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Matérias / Animais

Baleias azuis estão se reproduzindo com outras espécies, aponta estudo

Novo estudo que analisa genomas de baleias azuis do Oceano Atlântico aponta níveis “inesperadamente elevados" de DNA de baleias-comuns; entenda!

Éric Moreira Publicado em 06/02/2024, às 09h39 - Atualizado em 12/02/2024, às 16h44

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Fotografia ilustrativa com uma baleia - Foto de shadowfaxone pelo Pixabay
Fotografia ilustrativa com uma baleia - Foto de shadowfaxone pelo Pixabay

Capazes de atingir até 34 metros de comprimento, sendo três vezes maiores que um ônibus escolar, por exemplo, as baleias-azuis (Balaenoptera musculus) são facilmente um dos animais mais impressionantes do planeta, sendo o maior ser vivo até os dias atuais.

Ameaçadas de extinção, recentemente uma nova razão vem chamando a atenção para estes animais tão relevantes no meio científico: elas estão acasalando e procriando com outras espécies de baleia, além de seus próprios híbridos.

Esse fato foi descrito em um novo estudo publicado no dia 6 de janeiro na revista Conservation Genetics. Nele, são analisados genomas de baleias-azuis da subespécie B. musculus musculus, do Atlântico Norte, a fim de se encontrar sinais de endogamia, relação entre indivíduos "parentes", o que poderia impedir a recuperação deste grupo — lembrando que, desde o início do século 20, elas vem sendo ameaçadas de extinção.

De acordo com o Live Science, para o estudo, os investigadores criaram um genoma para os B. m. musculus, juntando partes de DNA de diferentes indivíduos. Com esse modelo genético em mãos, a equipe comparou-o com os genomas — completos ou parciais — de outros 31 indivíduos desta subespécie. Foi então que os pesquisadores descobriram que cada uma das baleias analisadas, surpreendentemente, tinham também algum DNA — cerca de 3,5%, em todo o grupo — relacionado às baleias-comuns (Balaenoptera physalus) em seus genomas.

Já é de conhecimento da comunidade científica há bastante tempo que as baleias-azuis e as baleias-comuns eram capazes de se reproduzir e de originar híbridos, mesmo com a grande diferença em seus tamanhos — baleias-azuis podem ser até 85 toneladas mais pesadas, em média. Esses híbridos, vale mencionar, são chamados de baleias "fluidas", parecendo-se geralmente com baleias-comuns bem maiores, com coloração e mandíbulas semelhantes às de baleias-azuis, segundo um estudo publicado em 2021.

Até recentemente, porém, acreditava-se que os híbridos eram inférteis, da mesma forma como ocorre com outros animais híbridos. Porém, um estudo de 2018 revelou que pelo menos alguns destes indivíduos poderiam se reproduzir com baleias-azuis. Os pesquisadores envolvidos no novo estudo, por sua vez, acreditam que esses cruzamentos tenham ocorrido, gerando os chamados descendentes "retrocruzados", em um processo chamado introgressão.

Mas a quantidade de introgressão entre as espécies que encontramos foi inesperada e muito maior do que a relatada anteriormente", afirma Mark Engstrom, co-autor do estudo e geneticista ecológico da Universidade de Toronto, ao Live Science.

Introgressão unidirecional

Uma análise semelhante foi feita também nas baleias-comuns, mas não foram encontradas quaisquer evidências de que a espécie tivesse herdado qualquer DNA das baleias-azuis por introgressão. Logo, aparentemente apenas as baleias-azuis são capazes de se reproduzir com os híbridos, o que torna o fenômeno unidirecional.

Por fim, não há evidências de que o transporte de DNA de baleias-comuns para as baleias-azuis tenha algum impacto negativo, mas Engstrom demonstra preocupação com o fato de que, caso a introgressão continue, ela pode reduzir a quantidade de DNA das baleias-azuis na população, o que tornaria estes híbridos menos resilientes à adaptação do que as baleias "originais".

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Também foi revelado, com o estudo, que havia bem menos endogamia entre baleias-azuis no Atlântico Norte que o esperado, o que é uma boa notícia. Porque isso significa que a população destes animais está mais interligada, logo, mais diversificada geneticamente até mesmo resiliente às mudanças. "Isto me dá esperança de que, com esforços sustentados de conservação, as populações do Atlântico possam recuperar-se", finaliza Engstrom.