Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Roma Antiga

Por que construções da Roma Antiga duraram tanto tempo?

Ingrediente misterioso no concreto romano foi identificado por engenheiros, sendo responsável por manter de pé estruturas como o Panteão e o Coliseu

Éric Moreira Publicado em 11/01/2023, às 14h00 - Atualizado em 16/02/2023, às 19h45

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Fotografia do Panteão, estrutura romana feita no ano 128 d.C. - Foto por Michal Osmenda pelo Wikimedia Commons
Fotografia do Panteão, estrutura romana feita no ano 128 d.C. - Foto por Michal Osmenda pelo Wikimedia Commons

Uma viagem pela Europa vislumbra os olhos daqueles que apreciam todas as incontáveis edificações antigas do chamado 'velho continente', que já foi em grande parte composição do glorioso Império Romano. No entanto, diferentemente de construções antigas de outras, alguns locais característicos da Roma Antiga se mantém em pé até os dias de hoje, não somente como obras arquitetônicas para serem apreciadas, como até mesmo recebem visitas, tamanha confiança em suas estruturas.

Sempre foi um grande mistério da engenharia e arquitetura como as antigas construções romanas, muitas vezes datadas de quase 2 mil anos atrás, se mantém em pé até os dias de hoje.

Pensando nisso, pesquisadores dos Estados Unidos, Itália e Suíça se debruçaram sobre o assunto e encontraram finalmente o que pode ser a causa de toda essa durabilidade: uma espécie de "autocura" no concreto que os romanos faziam

Coliseu de Roma, famoso ponto turístico italiano
Coliseu de Roma, famoso ponto turístico italiano / Crédito: Foto por FeaturedPics pelo Wikimedia Commons

Ingrediente secreto

De acordo com a Revista Galileu, a equipe analisou amostras do concreto que os antigos romanos utilizavam em suas construções e, a partir das análises, identificaram pequenas partes brancas, que nada mais eram que clastos de cal.

Em artigo publicado na Science Advances na última sexta-feira, 6, a equipe aponta que, até então, esses clastos eram considerados apenas uma evidência de uma mistura desleixada, mas agora puderam determinar que eles seriam responsáveis por toda essa durabilidade.

O Panteão não existiria sem o concreto como era na época romana. No entanto, é improvável que os romanos estivessem cientes desta química envolvida", aponta o professor de engenharia civil e ambiental do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e principal autor do artigo, Admir Masic, ao The Guardian.

Segundo os pesquisadores, durante muito tempo a durabilidade do concreto romano foi atribuída às cinzas vulcânicas da área de Pozzuoli, na baía de Nápoles — que era enviada a todo o império para uso em construções.

Porém, nas amostras puderam perceber a existência destes clastos de cal, o que despertou curiosidade, visto que ele não é mais encontrado no concreto moderno, mas era sempre presente nos antigos, como apontado em comunicado.

Experimentos

O concreto, por padrão, é uma mistura de cimento, água, areia e pedra ou brita, podendo conter também aditivos químicos que modifiquem suas propriedades básicas.

Porém, os estudos puderam apontar que, durante a produção do concreto romano, a cal em seu formato mais puro era utilizada, em um processo com altas temperaturas e pouca água — conhecido como "mistura quente".

Os benefícios da mistura quente são duplos", explica Admir Masic. "Primeiro, quando o concreto é aquecido a altas temperaturas, ele permite processos químicos que não seriam possíveis se você usasse apenas cal apagada [cal misturado com água], produzindo compostos associados a altas temperaturas que, de outra forma, não se formariam. Em segundo lugar, esse aumento de temperatura reduz significativamente o tempo da cal cicatrizar, pois todas as reações são aceleradas, permitindo uma construção muito mais rápida."

Por fim, os pesquisadores até mesmo testaram a hipótese levantada, produzindo amostras de um concreto semelhante ao utilizado pelos antigos romanos, e outras do concreto moderno.

Então, expuseram-nas à água corrente por 30 dias, mas, surpreendentemente, depois de duas semanas ela já não conseguia mais passar pelo feito com a técnica romana, enquanto passava direto pelo em estilo moderno — daí a chamada "auto-cicatrização" do concreto.

Agora, com a descoberta, os pesquisadores esperam que a antiga técnica de produção de concreto seja considerada e utilizada junto às modernas, de forma a prolongar a vida útil do material. Além disso, esses esforços podem auxiliar na redução de impactos ambientais, visto que a produção de cimento hoje corresponde a 8% das emissões globais de gases do efeito estufa.