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Matérias / Freira

Como a ciência explica o 'corpo intacto' de uma freira 4 anos após a morte

O estado de preservação da mulher surpreendeu os Estados Unidos; a ciência oferece explicações simples

Ingredi Brunato Publicado em 18/06/2023, às 10h52 - Atualizado às 10h55

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Fotografia da freira - Reprodução/Mosteiro Beneditinos de Maria, Rainha dos Apóstolos
Fotografia da freira - Reprodução/Mosteiro Beneditinos de Maria, Rainha dos Apóstolos

No último mês de abril, o chamado Mosteiro dos Beneditinos de Maria, Rainha dos Apóstolos, decidiu exumar os restos mortais de uma de suas fundadoras como parte do projeto de construção de um santuário em sua propriedade. 

Quando o cadáver da irmã Wilhelmina Lancaster foi retirado de onde estava enterrado, no entanto, chocou os presentes: isso, pois se encontrava incrivelmente preservado, ainda que a mulher religiosa tivesse falecido em 2019, quando tinha 95 anos de vida.

Dentro da perspectiva cristã, eventos do tipo são vistos como "incorruptos", isso é, imune ao processo de decomposição como resultado de intervençãodivina. Essa benção dos céus, por sua vez, seria vista como um sinal da devoção da pessoaem vida. 

A incorruptibilidade já foi verificada no passado, mas é muito rara. Existe um processo bem estabelecido para perseguir a causa da santidade, mas isso ainda não foi iniciado neste caso”, explicou a diocese de Kansas City-St. Joseph em comunicado repercutido pela AP.

O templo, que fica localizado em Missouri, estado dos EUA, passou a atrair pessoas vindas de todas as partes do país e até mesmo de territórios internacionais para testemunhar o suposto milagre.

Os peregrinos visitando a capela onde o corpo estava sendo exposto queriam tocá-lo e também levar punhados do solo da sepultura para casa, conforme repercutido pelo portal Terra. 

Vale mencionar que, a princípio, o cadáver foi apenas coberto em cera para protegê-lo, porém recentemente os responsáveis pelo monastério decidiram que os restos mortais da irmã serão colocados em um caixão de vidro, de forma que os visitantes não terão mais contato direto com ele, podendo apenas contemplá-lo. 

Outro detalhe de relevância é que o processo de beatificação dentro da Igreja Católica apenas pode começar cinco anos após a morte do santo em potencial, de forma que Wilhelmina Lancaster apenas será elegível em 2024. 

Fotografia da freira em 2019 / Crédito: Divulgação/ Redes Sociais 

A ciência 

Se através das lentes da religião, a explicação para o que ocorreu com o cadáver da freira exumada é uma só — a intervenção divina —, através das lentes científicas existe mais de uma hipótese que pode esclarecer como se deu a situação. 

Como repercutido pelo Terra, fatores como baixas temperaturas, pouca umidade e oxigênio escasso, por exemplo, contribuem para a desaceleração da decomposição de um corpo.

Normalmente, quando um corpo é colocado em um caixão com roupas, assim como vemos nas fotos da freira, você está cortando muito oxigênio. Ela também foi enterrada em solo argiloso, o que mantém a temperatura baixa. Isso não impede a decomposição, mas a retarda, e é isso que estamos vendo aqui", apontou Rebecca George, uma antropóloga forense, em entrevista ao DailyMail. 

O caixão de madeira no qual a religiosa foi sepultada, por sua vez, teria ajudado a absorver a umidade. 

Além disso, outro cenário possível é da formação da adipocere (chamada também de "cera cadavérica") no interior do cadáver. A substância é produzida por alguns tipos específicos de bactérias que consomem gordura. A substituição desses tecidos pela adipocere, por sua vez, serve para manter o corpo relativamente rígido, contribuindo para a preservação de seu exterior. 

Vídeo mostra religiosos ao redor do corpo da freira /Crédito: Reprodução/Vídeo/Youtube

Ainda de acordo com George, esse bom estado de conservação apresentado pelos restos mortais da irmã Wilhelmina Lancaster, na verdade, não seria uma ocorrência assim tão rara — só parece ser, pois, não temos o costume de abrir caixões para conferir como anda a decomposição de nossos mortos.

Normalmente, quando enterramos pessoas, não as exumamos. Com 100 anos, pode não sobrar nada. Mas quando você tem apenas alguns anos, isso não é inesperado", observou a especialista à Associated Press.