Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Arqueologia

Túmulo neolítico de 5,5 mil é encontrado com corpos sem crânios na Suécia

Com mais de 5 mil anos, tumba neolítica é uma das mais antigas já descobertas no país, e contém restos mortais de pelo menos 12 pessoas — muitos sem seus crânios

Éric Moreira Publicado em 31/01/2024, às 09h06

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Câmara mortuária neolítica descoberta na Suécia - Divulgação/Karl-Göran Sjögren
Câmara mortuária neolítica descoberta na Suécia - Divulgação/Karl-Göran Sjögren

Arqueólogos desenterraram na região central da Suécia uma impressionante câmara de pedra com 5,5 mil anos, onde foram encontrados vários sepultamentos datados do período Neolítico Inferior. No entanto, uma peculiaridade sobre o local chama ainda mais atenção: muitos dos ossos maiores daqueles restos mortais, incluindo fêmures e crânios, não foram encontrados no local.

Os pesquisadores sugerem que os ossos não tenham sido simplesmente perdidos, mas sim removidos ainda quando os mortos foram depositados ali. Logo, a peculiaridade da descoberta pode se relacionar às tradições do local e da época, mas ainda não há qualquer confirmação desta hipótese.

+ Crânios humanos e restos de cabra revelaram comportamentos de povos do Neolítico

Isso difere do que normalmente vemos em sepulturas megalíticas. Normalmente, os ossos que faltam são ossos menores dos pés e das mãos", conta em comunicado o arqueólogo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e primeiro autor de novo estudo sobre a descoberta, Karl-Göran Sjögren. "Não sabemos se isso tem a ver com rituais funerários ou o que está por trás disso."

Conforme repercutido pela Live Science, a câmara de pedra foi encontrada no verão de 2023 próxima à vila de Tiarp, na região da cidade de Falköping, localizada a 114 quilômetros de Gotemburgo, durante a escavação de um dólmen — espécie de tumba pré-histórica feita de várias pedras grandes. A descoberta foi descrita em um estudo publicado no dia 22 de dezembro de 2023 no Journal of Neolithic Archaeology.

+ Dólmen de Menga foi um feito extraordinário no Neolítico, diz estudo

Vale mencionar que o dólmen de Tiarp, conforme dizem os arqueólogos envolvidos nas escavações, foi construído por volta do ano 3.500 a.C., sendo assim um dos mais antigos do país. Porém, existem evidências de sepulturas ainda mais antigas no país, incluindo uma que se estima poder ter até 8 mil anos.

Descoberta

Na câmara recém descoberta, foram desenterrados ossos de mãos, pés, fragmentos de costelas e dentes de pelo menos 12 pessoas, com idades variadas. No entanto, alguns crânios e ossos maiores, como de coxas e braços, não estavam em meio aos restos mortais.

No estudo, também é descrito que o túmulo está intocado desde a Idade da Pedra — ou seja, ainda antes de os antigos humanos começarem a fundir metais —, portanto, os ossos desaparecidos podem ter sido removidos antes mesmo dos enterros, ou pouco depois. 

Não vimos nenhum ferimento nas pessoas enterradas, por isso não acreditamos que haja violência envolvida", afirma Sjögren. "Mas continuamos a estudar o seu DNA e isso irá mostrar se eles tinham alguma doença".

Além disso, os especialistas explicam que tais análises revelarão se aqueles indivíduos eram parentes ou não.

Fotografia tirada em meio às escavações do túmulo neolítico de Tiarp / Crédito: Divulgação/Karl-Göran Sjögren

Por fim, é relevante mencionar que a região em que a descoberta foi feita já é conhecida por seus diversos túmulos neolíticos; porém, o dólmen de Tiarp é ainda mais antigo, sendo "cerca de 200 a 150 anos mais antigo que as sepulturas de passagem, o que o torna uma das câmaras funerárias de pedra mais antigas da Suécia e de toda a Escandinávia", aponta o pesquisador.

Além disso, é descrito que as primeiras técnicas agrícolas chegaram na região aproximadamente 500 anos antes da construção do túmulo, logo, possivelmente aquelas pessoas enterradas já fossem agricultores — o que condiz com uma análise química dos ossos, que indica que eles viviam em uma espécie de sociedade agrária. "Eles viviam do cultivo de grãos e da criação de animais, e consumiam laticínios", finaliza Sjögren.