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Matérias / Tecnologia

‘Cancelada durante protestos’: Quando surgiu a internet para celular em Cuba?

No hemisfério ocidental, ilha é uma das nações menos conectadas

Fabio Previdelli Publicado em 12/07/2021, às 16h54

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Estúdio da Google instalado em Havana que disponibiliza acesso à internet aos locais - Getty Images
Estúdio da Google instalado em Havana que disponibiliza acesso à internet aos locais - Getty Images

4,8 horas por dia, esse é o tempo em média que os brasileiros passaram em frente aos seus smartphones em 2020. Segundo dados da App Annie, que analisa dados do mercado de aplicativos, nosso padrão de consumo nas redes sociais e afins aumentou em 1 hora em comparação aos números do ano anterior, que era de 3,8 horas diárias. 

Isso nos colocou em segundo lugar do ranking mundial, atrás apenas da Indonésia, que tem a incrível marca de 5,2 horas/dia. A App Annie também estima que durante a pandemia global do novo Coronavírus a média mundial aumentou em 20%. 

Imagem ilustrativa/ Crédito: Pixabay

Tendo em vista nossos atuais padrões, não é nenhum absurdo afirmar que hoje somos totalmente dependentes de nossos celulares e, com raras exceções, não conseguimos viver ser eles. Seja sincero, você aguentaria passar um dia sem estar ‘conectado’? 

Apesar de parecer maluquice, até 2018 era exatamente assim que as pessoas que moram em Cuba viviam. 

Contato além da ilha!  

Como aponta matéria publicada pela agência de notícias Reuters, os cubanos passaram a ter acesso à internet em seus celulares apenas em 6 de dezembro de 2018. Na ocasião, a estatal de telecomunicações ETECSA, que possui o monopólio do país, passou a disponibilizar pacotes de dados para a população, uma das menos conectadas do hemisfério ocidental, como aponta a Exame. 

Para isso, os cubanos teriam que assinar pacotes pré-pagos mensalmente. Para se ter acesso à 600 megabytes, os interessados teriam que desembolsar o equivalente a 7 dólares; já 4 gigas custariam US$ 30. Caso o usuário não assinasse um pacote, 100 megas de acesso sairia por 10 dólares.  

Segundo a agência de notícias reportou na época, cerca de metade dos 11,2 milhões de cubanos possuíam celular, mas apenas uma pequena parcela conseguiria arcar com a internet móvel — já que, em 2018, o salário médio da população batia a casa dos 30 dólares mensais.  

Imagem interna de um posto da Google instalado em Havana/ Crédito: Getty Images

Sendo assim muitas pessoas dependiam de um auxílio enviado por familiares que vivem no exterior, ou de trabalhos extras para completar a renda. Para se ter ideia da situação do país, até 2013, a internet só estava disponível para o público em hotéis.  

Posteriormente, o governo cubano implementou medidas para que o acesso à internet também estivesse disponível em cibercafés e pontos de WiFi externos, além disso, à passos lentos, a internet também começou a chegar em residências.  

Miguel Díaz-Canel, que desde abril de 2018 passou a suceder Raúl Castro, defendeu que a implementação da tecnologia poderia impulsionar a economia do país e permitir que Cuba defendesse melhor a revolução através da internet.  

Na ocasião, como forma de incentivar o uso e a adesão dos pacotes, Tania Velázquez, vice-presidente da ETECSA, anunciou que o acesso aos aplicativos estatais e a sites como a Wikipedia cubana seriam relativamente mais baratos do que comparados a outros endereços da web.  

Acessibilidade não tão bem quista assim... 

Conforme noticiou mais cedo a equipe do site do Aventuras na História, no último domingo, 11, milhares de pessoas foram às ruas, em Cuba, para protestar contra o Governo.

Com gritos como “liberdade” e “abaixo a ditadura”, cubanos mostraram sua insatisfação contra a crise que o país vive e as restrições impostas para impedir a disseminação do novo vírus.   

Segundo a AFP, partes das manifestações foram transmitidas ao vivo pelas redes sociais — não só na capital Havana, mas também em diversas cidades do país. Porém, a partir do meio-dia, a internet móvel do país foi cortada e a população não conseguiu mais registrar os atos.  

Conforme explica a Reuters, o governo cubano foi criticado por negligências tanto em conter o avanço da Covid-19 no país, quanto em achar meios de lidar com a crise econômica que vive a ilha. Conforme revela matéria do O Globo, desde o início da pandemia, o turismo em Cuba foi interrompido — o que levou a uma queda de 11% do PIB em 2020. 

Manifestações do último final de semana em Cuba/ Crédito: Getty images

Além disso, o novo coronavírus já infectou mais de 238 mil cubanos (6.923 nas últimas 24 horas) e vitimou 1.537 (47 mortes no último dia), segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Até o momento, cerca de 7,16 milhões de doses da vacina contra a Covid foram aplicadas no país, de acordo com dados da Our World In Data — o que representa pouco mais de 15% da população. 

Em resposta aos atos, que são raros por lá, Miguel Díaz-Canel, primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba e presidente do país, acusou os Estados Unidos de estarem por trás das manifestações.  

"Estamos convocando todos os revolucionários do país, todos os comunistas, a irem às ruas onde existirem esforços para produzir essas provocações", declarou Diáz-Canel horas após os protestos.   

Segundo relatou a AFP, já no começo da noite, veículos das forças especiais, que possuem metralhadoras acopladas, passaram a circular pelas ruas de Havana, capital do país. Pessoas que se reuniram no centro da cidade acabaram presas após alguns episódios de tumulto e brigas.   

De acordo com um repórter da Reuters, que cobriu os protestos, a polícia cubana chegou a lançar spray de pimenta contra os manifestantes, porém, as forças de segurança não tentaram impedir a multidão que gritava por “liberdade” e abafava os gritos de “Fidel”, que eram clamados por opositores.


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