Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Dom Pedro I

Coroado há 200 anos, Dom Pedro I foi um 'péssimo marido'

A historiadora Mary Del Priore, em entrevista ao Aventuras, falou sobre as relações familiares do imperador: "Foi um péssimo marido, mas  um pai excepcional"

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 03/09/2022, às 10h00 - Atualizado em 01/12/2022, às 13h54

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Imagem de Dom Pedro I - Domínio Público
Imagem de Dom Pedro I - Domínio Público

Desde o dia 7 de setembro, a figura de Dom Pedro Iestá de volta aos holofotes brasileiros, uma vez que foi o proclamador de nossa independência com o seu famoso grito de "Independência ou Morte". 

Hoje, 1º de dezembro, entretanto, também uma data de muita importância para a história do Brasil. Afinal, há exatos 200 anos, em 1822, Pedro I era coroado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil

Uma vida complexa

A vida do imperador, porém, é muito mais complexa que sua passagem pelas margens do rio Ipiranga durante a viagem que realizou em 1822. 

A figura histórica é marcada por traços contraditórios, de forma que, ao mesmo tempo em que é possível representá-lo como um grande líder e herói, o filme "A Viagem de Pedro", por exemplo, que foi lançado no dia 1 de setembro deste ano, 2022, usa outra abordagem, focando nos problemas pessoais que o personagem teria enfrentado após abdicar do trono brasileiro em favor de seu filho. 

Outra dessas contradições está presente nas relações familiares de Dom Pedro I. A reputação do imperador é marcada por escandalosos casos que possuía fora do casamento, de forma que chegou a adquirir uma fama de 'mulherengo'. Por outro lado, ele era dedicado e amoroso ao se relacionar com os filhos gerados por esses romances. 

Pintura mostrando Dom Pedro I e sua primeira esposa, Leopoldina / Crédito: Domínio Público 

A questão foi explicada por pela historiadora Mary Del Priore, que já escreveu inúmeros livros a respeito do período imperial brasileiro, em entrevista exclusiva ao Aventuras na História. 

O Dom Pedro foi um pai excepcional. Foi um péssimo marido, mas  um pai excepcional", afirmou a escritora. 
Pintura mostrando Maria da Glória, que foi rainha de Portugal / Crédito: Domínio Público 

"Há alguns anos, saiu uma biografia da rainha Maria da Glória [a primogênita de Dom Pedro I que assumiu o trono português], de uma historiadora portuguesa, que mostra que a vida do pai com as crianças no Palácio de São Cristóvão era de muito carinho. Fazia cavalinho, pegava as crianças no colo, fazia festinha de aniversário (...) a gente via que era um pai muito presente. Quando eles ficavam doentes, ele cuidava, dava remédio...", descreve Priore

Incluindo os bastardos 

Um detalhe é que Dom Pedro I reconheceu não apenas os oito filhos que teve com a imperatriz Leopoldina, sua primeira esposa, mas também os cinco gerados com sua amante mais famosa, Domitila de Castro, a marquesa de Santos; e outros dois meninos de duas mulheres diferentes, a baronesa de Sorocaba, a irmã da marquesa, e a madame Saisset, uma costureira francesa. 

(...) esses são filhos que ele vai reconhecer e que ele vai cuidar; a gente abre o testamento de Dom Pedro e lá estão todos estes filhos, com todos os bens e direitos preservados. Esses dois meninos, inclusive, ele diz claramente para os tutores que ele quer que os filhos entrem para a carreira de armas", relata a historiadora. 
Pintura de marquesa de Santos / Crédito: Domínio Público

O cuidado também não se limitou ao período em que o imperador esteve no Brasil, aliás. Mesmo depois de abdicar de seu trono, em 1831, retornando à Europa, onde precisou enfrentar seu irmão mais novo em uma guerra civil para assumir a posição de rei de Portugal, Pedro I continuou preocupado com o bem-estar da prole que havia deixado para trás. 

