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Matérias / História

Há 50 anos, um golpe de estado iniciava a sangrenta ditadura de Pinochet

Para instaurar uma ditadura, o exército do ditador jogou bomba na sede do governo eleito

Marcus Lopes Publicado em 10/09/2023, às 09h00 - Atualizado em 11/09/2023, às 18h32

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Pinochet - Domínio Público
Pinochet - Domínio Público

“Señor, hay rumores de golpe”, disse o motorista que fora buscar o diplomata brasileiro José Viegas em sua casa, no bairro de Las Condes, em Santiago. Eram cerca de 8h30 da manhã de 11 de setembro de1973. Recém-chegado ao Chile e sem um aparelho de rádio na residência nova, Viegas, que 30 anos depois se tornaria ministro da Defesa do Brasil, telefonou a dois colegas na embaixada e confirmou os rumores: estava em marcha uma insurreição militar que começara em Valparaíso, no litoral, e avançava rumo à capital, a passos acelerados.

A intentona era liderada pelos chefes do Exército,Augusto Pinochet, da Marinha, José Toribio Merino, e da Aeronáutica, Gustavo Leigh. Com apoio de setores civis conservadores de direita, empresários e parte da grande imprensa, o objetivo era a deposição do presidente socialista, Salvador Allende, em um golpe militar que completa 50 anos e impôs ao Chile, um país com vasta tradição democrática na América Latina, uma das mais cruéis ditaduras da sua história.

A data, uma triste coincidência de calendário com o ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, fora escolhida pelos golpistas por causa das festividades das Glórias ao Exército, uma tradicional parada militar que reuniria naquele dia, na capital, grande número de militares de todo o país.

Viegas decidiu se reunir aos colegas da em baixada e o carro partiu rumo ao palacete da Aladema, na região central de Santiago, onde ficava a representação brasileira. Ao longe, se escutavam tiros esparsos. Na calçada da Escola Militar, que ficava no caminho, cadetes com uniforme de guerra e uma faixa laranja no braço, que identificava os rebeldes, se alinhavam em posição de sentido.

“A partir deste momento, somos governo”, havia ordenado aos soldados, poucos momentos antes, o general Raúl Cesar Benevides, conforme registra o jornalista e analista internacional Roberto Simon no livro ‘O Brasil Contra a Democracia – A Ditadura, o Golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul’ (editora Companhia das Letras). Algumas horas antes de Viegas embarcar no seu automóvel, outro veículo oficial havia cruza do às pressas as ruas da capital chilena.

Nele, estava Salvador Allende, seguido por carros de seguranças e dois veículos blindados, carregados com armas que puderam reunir de improviso diante das ameaças de golpe. Outros seguranças de Allende se dirigiam ao Palácio de La Moneda, sede do governo do Chile, para tentar algum tipo de resistência legalista. Apesar da boa vontade dos aliados, o ato heroico seria inútil e o palácio bombardeado para a tomada à força do poder pelos militares, algo inédito na história do país.

Allende indo votar, cercado de apoiadores, em 4 de setembro de 1970 - Crédito: Getty Images

Na madrugada anterior, na residência oficial da Presidência, Allende tinha ido dormir por volta das 2 da manhã, com informações difusas e vagas sobre as movimentações de tropas no litoral. Dormiu pouco. Pouco antes das 6 horas, foi despertado por um dos seguranças que, as sustado, informou que o general carabineiro Jorge Urrutia telefonara para alertar que a Marinha havia se sublevado em Valparaíso e caminhões cheios de soldados estavam a caminho para depor o governo.

Calmo, o presidente tentou falar com os chefes militares, entre eles Pinochet, sem sucesso. Decidiu então partir para o La Moneda, em sua última investida para preservar, nem que fosse com a própria vida, o governo que há dois anos promovia mudanças sociais profundas na sociedade chilena.

Socialista eleito

Na prática, o golpe contra Allende começou a partir da sua eleição, em outubro de 1970.Apoiado por uma coalizão de partidos de esquerda e de centro, a Unidade Popular, o ex- senador marxista, ex-ministro da Saúde e candidato outras três vezes à Presidência final mente conseguiu chegar ao La Moneda em uma vitória apertada: apenas 1,35% sobre o segundo colocado, o conservador Jorge Alessandri.

Algo em torno de 39 mil votos de vantagem em um universo de 3 milhões. Após tomar posse, o governo Allende começou uma trajetória inédita de conduzir o país rumo a um socialismo democrático e com amplas medidas de proteção social à população mais carente, apesar de os índices de desigualdade serem muito menores quando comparados a vizinhos como o Brasil.

A situação econômica também era invejável em relação ao restante da América Latina. “Os governos anteriores, da Frente Popular, de que Allende participara como ministro da Saúde, de 1939 a 1942, haviam criado uma estrutura educacional e de saúde pública que melhorou bastante a vida dos chilenos”, registra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que morou no Chile na década de 1960, em ‘Um Intelectual na Política – Memórias’ (editora Companhia das Letras).

