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Matérias / Futebol

Brasil também correu atrás: Em 1986, Colômbia decidiu desistir de sediar a Copa do Mundo

Assim como aconteceu recentemente com a Copa América, colombianos decidiram que não iriam mais ser a casa do torneio devido a graves problemas no país. Mesmo vivendo situação semelhante, brasileiros chegaram a cogitar a possibilidade

Fabio Previdelli Publicado em 01/06/2021, às 17h27

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Maradona erguendo a taça da Copa do Mundo de 1986 - Getty Images
Maradona erguendo a taça da Copa do Mundo de 1986 - Getty Images

Em 1986, o mundo do futebol tinha dono, ele pertencia a Don Diego Armando Maradona. O camisa 10 da albiceleste encantara o mundo desfilando seu mágico futebol naquela Copa do Mundo disputada em solo mexicano. A Argentina não teve adversário à altura. O bi era deles.  

Na Copa, Dieguito foi o ator principal e o antagonista do torneio, dualidade esta que o acompanhou até depois de sua aposentadoria. Nas quartas de final, por exemplo, mostrou um pouco disso ao driblar seis defensores e tirar o goleiro da jogada antes de anotar aquele que ficou conhecido como o “gol do século”. 

Pouco antes, na mesma partida, como relembra matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História, havia marcado um outro tento, este mais polêmico, o controverso ‘La Mano de Dios’, quando que fez um gol de punho cerrado depois de disputar uma bola no alto com o goleiro inglês Peter Shilton. “Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios”, disse Maradona depois da partida.  

Maradona após uma partida com a seleção Argentina/ Crédito: Getty Images

Já no dia 29 de junho, levou ao delírio os mais de 114 mil torcedores que estavam presente Estádio Azteca, para acompanhar aquela final, quando levantou a taça depois daquele 3x2 na contra a Alemanha Ocidental. 

Maradona e o México haviam vivido uma linda história de amor, uma das maiores de nossos hermanos. Porém, o enredo desse romance, por pouco, não teve elementos diferentes. Afinal, a Copa de 1986 não foi disputada no país que deveria ter acontecido. 

Não vai ter Copa 

Para entendermos melhor essa história, precisamos voltar mais 12 anos no tempo. Em 9 de setembro de 1974, como recorda matéria publicada pelo Estadão, a Colômbia havia sido escolhida como sede do torneio.  

Porém, nossos vizinhos passavam por uma grande crise econômica na década de 1980. Não só a Colômbia, para se dizer a verdade, naquela década, e na seguinte também, como explica o El País, diversos países passaram por aquela que foi chamada de “A década perdida”, quando nações da América Latina possuíam dívidas externas impagáveis, surreais déficits fiscais e uma enorme volatidade inflacionária e cambial.    

Diante desse caótico cenário, em 1982, o presidente Belisário Betancur determinou que a Colômbia não conseguiria sediar um evento de tal magnitude, que o mesmo não estava de acordo com a realidade do país naquele momento. Era um ponto final.  

“Aqui não se cumpriu com a regra de ouro em que a Copa deve servir à Colômbia e não a Colômbia à multinacional Fifa. Por essa razão, a Copa de 1986 não ocorrerá no nosso país. Não há tempo para atender às extravagâncias da Fifa e seus sócios”, foi enfático Belisário em discurso no dia 25 de outubro.  

Belisario Betancur em 2009/ Crédito: Belisario Betancur/Wikimedia Commons

Óbvio que a entidade máxima do futebol não deixou as declarações baratas e rebateram as declarações do colombiano. “A Fifa não tem culpa de a Colômbia, apesar de ter tido 12 anos para se preparar, diz que não consegue organizar uma Copa do Mundo. Acredito que Betancur deveria ficar triste com a situação e assumir a responsabilidade, em vez de fazer críticas à Fifa. Tenho certeza que vários países vão querer organizar a Copa”, disse a entidade, conforme recorda o Estadão.  

Padrão Fifa e uma nova sede 

Para de ter a noção da situação em que se encontravam nossos vizinho, a Fifa exigia que 12 estádios tivessem disponíveis para a fase de grupos do torneio, sendo que suas capacidades devessem ser superiores a 40 mil lugares. Já no mata-mata, cada estádio deveria abrigar 60 mil torcedores, sendo que o palco da final deveria suportar mais de 80 mil pessoas.  