"Ele cuidou desses filhos de uma maneira apaixonada! Depois que ele vai pro exílio, manda brinquedos para os filhos, manda colocar espiões no Palácio de São Cristóvão para ver se a dama deles está cuidando bem das crianças, se José Bonifácio falava muito palavrão na frente dos filhos, ele controla tudo. Até cartinhas de amor, olha, quem quer ler elas, está no arquivo do Museu Imperial, a gente pode acessar todas as cartinhas de amor que ele escreve para os filhos, até as que ele escreve para Dom Pedro II chamando ele de 'nenê'", explica Mary Del Priore.

Vale mencionar que, após ficar viúvo de Leopoldina, que morreu enquanto dava à luz o oitavo filho do casal, o governante se casou com Amélia Augusta, princesa de Leuchtenberg, que ficaria viúva aos 22 anos e nunca tomaria outro marido. 

Esse segundo casamento durou apenas cinco anos, gerando uma filha, batizada de Maria Amélia, com quem Pedro acabou não tendo tanto contato por ter morrido de tuberculose quando a menina tinha ainda três anos. 

Pintura de Amélia de Leuchtenberg / Crédito: Domínio Público 

Amor e ciúmes

Outra informação interessante revelada por Priori é que, quando adoeceu e se percebeu próximo da morte, o ex-imperador do Brasil faz um pedido curioso para sua segunda esposa:

"Ele vai comprometer a Amélia de Leuchtenberg dizendo: 'Olha, você vai ficar viúva mas vai ter que cuidar da minha filha bastarda'", narrou a especialista, se referindo àquela que ficou conhecida como a duquesinha de Goiás, filha da marquesa de Santos. 

Dona Amélia, por sua vez, que foi uma madrasta amorosa para os herdeiros do falecido marido, honrou seu desejo de prontidão, cuidando da filha ilegítima de Pedro "como se fosse dela", a ponto de chegar a machucar os sentimentos de outra enteada. 

Ela tem paixão da Izabel Maria [a 'duquesinha'], criando, até por conta desse afeto, desse carinho, um problema com a Dona Maria da Glória [a primogênita de Dom Pedro I e Leopoldina], que morria de ciúmes", contou. 

Maria da Glória já não gostava de Izabel Maria desde a infância, conforme explicado por Mary Del Priori. Quando seu pai, que "amava e adorava" a duquesinha, havia tentado levá-la para viver no Palácio de São Cristóvão junto de seus herdeiros legítimos, a bastarda acabou sofrendo nas mãos da primogênita. 

"[Izabel Maria] apanhava como boi ladrão da Maria da Glória, que entendia tudo e sabia que ela era filha bastarda e que a Leopoldina sofria com a presença da marquesa de Santos, então dava na coitadinha!", relatou a historiadora. 

200 anos de História

No momento em que relembramos os 200 anos da Independência do Brasil e da coroação de Pedro I, Mary Del Priore leva o leitor a refletir sobre a história da nação.

Uma viajante e escritora chamada Maria Graham, um marinho escocês Lorde Cochrane e o já conhecido Dom Pedro I. Todos relacionados de formas diretas com a construção do novo país do continente americano, o Brasil.

Mary Del Priore é especialista em descobrir os personagens que participaram de momentos marcantes da História, mas que estão fora da narrativa tradicional que aprendemos desde a escola. No ano da comemoração dos 200 anos de independência do gigante sul-americano, a Editora Vestígio(Grupo Autêntica) e a escritora apresentam um livro magnífico para os amantes de leitura histórica: A viajante inglesa, o senhor dos mares e o Imperador na Independência do Brasil.

+Adquira A Viajante Inglesa, de Mary Del Priore (2022) - https://amzn.to/3GGgQ0O

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data de publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime - https://amzn.to/2w5nJJp

Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis - https://amzn.to/2yiDA7W