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Matérias / Álbum de retratos

Álbum de retratos do século 19 está mais perto que nunca de ser desvendado

O estudo do artefato foi dificultado no passado por sua contaminação com uma substância venenosa; entenda!

Ingredi Brunato Publicado em 19/04/2023, às 19h31

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O livro de retratos - Divulgação/ National Portrait Gallery
O livro de retratos - Divulgação/ National Portrait Gallery

Antes da invenção e popularização da fotografia, era necessário recorrer ao trabalho de artistas para a realização de retratos. A pintura, todavia, que era frequentemente usada por membros da realeza e outras figuras importantes, não era a única maneira que alguém poderia ter sua imagem registrada para a posteridade. 

Uma alternativa muito mais barata era executada, por exemplo, por William Bache, que criava de silhuetas de papel para representar indivíduos. Itinerante, o artista teria ido de porta em porta nos Estados Unidos e em Cuba a fim de procurar aqueles que se interessassem por seus serviços. 

Para criar quatro cópias da silhueta do cliente, ele cobrava uma quantia que, se ajustada à inflação atual, equivale a cinco dólares (ou aproximadamente 25 reais). Bache também mantinha um registro de cada trabalho para si mesmo, o que resultou em um extenso álbum de retratos. 

O que é a relíquia? 

O curioso artefato do século 19, que hoje pertence ao catálogo do National Portrait Gallery, um museu de arte localizado na cidade norte-americana de Washington, possui cerca de 2 mil dessas figuras de papel. 

Algumas delas são reconhecíveis como as silhuetas de pessoas famosas, como George Washington e Thomas Jefferson, que são, respectivamente, o primeiro e terceiro presidente dos EUA. A maioria, todavia, pertence a pessoas comuns que teriam simplesmente pago o artista a fim de terem seu perfil desenhado por ele.  

Conforme informações apuradas pela CNN, para alcançar um resultado o mais próximo da realidade o quanto possível, Bache usava um dispositivo mecânico de fisionotraço que chegou a patentear em seu nome e no de dois parceiros, Augustus Day e Isaac Todd. Devido à perda desses documentos, todavia, não sabemos exatamente como seria a máquina empregada pelo homem. 

Antes dele, uma técnica comum para a realização de silhuetas era aquela em que o modelo ficava entre uma vela e um pedaço de papel onde era projetada sua sombra, por vezes tendo seu rosto segurado no lugar por estruturas de madeira.

Ilustração mostrando a técnica / Crédito: Domínio Público/ Yale Center for British Art 

A versão de William, por sua vez, supostamente teria maior precisão que métodos anteriores, e tudo sem tocar o rosto do cliente, de acordo com escritos pertencentes a Todd.

Mistério

Desde que o álbum passou para as mãos do museu de Washington, especialistas da entidade buscam descobrir quem são as pessoas que tiveram suas sombras gravadas pelo artista, usando para isso diversos bancos de dados sobre nascimentos, casamentos, mortes, imigrações e árvores genealógicas.

Bache atribuía um número a cada figura, mantendo um índice no final do livro que trazia informações a respeito do indivíduo, porém sua organização teria ficado mais precária ao longo dos anos, até chegar ao ponto que inúmeras silhuetas simplesmente foram deixadas sem qualquer identificação, ainda de acordo com a CNN. Para piorar, mesmo no caso daquelas que contavam com dados, eles eram difíceis de entender devido a uma caligrafia menos legível. 

O estudo do objeto histórico teria sido dificultado ainda pelo fato que, em 2008, foi descoberto que suas páginas e encadernação estariam contaminadas por arsênico, uma substância altamente tóxica para o organismo humano. 

Não se sabe como o artefato acabou entrando em contato com o elemento químico, mas a ocorrência da contaminação não é uma surpresa tão grande quando se leva em conta o quão comum era a presença de arsênico nos mais diversos produtos do século 19, quando ainda não sabíamos de sua toxicidade. 

Aqueles que desejassem manusear o álbum sem serem expostos ao veneno, portanto, precisavam usar equipamentos de segurança apropriados. Felizmente, agora isso não é mais necessário: isso pois suas páginas foram recentemente digitalizadas como parte da iniciativa "The Paper Project" ("O projeto papel", em tradução livre), do Getty Museum. 

Algumas das silhuetas de Bache / Crédito: Divulgação/ National Portrait Gallery 

Assim, as quase 2 mil silhuetas criadas por William Bache estão disponíveis na internet para quem quiser visualizá-las. Até aqui, os pesquisadores já conseguiram descobrir as identidades de centenas de retratos, mas, com a ajuda do público, é possível que o álbum finalmente seja desvendado por completo. 

Para conferir a versão virtual da relíquia, clique aqui.