Cinco anos após a escolha, em 1979, um sinal de alerta já estava ligado na confederação colombiana, afinal, como diz o Estadão, somente o estádio Olímpico Pacual Guerrero, em Cali, atendia às determinações da Fifa. Fora ele, obras estavam sendo feitas apenas no Metropolitano Roberto Meléndez, em Barranquilla.  

Pouco antes de Betancur tomar posse, ainda em 1982, em abril, uma reunião do governo com o grupo de investidores Grancolombiano já previa que o tempo restante não seria suficiente para erguer tantos estádios assim.  

Celebrações dos fãs mexicanos na praça principal de Zocalo, 7 de junho de 1986, durante a Copa/ Crédito: Mexico City Government/ Wikimedia Commons

Apesar do estádio que abrigava jogos do Nacional e do Independiente, em Medellin, também ter sido ampliado, de 32 mil para 60 mil, ainda faltavam locações em Bogotá, Ibagué e Bucaramanga. Era impossível.  

Com a desistência, então, em dezembro daquele ano, a Fifa teve que organizar uma reunião de seu Comitê Executivo em Zurique, sede da entidade. Ficou decidido, como aponta o Estadão, que tantos os 23 países da Concacaf quanto os nove da Conmebol poderiam se candidatar. Quem assumiria essa responsabilidade a apenas 43 meses da abertura? 

Assim como aconteceu ontem, 31, o Brasil de dispôs a receber o torneio, apesar de viver situação semelhante a nosso vizinho, mas diferente do que aconteceu agora, não assumimos a responsabilidade de sediar o torneio perto de seu início; apesar do desejo do presidente da CBF Giulite Coutinho.  

Problemas econômicos impediram isso de acontecer. Assim, Canadá, Estados Unidos e México, então, passaram a ser os principais favoritos a ficarem com a Copa.  

Em junho de 1983, em Estocolmo, a Fifa decidiu que o país que abriu a Copa de 1970 também seria responsável pela de 1986. Duas edições depois, em 1994, os norte-americanos tiveram essa oportunidade, algo que os canadenses nunca gozaram.  

Copa América no Brasil 

Devido ao agravamento da pandemia na Argentina e na Colômbia, os dois países decidiram que não irão mais sediar a Copa América que está prevista para começar no próximo dia 13 de junho e ir até o dia 10 de julho.  

Apesar de, conforme aponta levantamento feito pelo instituto Johns Hopkins, o Brasil ser o segundo país onde mais pessoas morreram no mundo em decorrência do novo coronavírus, com mais de 463 mil mortes até o fechamento desta matéria, a CBF e o Governo Federal abriram “as portas desse país” para o “evento esportivo mais seguro do mundo”, segundo classificou a própria Conmebol, realizadora do evento.  

"Fui procurado pela CBF com a informação de que a Argentina não iria mais sediar a Copa América e se o Brasil poderia sediá-la. A primeira resposta foi a princípio sim. Por que eu falo a princípio? Porque consulto ministros. Conversei com os ministros que poderiam estar envolvidos neste evento e foi unânime. Todos eles deram sinal positivo", disse Bolosnaro, conforme aponta matéria publicada mais cedo pela equipe do site do Aventuras na História

Bolsonaro discursa na última terça-feira, 1/ Crédito: Divulgação / TV Brasil

Apesar das críticas que recebeu pela decisão, o presidente disse que os “pitis” vêm da classe jornalística e associou ao fato de a TV Globo ter perdido os direitos de televisionar a competição para o rival SBT. 

“Temos Brasil e Equador na sexta. Alguém reclamou? Algum jornalista teve piti por causa disso? Não. Quando dei o sinal verde ouvindo meus ministros, houve uma hecatombe no meio jornalístico, que eu estaria importando uma nova cepa”, completou. 

Por fim, relacionou a rivalidade das emissoras a falta de apoio: “Será por que na Copa América a transmissão não é da Globo, mas sim do SBT? Parece que é", disse. O mandatário ainda afirmou que os processos econômicos e sociais do Brasil devem prosseguir e que, internamente, é tratado como assunto encerrado.


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