erupção de Pompeia

Éric Moreira Publicado em 06/02/2024, às 12h51 - Atualizado em 08/02/2024, às 18h21

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Registro de um dos pergaminhos - The Digital Restoration Initiative/Universidade do Kentucky
Registro de um dos pergaminhos - The Digital Restoration Initiative/Universidade do Kentucky

Um lote de pergaminhos em papiro de quase 2 mil anos, carbonizado durante a erupção do Monte Vesúvio — aquele que destruiu Pompeia —, teve seu conteúdo parcialmente revelado. Para tanto, os pesquisadores envolvidos no projeto utilizaram de um software com inteligência artificial, provocando o que pode ser considerada uma "revolução na filosofia grega".

+ Relembre a curiosa descoberta do quarto de escravizados em Pompeia

O anúncio da revelação ocorreu na última segunda-feira, 5, como resultado do prêmio do Desafio do Vesúvio. Criado por Brent Seales, cientista computacional da Universidade do Kentucky, em parceria com apoiadores do Vale do Silício, na Califórnia, o desafio tinha como objetivo convidar cientistas para desenvolver algoritmos e softwares para escanear os pergaminhos de papiro, para transformá-los em imagens de alta resolução.

No caso, os vencedores do prêmio foram o trio de pesquisadores Youssef Nader, da Alemanha, Luke Farritor, dos Estados Unidos, e Julian Schillinger, da Suíça. O trio recebeu um prêmio de US$ 700 mil, segundo noticiado pelo portal Tilt, do UOL.

Para o desafio, ao todo, o software criado pelo trio leu cerca de 2 mil cartas, de um lote mantido em uma luxuosa vila romana em Herculano, que foi queimada após a lendária erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C., o mesmo evento que dizimou Pompeia. Os pergaminhos foram escavados ainda no século 18, em uma propriedade atribuída ao sogro do imperador romano Júlio César.

Ainda em outubro, Farritor havia criado um software que conseguiu identificar uma palavra no pergaminho: "πορφύραc", que, em grego antigo, significa "tintura roxa" ou então "roupas roxas", conforme repercutido na época pelo Live Science, o que já lhe rendeu um prêmio de US$ 40 mil em um outro desafio. No mês seguinte, ele se juntou então a Nader e, alguns dias depois, a Schillinger, e foi então que o grupo desenvolveu o algoritmo que revela as imagens de tomografia computadorizada.

Este é o início de uma revolução na papirologia de Herculano e na filosofia grega em geral. É a única biblioteca que chegou até nós da antiga Época Romana", conta Federica Nicolardi, papirologista da Universidade de Nápole Federico II, ao The Guardian.

Textos históricos

Com os novos avanços na descoberta dos conteúdos dos pergaminhos, agora papirologistas e historiadores devem se dedicar a traduzir e decifrar seus conteudos. Acredita-se que, ali, exista inclusive um texto do filósofo e poeta Filodermo de Gadana (110 a.C. - 35 a.C.), um seguidor de Epicuro.

O epicurismo diz olá, com um texto cheio de música, comida, sentidos e prazer!", comenta Nicolardi.

Agora, BrentSeales afirma que vai construir um escâner de tomografia computadorizada portátil, além de treinar alguns algoritmos de inteligência artificial para realizar o trabalho de escanear e traduzir. "Estamos entrando em uma nova era", afirma ao The Guardian.