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Matérias / Crimes

'Assassinato nas Profundezas': O assassinato de uma jornalista que virou produção da Netflix

Em 2017, a jornalista Kim Wall desapareceu após uma entrevista dias antes de se mudar para Pequim

Fabio Previdelli Publicado em 09/10/2022, às 06h00 - Atualizado em 27/10/2022, às 09h44

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Cena do documentário 'Submersa: O Desaparecimento de Kim Wall' - Divulgação/HBO Max
Cena do documentário 'Submersa: O Desaparecimento de Kim Wall' - Divulgação/HBO Max

No dia 10 de agosto de 2017, a jornalista Kim Wall promovia com seu parceiro, Ole Stobbe, uma festa de despedida em Copenhague, na Dinamarca. Os dois se mudariam seis dias depois para Pequim. 

Antes da festa, porém, Kim havia recebido uma mensagem de texto de Peter Madsen, empresário dinamarquês com quem ela já tentava contato desde o início do ano. Madsen havia lhe convidado para seu submarino, o UC3 Nautilus, onde concordou em conceder a solicitação. 

Kim combinou o encontro por volta das 19 horas (do horário local) e prometeu que o bate-papo não duraria mais que duas horas. O submarino nunca retornou ao porto, e Stobbe ligou para a polícia, informando o desaparecimento da parceira, por volta de 1h43 da manhã seguinte. 

O empresário Peter Madsen/Crédito: Joi Ito via Wikimedia Commons

O Nautilus foi avistado na Baía de Køge, no sudoeste de Amager, pelo farol de Drogden, às 10h30 naquele mesmo dia. Entretanto, às 11 horas, o mesmo havia afundado, reportou uma matéria da BBC na época. 

No dia 21 de agosto, um ciclista encontrou o torso de Wall em uma praia na região. Um exame post-mortem apontou que a jornalista havia sido esfaqueada por 14 vezes apenas na região pélvica, noticiou a ANSA. 

Semanas depois, outras partes do corpo foram identificadas, desta vez com a ajuda de cães farejadores. Mergulhadores da polícia também localizaram dois sacos plásticos na Baía de Køge — eles continham a cabeça, pernas e roupas da jornalista. 

Até então, a polícia dinamarquesa acreditava que o caso poderia ter ligação com outro assassinato, este ocorrido na Escandinávia. Em 1986, Kazuko Toyonaga, de 22 anos, foi morto em condições semelhantes, mas o crime nunca foi resolvido. 

O ponto de virada

A essa altura, Madsen já havia sido preso acusado de homicídio culposo. Em um primeiro momento, o empresário declarou ter deixado Kim Wall em terra firme, mas pouco depois admitiu ter jogado seu corpo no mar após ela morrer acidentalmente a bordo do Nautilus. 

Em 5 de setembro, Peter Madsen testemunhou, em uma audiência no Tribunal dinamarquês, que a jornalista morreu após ter sofrido um golpe na cabeça pela tampa da escotilha do submarino.

Porém, conforme a Reuters, a acusação contra o empresário informou que a polícia identificou vídeos em seu computador que mostravam mulheres sendo assassinadas. Além disso, testemunhas disseram que o viram assistindo vídeos de decapitação e de práticas de sexo por asfixia. 

Cena de Assassinato nas Profundezas/ Crédito: Divulgação/ Netflix

O promotor Jakob Buch-Jepsen disse ao tribunal que nenhum vestígio do DNA de Madsen foi encontrado no corpo de Wall. Em contrapartida, alegou que "vestígios de sêmen foram identificados na cueca que Madsen estava usando após a prisão". Sob interrogatório, ele negou ter ejaculado enquanto estava com Wall

Uma necrópsia foi feita na cabeça da jornalista, mas não foi possível determinar a causa de sua morte. Mas tudo mudou depois que o empresário admitiu ter desmembrado seu corpo. Ainda negando que tenha a matado. 

Desta vez, ele deu outra versão, apontando que gases venenosos de exaustão entraram no submarino, enquanto ele estava no convés, o que poderia ter asfixiado Kim. Exames no torso da jornalista também não mostraram sinais compatíveis com essa versão. Kim Wall realmente apresentava lesões causadas por asfixia, mas devido a um estrangulamento.

Em 16 de janeiro de 2018, Madsen foi acusado de assassinato, manipulação indecente de um cadáver e agressão sexual. A promotoria o acusou de ter torturado Wall antes de matá-la e cortar sua garganta. Como consequência, em 25 de abril de 2018, ele foi condenado por todas as três acusações e sentenciado à prisão perpétua. 

Em setembro de 2020, um documentário dinamarquês exibiu pela primeira vez um depoimento de Peter Madsen confessando publicamente o assassinato da jornalista. Ao ser questionado por uma jornalista sobre o crime, ele disse: “só há um culpado, e sou eu”.

O caso explicado 

O caso foi retratado em ‘Assassinato nas Profundezas’, lançado mundialmente no último dia 30 de setembro pela Netflix. Dirigido por Emma Sullivan, o filme resgata imagens de Madsen, seus amigos e estagiários, que estavam sendo filmados para documentar sua missão de lançar um foguete ao espaço usando seu submarino como centro de comando.

O crime também foi esmiuçado na minissérie documental 'Submersa: O Desaparecimento de Kim Wall', produzida pela HBO Max. Dividida em dois episódios, de uma hora de duração, a produção é dirigida por Erin Lee Carr.