O Produto Interno Bruto (PIB) chileno ha via crescido em cerca de 40% nas duas décadas anteriores, o país se industrializava, a economia era diversificada e havia uma produção intelectual efervescente, além de índices de alfabetização próximos aos 82% da população, um dos mais altos do continente. Para efeitos de comparação, na mesma época, no Brasil, cerca de 40% do povo eram analfabetos. “Lá (Chile) eu tive a real dimensão da desigualdade no Brasil”, destaca o ex-presidente brasileiro em seu livro de memórias.

Diante de tudo isso, ao contrário de países como Cuba, onde os revolucionários comunistas chegaram ao poder pelas armas, Allende calculava que seria possível transformar o Chile em uma nação socialista pela via eleitoral e, uma vez no poder, adotar medidas como a expropriação de grandes empresas, principalmente as estrangeiras, expandir fortemente a reforma agrária e promover uma ampla redistribuição de renda para as classes mais baixas, mas de modo pacífico e sem violação das garantias constitucionais e do Estado Democrático de Direito.

“Era essa avia chilena ao socialismo, que prometia a tal “revolução ao sabor de empanadas e vinho tinto”, em vez de guerrilhas e paredões”, registrou Roberto Simon no livro. Em 11 de julho de 1971, o governo conquistou uma de suas maiores vitórias com a aprovação da emenda constitucional que possibilitou a nacionalização de toda a indústria e exploração do minério de cobre, uma das maiores fontes de riquezas chilenas.

Naquele mesmo ano, começou o debate para uma profunda reforma do sistema educacional, com a criação da Escola Nacional Unificada (ENU). O objetivo era implementar um sistema de educação que começava na pré-escola e se estendia ao longo da vida da pessoa. O novo modelo envolvia debates com toda a sociedade civil para, nas palavras das autoridades, promover uma educação democrática, participativa e pluralista, de acordo com as necessidades econômicas do país.

O projeto educacional, que provocou grande polêmica e resistência em setores conservadores, foi adiado e nunca implementado.

“O programa da Unidade Popular contemplou, por um lado, o fortalecimento das classes trabalhadoras e, por outro, efetivou a nacionalização dos principais recursos naturais do país, oque incluiu a mineração do cobre, que estava nas mãos do capital multinacional. Além disso, foi feita uma profunda reforma agrária, com a eliminação do latifúndio improdutivo, e a nacionalização do setor bancário”, explica o historiador Horácio Gutiérrez, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).

“Foram medidas que provocaram uma gigantesca resistência de robustos grupos de poder, nacionais e estrangeiros, em especial estadunidenses, que dominavam a economia”, completa Gutiérrez.

Efeitos negativos

Com o aumento dos gastos públicos para cumprir os programas do governo, grande parte deles por meio de generosos subsídios para ampliar o consumo da população, a macroeconomia começou a sentir os efeitos negativos e a inflação anual chegou a 160%, em 1972. No dia a dia da população, o desarranjo no setor produtivo provocado pelo controle estatal de preços, boicote empresa rial e estatização de empresas provocaram problemas como a escassez de produtos.

“Gradual mente, a classe média chilena se afastou do regime político democrático”, explica o historia dor Carlos Frederico Domínguez Avila, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB). Ao enumerar as causas do golpe chileno,Domínguez Avila, que possui mestrado em estudos sociais e políticos latino-americanos, destaca que as oposições de centro direita abandonaram a tradição democrática do país.

Em vez de se organizarem para a retomada do poder por meio do voto nas urnas, os políticos e empresários conservadores acreditaram que, após uma intervenção militar para destituir o governo constitucional, seriam chamados pelos generais para assumirem o poder, o que não aconteceu.

“No plano externo, o governo de Santiago foi vítima de uma conspiração, principalmente impulsionada pelo governo de Richard Nixon, então presidente dos Estados Unidos, com apoio brasileiro, e certas corporações multinacionais”, completa Avila.

O apoio que poderia vir da superpotência militar mais alinhada à Unidade Popular, a União Soviética, também não veio.

Os soviéticos e outros governos do antigo bloco da URSS tiveram um posicionamento ambíguo em relação ao caso chileno, já que reconheceram uma convergência ideológica, mas não estavam dispostos a assumir os pesados custos financeiros de uma outra revolução no continente americano”, diz Avila.

“Além disso, o modelo chileno, de orientação democrática, não era convergente com o sistema departido único, autoritário, imperante no Leste Europeu”, completa o pesquisador da UnB. Dentro da administração, os economistas de Allende classificavam a realidade econômica nas últimas décadas em apenas quatro palavras: monopolista, dependente, oligárquica e capitalista.

