Com bloqueio aéreo à Terra Yanomami, tanto garimpeiros quanto indígenas sofrem com poucos alimentos e poluição
Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 06/02/2023, às 08h57
Atualmente, a Terra Indígena Yanomami enfrenta uma das piores crises de sua história: além de a região ter sido vastamente poluída devido a ação do garimpo ilegal, agora ela também sofre com um bloqueio aéreo que impede a chegada de alimentos, que serviriam não somente para esses trabalhadores, como também para indígenas que vivem ali.
Ao longo da última semana, uma série de vídeos foram compartilhados por esses garimpeiros, onde relatam enfrentar caminhadas de até 30 dias no meio das florestas, e barcos lotados com rumo à áreas urbanizadas. Além do mais, de acordo com o UOL, existem também muitos doentes em meio a essas pessoas, e mulheres que frequentavam os garimpos para cozinhar ou se prostituir.
O local, como já mencionado, até então era abastecido por aeronaves, mas o bloqueio aéreo impede a chegada de alimentos ali. Em um dos registros de vídeo, um garimpeiro afirma haverem ao menos 30 pessoas nos abrigos improvisados, todas dividindo o alimento que obtinham.
Articulador político do Movimento em Roraima, Jailson Mesquita afirma ainda que é imprescindível que as pessoas presas no estado sejam resgatadas com urgência, afirmando ainda que os garimpeiros querem ajuda para sair do local de forma pacífica: "Precisamos de uma resposta urgente do governo federal para os garimpeiros ficarem em determinado local em lugar de andarem pela floresta, pois correm risco e entram em confronto com indígenas", afirmou, de acordo com o UOL, quando questionado sobre o tema.
A Terra Yanomami é considerada a maior reserva indígena do Brasil, com uma área total prevista em cerca de 10 hectares (100 mil metros quadrados), que abrigam 371 comunidades e quase 30 mil pessoas. Atualmente, porém, foi denunciado que a área vinha sofrendo, há meses, com a exploração ilegal de minérios, que provocou grande poluição nos rios e diminuição considerável na área habitável, sendo essa uma das maiores crises humanitárias e sanitárias do país na última década.
A fim de solucionar os problemas, ações de desintrusão devem ser coordenadas nos próximos 60 dias pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para combater o garimpo ilegal, além de socorrer tanto indígenas quanto garimpeiros que sofrem sem quaisquer auxílios na região.
