Novo filme do renomado Martin Scorsese investiga uma série de assassinatos de indígenas nos Estados Unidos da década de 1920
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 02/10/2023, às 15h56 - Atualizado em 24/01/2024, às 16h09
Disponível no Apple TV+, o filme do renomado cineasta Martin Scorsese: 'Assassinos da Lua das Flores' chama atenção.
"O ano é 1920, na região norte-americana de Oklahoma. Misteriosos assassinatos acontecem na tribo indígena de Osage, uma terra rica em petróleo. O caso foi investigado pelo FBI, a agência que tinha acabado de ser criada na época. Os assassinatos dados a partir de circunstâncias misteriosas na década de 1920, assolando os membros da tribo Osage, acaba desencadeando uma grande investigação envolvendo o poderoso J. Edgar Hoover, considerado o primeiro diretor do FBI", destaca a sinopse.
O filme, no caso, é inspirado no livro não-ficcional 'Killers of the Flower Moon: The Osage Murders and the Birth of the FBI' ('Assassinos da Lua das Flores: Os Assassinatos de Osage e o Nascimento do FBI', em tradução para o português), escrito por David Grann, e publicado em 2017. Sabendo disso, separamos cinco coisas que você deve saber antes de assistir ao filme.
Ambientado em uma Oklahoma da década de 1920, em um contexto pós-Marcha para o Oeste, muitos elementos do longa podem lembrar os antigos faroestes — ou 'westerns' —, histórias ambientadas no Velho Oeste dos Estados Unidos que acompanham cowboys ou pistoleiros.
No entanto, Lily Gladstone, atriz que dará vida à Mollie Burkhart no filme, negou em entrevista à edição de agosto da Empire que 'Assassinos da Lua das Flores' seja o "faroeste de Scorsese":
Muitas pessoas estão realmente querendo chamar isso de ‘faroeste de Martin Scorsese’. Com os nativos e os ocidentais, somos tão desumanizados que parece que fazemos parte da paisagem – em vez de humanos que contam uma história", disse. Ainda na entrevista, ela se refere ao filme como "uma grande tragédia americana".
O filme investiga uma série de assassinatos de indígenas Osage, que ocorreram sob circunstâncias misteriosas. O que nem todo mundo sabe, é que essa história é baseada em um acontecimento real, no que ficou conhecido como "Assassinatos dos índios Osage", uma das histórias de crimes reais mais chocantes dos Estados Unidos.
Na vida real, os responsáveis pelos crimes foram identificados e presos, no que foi a primeira grande investigação de assassinato na história do FBI. Os responsáveis pelos eventos foram, para a surpresa geral na época, William Hale — um rico e influente fazendeiro da região, interpretado por Robert De Niro no longa —, tio de Mollie, bem como o marido da mulher, Ernest Burkhart.
Em 'Assassinos da Lua das Flores', Leonardo DiCaprio carrega outro fato importante: o ativismo em prol dos povos indígenas. DiCaprio revelou em entrevista ao The Hollywood Reporter que, durante o trabalho, sempre procurou melhorar a representação dos nativos-americanos a partir dos rascunhos iniciais do roteiro, acreditando que, no começo, os membros da equipe de produção "não estavam imersos na história dos Osage".
Percebendo a importância de se contar aquela história, DiCaprio enxergou no filme uma forma de retratar o "passado conturbado de Hollywood em sua representação do povo nativo americano". "É uma parte completamente esquecida da história americana e uma ferida aberta que ainda inflama. [...] estamos caminhando para um grande acerto de contas sobre nosso passado", disse o ator.
'Assassinos da Lua das Flores' é o 27º filme dirigido na carreira de Martin Scorsese, hoje com 80 anos e muitos trabalhos de sucesso. E é claro que com tanta experiência, muitos imaginam que a produção do filme foi rápida.
A verdade é que o trabalho para conceber o novo filme começou há bastante tempo, especificamente, 6 anos. A justificativa para a demora, por sua vez, é a mesma que já pudemos ver em vários outros filmes, de vários diretores: a pandemia de covid-19. Como resultado, ele só pôde começar a ser filmado em abril de 2021.
Como a narrativa de 'Assassinos da Lua das Flores' acompanha principalmente um trauma na história dos Osage, muitos acreditam que seria interessante que o longa fosse contado a partir da perspectiva desses nativos-americanos.
Por isso, a mão de Scorsese sobre o filme foi a razão para receio de algumas pessoas. Assim, o diretor não deixou de incluir os próprios Osage na produção. Em publicação no X, antigo Twitter, o ex-chefe principal da nação Osage, Jim Gray contou que forneceu contexto adicional para a produção.
Ao contatar de maneira direta Scorsese, de acordo com a Collider, o roteiro pôde ser reescrito e, assim, o foco do filme deixou de ser o FBI, e se tornou efetivamente os Osage.
"Essas mudanças aproximaram o Osage do cerne da história do que do nascimento do FBI. O chefe nomeado representantes para consultar os cineastas e ofereceram a reserva para filmar o filme no local, usar nossos falantes de idiomas, contratar nosso pessoal na frente e atrás das câmeras. Consultores culturais que trouxemos para trazer o modo de vida Osage para o filme", escreveu.