“É bastante provável que certos setores radicais, de ultraesquerda, também acabassem favorecendo uma excessiva polarização, com graves consequências macroeconômicas”, explica. Pressionado, Allende decidiu convocar um plebiscito junto à população, mas não houve tempo hábil para a realização da consulta popular.

Ataque bélico

Todos esses fatores culminaram nos episódios do 11 de setembro chileno. Dentro do palácio de La Moneda, Allende se recusou a qualquer tentativa de negociação com os golpistas e, desde cedo, recorreu a diversos pronunciamentos no rádio para informar a população sobre os acontecimentos daquela manhã de extrema tensão política, além de reafirmar sua posição deque não se entregaria em hipótese alguma. Uma das imagens mais emblemáticas daquela manhã mostra o presidente de capacete e um fuzil AK 47 nas mãos, presente do amigo Fidel Castro.

Últimos momentos de Allende - Crédito: Getty Images

Do lado de fora, a junta militar estabelecida para tomar o poder à força exigia a rendição de Allende e seu entorno até às 11 horas. Caso contrário, o palácio seria bombardeado “por terra e ar”. Foi o que aconteceu. Bombas e tiros começaram a ser disparados em direção à sede do governo chileno, em um ataque bélico inédito em três séculos de história do país. Dois aviões da Força Aérea torpedearam o suntuoso edifício localizado na região central de Santiago.

Em seu último e emocionado pronunciamento à rádio governista Magallanes, ocorrido por volta das 10 horas, Allende sentenciou: “Seguramente, a rádio Magallanes será silenciada. E o metal tranquilo da minha voz não chegará a vocês. Não importa. Ela continuará a ser ouvida. Sempre estarei com vocês”, disse Allende que, nos momentos finais, dispensou todos em seu entorno para evitar um massacre e não serem atingidos pela ferocidade das bombas e balas disparadas contra o edifício histórico.

Com 1001 dias de existência, o governo socialista da Unidade Popular chegava ao fim de maneira forçada e trágica. Após todos os funcionários deixarem o La Moneda em segurança e com a garantia de que não seriam molestados, Salvador Allende se dirigiu ao Salão Independência, no segundo piso do suntuoso edifício, e se matou com tiros utilizando o mesmo fuzil que ganhou de Fidel.

Durante décadas, a tese do suicídio foi contestada, alegando se que Allende, na verdade, teria sido morto pelo bombardeio ao La Moneda ou por invasores do palácio. Em 2011, os restos mortais foram exumados para determinar a causa da morte do ex-presidente. A exumação foi a pedido da filha do ex-presidente, a então senadora María Isabel Allende. Na ocasião, os laudos periciais comprovando a tese de suicídio foram entregues à Justiça e o caso foi encerrado.

Ditadura e desigualdade

Alçados ao poder, Pinochet e os comandantes das Forças Armadas instauraram um regime autoritário que se prolongou por 17 anos, até 1990, quando houve o restabelecimento da democracia e eleições livres no país. Nesse período, o Congresso Nacional foi fechado, a democracia abolida e os partidos que formavam a Unidade Popular colocados na ilegalidade.

Foi criado um estado policial controlado pela Direção de Inteligência Nacional Anticomunista (DINA), cujas atribuições eram semelhantes às exercidas pelos órgãos de repressão da ditadura no Brasil: o Departa mento de Ordem Política e Social (Dops) e o Destacamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI Codi). Entre 1973 e 1977, a DINA foi responsabiliza da por assassinatos e torturas em massa de dissidentes do regime, tornando a ditadura chilena uma das mais repressivas e brutais do continente.

Presos políticos encarcerados no subsolo do Estádio Nacional - Crédito: Acervo IMS

Relatórios oficiais de entidades e comissões para estabelecimento da verdade apontam que a ditadura chilena foi responsável pela morte demais de 3 mil pessoas. O número total estimado de executados, desaparecidos e torturados pela repressão chilena supera os 40 mil. E de acordo com associações de vítimas, pode ser ainda maior, indo além de cem mil vítimas.

No plano econômico, a tônica nos primeiros anos da era Pinochet foi a reversão das medidas tomadas pelo governo socialista, devolvendo aos antigos donos as empresas nacionalizadas e os latifúndios expropriados pela reforma agrária executada em anos anteriores.

Em um segundo momento, começou a ser colocada em prática uma economia liberal, sem restrições, influenciada pela doutrina econômica da Escola de Chicago, cuja diretriz é a ampla defesa do livre mercado e a presença mínima do Estado na economia.

Foram privatizadas não apenas as empresas, mas também os serviços públicos como Educação, Saúde e Previdência, desincumbindo o Estado de obrigações sociais”, explica Gutiérrez. “O resultado foi a criação de serviços privados altamente eficientes e modernos, mas acessíveis apenas a quem pode pagar, margina lizando a maior parte da população”.

