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Notícias / Arqueologia

'Raro' texto encontrado na Ilha de Páscoa pode ser caso de escrita independente

Composto por símbolos originais e desconhecidos, texto anterior à chegada dos europeus descoberto na Ilha de Páscoa é considerado indecifrável

Éric Moreira Publicado em 12/02/2024, às 10h22 - Atualizado em 14/02/2024, às 10h50

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Fragmento de texto encontrado na Ilha de Páscoa - Divulgação/Projetos INSCRIBE e RESOLUTION
Fragmento de texto encontrado na Ilha de Páscoa - Divulgação/Projetos INSCRIBE e RESOLUTION

Um feito importante para a humanidade, em várias culturas diferentes, e que marca definitivamente o início da História foi a invenção da escrita de forma independente.

Não são muitas as nações em que isso aconteceu, sendo elas a Mesopotâmia, o Egito, a China e alguns povos de Mesoamérica. No entanto, um artigo publicado no dia 2 de fevereiro na Scientific Reports sugere que essa invenção pode ter surgido também na misteriosa Ilha de Páscoa.

Para quem não se lembra, a Ilha de Páscoa é uma ilha vulcânica localizada na Polinésia, em meio ao Oceano Pacífico, a cerca de 3,8 mil quilômetros de distância da costa do Chile. No entanto, o que mais faz o local famoso são as várias famosas estátuas moai, as grandes cabeças de pedra cravadas no chão. Agora, porém, pode-se dizer que ela também tenha sido palco da criação de um próprio modelo de escrita, o rongorongo.

+ Afinal, as estátuas moai da Ilha de Páscoa têm corpos?

Estátuas moai na Ilha de Páscoa / Crédito: Foto por Horacio_Fernandez pelo Wikimedia Commons

Considerados até hoje indecifráveis, os textos nessa língua, preservados em diversos objetos de madeira dos antigos habitantes da Ilha de Páscoa, são escritos com símbolos pictóricos, que representam principalmente imagens como o corpo humano, animais, plantas, ferramentas e mesmo corpos divinos.

Descobrir um sistema de escrita em um local tão remoto é surpreendente, e ainda há debates quanto a sua origem", pontuam os pesquisadores envolvidos no artigo. "Esses glifos pictóricos não se parecem com nenhuma outra escrita conhecida."

A partir de uma datação por radiocarbono, de acordo com a Revista Galileu, foi concluído que quatro tábuas de madeira datavam do final do século 15 ou começo do 16. "A datação da madeira da tábua não necessariamente indica a data da inscrição, mas, dadas as circunstâncias de conservação, não podemos supor uma data muito posterior àquela em que a madeira utilizada para a tábua foi cortada", explica Silvia Ferrara, da Universidade de Bolonha, na Itália, em nota.

Feito especial

Uma escritura que merece destaque, sendo possivelmente a mais antiga do local, é datada de um período entre os anos 1493 e 1509, ou seja, ainda antes da chegada dos europeus na Ilha de Páscoa (o que ocorreu por volta do ano 1720).

Logo, pode-se afirmar que a população local da Ilha de Páscoa pode ter criado um sistema próprio de escrita, sem a influência de povos estrangeiros, de forma a se juntar a um grupo bem exclusivo de nações a realizarem tal feito.

Dessa forma, esse seria o registro mais recente de invenção independente de código de escrita na história da humanidade. "Sua singularidade exige uma consideração cuidadosa e mais estudos são necessários para compreender seu significado em um contexto mais amplo", pontuam os pesquisadores, mas "diante das circunstâncias de preservação, não podemos assumir uma data de inscrição muito mais tardia."

Embora quatro escrituras datem da transição do século 15 para o 16, ainda foram encontradas na Ilha de Páscoa outras três escrituras, datadas do século 19, posteriores à chegada dos europeus na região.

Ainda assim, não é descartada a possibilidade de uma escrita independente ter sido criada por ali. "Historicamente, se você adota um sistema de escrita, você o mantém o mais próximo possível do original", explica Silvia Ferrara ao Live Science, apontando que o sistema de escrita rongorongo é diferente de outros já conhecidos pelo mundo.