Trabalho feito por equipe internacional, que conta com dois brasileiros, traz de ‘volta a vida’ o jovem Rei Tut; veja!
Tutancâmon ascendeu ao trono em 1341 a.C., quando tinha entre nove e dez anos. Filho de Aquenáton, o Rei Tut morreu em 1333 a.C., quando tinha por volta dos 17 ou 19 anos. Os restos mortais do faraó menino só foram encontrados em 1922, por Howard Carter.
Agora, mais de 3.300 anos depois, Tutancâmon 'volta a vida' através de um trabalho de reconstrução facial feita por acadêmicos da Austrália, Itália e do Brasil, que se baseiam em dados da literatura biomédica e egiptológica.
O resultado do estudo foi divulgado em artigo disponível na plataforma ResearchGate. A equipe de brasileiros conta com o designer 3D Cícero Moraes e Thiago Beaini, professor de Odontologia Legal na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
+ Cícero Moraes, o brasileiro que dá vida ao passado através de reconstruções faciais
A reconstrução facial de Tutancâmon revela o rosto jovem e delicado, que se parecia muito mais um adolescente do que um próprio rei quando morreu. "Para mim, ele parece um jovem com um rosto delicado", diz Moraes ao Daily Mail.
Olhando para ele, vemos mais um jovem estudante do que um político cheio de responsabilidades, o que torna a figura histórica ainda mais interessante", continua.
Como a equipe internacional não tinha acesso ao crânio do faraó, os especialistas tiveram um grande desafio pela frente, superado com a ajuda de estudos anteriores que já haviam dado detalhes das medidas do crânio de Tut e publicado imagens que foram usadas de referência.
"Foi um trabalho de detetive, onde traços de informações foram concatenados para nos fornecer um modelo tridimensional do crânio", explica o brasileiro. "Com os dados de proporção e algumas medidas cefalométricas importantes, foi possível pegar o crânio digital de um doador virtual e ajustá-lo para que se tornasse o crânio de Tutancâmon".
Com isso foi possível recriar "o tamanho dos lábios, a posição dos globos oculares, a altura das orelhas e o tamanho frontal do nariz", conta Cícero. Todas as projeções, importante ressaltar, foram baseadas em estudos estatísticos realizados em tomografias computadorizadas de indivíduos vivos de vários ancestrais diferentes.
Desta forma, marcadores foram aplicados ao crânio, o que indicava a espessura dos tecidos moles em vários lugares do rosto — tudo isso usando dados dos egípcios modernos como guia.
Através de outras técnicas, a face foi sendo gradualmente reconstruída. Posteriormente, elementos subjetivos, como a cor dos olhos, foram adicionados para humanizar ainda mais o estudo.
Esta, porém, não é a primeira vez que cientistas tentam reconstruir a face do Rei Tutancâmon. Em 2005, outra tentativa foi feita. Michael Habicht, egiptólogo e arqueólogo da Flinders University, na Austrália, co-autor do novo estudo, revela semelhanças entre as duas reconstruções.
"Nossa reconstrução é incrivelmente próxima da feita por uma equipe francesa há alguns anos", aponta. "Também corresponde com as antigas representações de Tutancâmon, especialmente com a cabeça na flor de lótus de seu tesouro túmulo".
Já Moraes demonstra satisfação por eles criarem uma boa imagem do faraó em vida. "Diante dos estudos que desenvolvemos com dados de pessoas vivas, comparando projeções com medições reais, estamos confiantes de que há boa compatibilidade com a face real na estrutura geral".
Entrei como uma pessoa que apreciava o antigo Egito e saí agora como um verdadeiro fã desta impressionante cultura, cheio de vontade de estudar mais e trazer à luz outros pedaços de sua fantástica história", encerra.
