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Peste bubônica, um pesadelo dormente

A peste se escondeu por séculos até atacar de novo

Fabio Marton Publicado em 11/03/2016, às 11h11 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h35

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A peste retratada no século 14 - divulg
A peste retratada no século 14 - divulg
A peste negra, que varreu até 60% da população europeia no século 14, é bem conhecida. O que nem todo mundo sabe é que outros surtos de peste atingiram o continente nos séculos seguintes, com consequências locais, mas igualmente catastróficas. 
Um deles foi o surto de Marselha de 1720, que matou 50 mil dos 90 mil habitantes da cidade na época. Depois do desastre medieval, os Europeus tinham instituído medidas preventivas: havia um hospital público e um conselho de saneamento em Marselha, capaz de impor quarentenas. Isso aconteceu com o navio Grand-Saint-Antoine, saído do Líbano, que ficou parado no porto após a notícia de que seus passageiros estavam morrendo. Não adiantou nada: a peste atingiu a cidade em dias, os corpos se acumularam pelas ruas e o governo de Paris teve que construir um muro cercando tudo, estabelecendo a pena de morte para quem saísse. 
Pode ser que o navio fosse inocente e a história seja bem mais sinistra. Um estudo do Instituto Max Planck, na Alemanha, revelou que o DNA do bacilo Yersinia pestis encontrado nas ossadas da época do surto tem características bastante peculiares. “Para nossa surpresa, a peste do século 18 parece ser uma forma que não estava mais circulando, e descende direto da doença que entrou na Europa durante a peste negra, muitos séculos antes”, afirma Alexander Herbig, um dos cientistas envolvidos. 
Isto é, de alguma forma, em algum lugar, a peste bubônica se manteve dormente por 374 anos. “É um pensamento assustador a peste ter ficado escondida ao redor da Europa, vivendo em um reservatório ainda desconhecido”, afirma Johannes Krause, diretor do Departamento de Arqueogenética do Instituto Max Planck.
Reservatório é um animal selvagem que hospeda os micro-organismos causadores de uma doença sem desenvolvê-la, impedindo que ela seja erradicada. A própria peste, segundo outro estudo, apareceu depois de se manter dormente na Ásia em gerbils, ou esquilos-da-mongólia. Em que bicho ela se escondeu na 
Europa – e se continua escondida – ainda está por ser descoberto.