A importância do Brasil no golpe

O apoio da ditadura militar brasileira foi um fator considerado importante para o sucesso do golpe e o novo governo instalado no Chile. Antes mesmo dos EUA de Richard Nixon, o Brasil saiu na frente para reconhecer oficialmente a nova junta que passou a governar após a morte do presidenteSalvador Allende e a tomada do poder pelo general Augusto Pinochet.

No fim de 11 de setembro, quando o corpo de Allende era encaminhado para autópsia, o embaixador brasileiro Câmara Canto se dirigia à Escola Militar, onde os líderes do movimento que triunfou traçavam os planos para o futuro.

“Ainda estávamos disparando quando chegou o embaixador brasileiro e nos comunicou o reconhecimento”, recordaria Pinochet, meses depois, em uma entrevista à imprensa. O apoio do governo Médici a Pinochet teve dois motivos, sendo o primeiro deles o geopolítico. A vitória de Allende em 1970 representava uma ameaça ao governo militar brasileiro, que corria o risco de ficar isolado na América do Sul em decorrência do trunfo socialista no Chile.

O país andino também poderia servir como base continental a Cuba e à URSS.É importante destacar que, em seu projeto de construção de um socialismo “ao sabor de empanadas e vinho tinto”, Allende jamais demonstrou hostilidade a Brasília e procurou pautar as relações pelo pragmatismo de interesses dos dois países, apesar das profundas diferenças ideológicas.

As relações econômicas e bilaterais foram mantidas e um embaixador considerado conservador, o ex-senador moderado Raúl Retting, foi escolhido pelo presidente para representar o país em Brasília.

Curiosidade: quando ambos estavam no Senado, Retting e Allende eram inimigos que viviam às turras por questões políticas e chegaram a se envolver em um duelo à moda antiga, nos arredores de Santiago, com direito a tiros, em 1952. Felizmente, não houve vítimas. Após dar um tiro em direção ao oponente, e errar, Retting entrou em desespero ao ver que poderia ter machucado seriamente Allende “por uma estupidez de duelo”, relataria o embaixador anos depois.

O segundo motivo para o apoio a Pinochet era de natureza doméstica. O Chile, em especial Santiago, havia se tornado endereço quase automático para o exílio de vários dissidentes do regime militar brasileiro. “Visto como a mais sólida democracia da região, o Chile se convertera em um imã de exilados sul americanos de diversas nacionalidades, incluindo argentinos, uruguaios, bolivianos e outros”, diz o autor Roberto Simon.

E após o golpe?

Centenas de expurgados pelo regime autoritário brasileiro após o golpe militar de 1964 seriam abrigados e passariam a trabalhar em instituições como a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), mantida pela ONU, Universidade do Chile ou no próprio governo Allende. Entre os funcionários da administração socialista figurava o ex-governador de São Paulo José Serra. Já o sociólogo e futuro presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, batia ponto na Cepal em sua estadia no país.

“Para o regime militar brasileiro, o modelo chileno era um precedente incômodo, principalmente no marco da doutrina das fronteiras ideológicas e da segurança nacional”, explica o historiador Carlos Frederico Domínguez Avila, da UnB. Posteriormente, a colaboração entre as duas ditaduras — brasileira e chilena — contribuiu para a implantação da chamada Operação Condor, que se especializou na repressão de lideranças de esquerda em toda a América do Sul.

“Já na época de Allende, o embaixador brasileiro no Chile estabeleceu estreitas conexões com a direita golpista, facilitando a troca de informações políticas e militares”, complementa o historiador Horácio Gutiérrez, da FFLCH, USP. Especialistas apontam diferenças e semelhanças entre os dois regimes autoritários sul americanos.

O general Augusto Pinochet concordou que o regime militar chileno deveria seguir, até certo ponto, o modelo brasileiro. Ou seja, de longa duração, com objetivos e metas e sem prazo de retorno à ordem constitucional.

“Além disso, em ambos os países houve um esforço violento de desmobilizar, reprimir e até mesmo exterminar partidos e movimentos sociais de centro esquerda ligados a governos democráticos anteriores, considera dos excessivamente populistas pelos militares”, diz Domínguez Avila. Havia, porém, diferenças importantes entre os dois modos de governo.

Manifestação após a missa de 7° dia do estudante Edson Luís, assassinado no RJ - Crédito: Acervo IMS

Enquanto no Brasil houve um regime exercido por cinco presidentes generais sucessivos, no país andino prevaleceu o personalismo de Pinochet, que governou durante todo o período ditatorial.

Outra diferença importante é que o regime militar brasileiro se manteve, em geral, dentro dos parâmetros no modelo nacional desenvolvimentista. “Em contraposição, no Chile, houve desde muito cedo mudanças para o modelo neoliberal, com forte influência da Escola de Chicago”.