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Matérias / Roma Antiga

As peculiares armadilhas descritas por Júlio César descobertas na Alemanha

Estacas de madeira que circundavam acampamentos militares romanos foram encontradas sob campo de grãos na Alemanha; confira!

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 20/03/2023, às 16h28 - Atualizado em 24/03/2023, às 19h45

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Júlio César por Clara Grosch // Armadilha romana descoberta na Alemanha - Domínio Público via Wikimedia Commons / Divulgação/Universidade de Frankfurt/Frederic Auth
Júlio César por Clara Grosch // Armadilha romana descoberta na Alemanha - Domínio Público via Wikimedia Commons / Divulgação/Universidade de Frankfurt/Frederic Auth

O Império Romano não só foi um dos mais importantes e influentes de toda a história da humanidade, como também um dos mais extensos territorialmente que o mundo já presenciou: ao todo, em seu auge, estendeu-se por mais de 5 mil km, indo desde o oceano Atlântico na costa norte da Grã-Bretanha, passando por grande parte da Europa, pelo mar Negro e pelo mar Vermelho, e indo até a costa atlântica no norte da África.

Assim, estranha-se menos a informação de que, entre os países que atualmente se encontram onde antes havia domínio romano, está a Alemanha — afinal, seu idioma tem origem germânica indo-europeia, e não do latim, que era falado em Roma. E, recentemente, um indício muito importante da presença romana no país foi encontrada, na cidade de Bad Ems; e mais impressionante ainda: relacionada a escritos de um dos mais importantes imperadores, Julio César. Confira!

'Julius Caesar' (1892), de Clara Grosch
'Julius Caesar' (1892), de Clara Grosch / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Fosso de acampamento

Em 2016, um caçador de monumentos detectou uma variação de cor em um campo de grãos na região do município de Bad Ems — região esta que abriga, há vários anos, uma escavação de ensino arqueológico relacionada ao Império Romano administrada pela Universidade de Frankfurt, em cooperação com o estado federal da Renânia-Palatinado —, na Alemanha. 

Como já conhecia esse tipo de vestígio, o homem notou que aquilo poderia se tratar de um indício de estruturas subsuperficiais. Então, com o auxílio de um drone, uma foto daquela elevação, chamada “Ehrlich”, reforçou a teoria de que aquele lugar teria sido, no passado, atravessado por uma trilha.

Porém, quando arqueólogos foram investigar o local, perceberam que aquilo não era uma trilha, e sim um fosso duplo que emoldurava um grande acampamento romano. Além do mais, conforme a progressão dos estudos ali, também foi confirmado que aquela construção nunca foi, de fato, finalizada.

Estima-se que ali teriam vivido cerca de 3 mil soldados, que dormiam em tendas. Por fim, algumas outras marcas de queimadura também indicaram que o acampamento, depois de alguns anos, teria sofrido com um incêndio que, até hoje, não foi desvendado como teria começado.

Segundo acampamento

Posteriormente, os pesquisadores identificaram um segundo acampamento cerca de 2 km em linha reta do outro lado do vale Ehrlich, sendo este muito menor que o primeiro. Este, porém, já foi analisado anteriormente, quando escavações de 1897 descobriram minério de prata processado, o que levantou a hipótese de que ali teria existido, no passado, uma fundição romana.

Porém, com a descoberta mais recente, a teoria foi negada. Os arqueólogos apontaram que ali havia, na verdade, uma torre de vigia de um pequeno acampamento militar de apenas cerca de 40 homens — tendo sido este lugar também incendiado.

Foi neste segundo acampamento que uma equipe de estudantes liderada pelo arqueólogo Frederic Auth realizou a descoberta mais instigante: a princípio, pareciam apenas alguns pedaços de madeira que ficaram preservados sob a terra úmida. Porém, um estudo mais aprofundado revelou que aquilo poderia ser o primeiro indício já descoberto da tecnologia militar defensiva romana que era descrita pelo antigo imperador Julio César, no passado.

Os pedaços de madeira, no caso, eram como uma antiga versão do que hoje são os "arames farpados", segundo a Revista Galileu. As estruturas só foram encontradas no penúltimo dia das escavações, juntamente a uma moeda que teria sido cunhada no ano 43 d.C.

Antigo "arame farpado" romano de madeira descoberto na Alemanha
Antigo "arame farpado" romano de madeira descoberto na Alemanha / Crédito: Divulgação/Universidade de Frankfurt/Frederic Auth

Abandonados?

Uma semelhança notada entre os dois acampamentos foi que ambos teriam sido abandonados antes mesmo que estivessem concluídos. E tentando responder à questão levantada, do porquê de os locais serem deixados, os arqueólogos encontraram uma possível pista nos escritos do historiador romano Tácito, como aponta comunicado da Universidade de Frankfurt.

Segundo os escritos do antigo especialista, durante o período em que Roma era governada por Curtius Rufus, aconteceram diversas tentativas frustradas de se extrair minério de prata na região onde hoje fica Bad Ems, com um rendimento muito baixo. Por isso aqueles acampamentos teriam sido simplesmente abandonados.

E a presença de militares também não era à toa: eles estavam ali porque, de fato, temiam saques e ataques de invasores, ainda mais por acreditarem piamente na presença de prata no local. "Para verificar essa suposição, no entanto, mais pesquisas são necessárias", afirma no comunicado o professor Markus Scholz, também envolvido nos estudos.