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Matérias / Internet

Em 2011, idosa de 75 anos deixou um país e meio sem internet

Durante cerca de 12 horas, 3,2 milhões de pessoas ficaram sem acesso à internet por um motivo um tanto quanto peculiar e incomum: uma idosa de 75 anos

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 24/03/2024, às 09h00

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Imagem ilustrativa - Pixabay e Domínio Público
Imagem ilustrativa - Pixabay e Domínio Público

A internet é de extrema importância para os dias atuais. Sua influência se estende por quase todas as áreas da vida humana moderna: acesso à informação, comunicação, educação, entretenimento, trabalho e por aí vai. 

+ A piada que mudou a história da internet em 1988

Apesar dessa necessidade cada vez maior, dados da Organização das Nações Unidas (ONU), publicados em 2023, apontam que cerca de um terço da população mundial não tem acesso à internet.

As pessoas conectadas representam 5,4 bilhões da população mundial (67%), um número que nunca foi tão alto. Desde a última contagem da União Internacional de Telecomunicações (UIT), em 2022, 100 milhões de pessoas passaram a fazer parte do mundo virtual. 

Por outro lado, 2,6 bilhões continuam offlines do mundo. As causas são inúmeras, como a baixa velocidade de conexão disponível, os altos valores, a falta de conhecimento tecnológico ou até mesmo a falta de acesso à eletricidade. 

Mas, em 2011, cerca de 3,2 milhões de pessoas ficaram sem acesso à internet por um motivo um tanto quanto peculiar e incomum: uma idosa de 75 anos. 

Um país e meio offline

Em 28 de março de 2011, cerca de 3,2 milhões de moradores da Geórgia e Armênia ficaram mais de 12 horas sem acesso à internet. Segundo repercutiu o portal Exame na época, a queda de sinal afetou até mesmo um pouco do Azerbaijão. 

No dia em questão, a idosa Hayastan Shakarian, de 75 anos, moradora da pobre aldeia georgiana de Armazi — que fica a cerca de 15 quilômetros da capital Tbilisi —, estava cavando em busca de cobre. O 'garimpo' do material é uma prática comum em países que pertenceram à União Soviética. 

Acontece que durante sua exploração, Shakarian acabou rompendo um cabo de fibra ótica. Como viu que o fio não tinha seu material desejado, ela acabou o reparando com um pedaço de fita isolante (o que não resolveu em nada a situação). 

Como 90% do tráfego de dados da Armênia passa pela Geórgia, o país foi o mais afetado com o episódio. A situação só foi resolvida após uma força-tarefa das empresas ArmenTel, FiberNet Communication e GNC-Alfa.

Embora a Georgian Railway Telecom, empresa proprietária do cabo de fibra óptica, tenha insistido que o cabo de 600 quilômetros tivesse uma "proteção robusta", técnicos apontam que o cabo estaria exposto após mudanças no solo, provocadas por deslizamentos e chuvas.

Por conta de toda a confusão, Hayastan Shakarian acabou sendo detida e admitiu ter rompido o cabo de internet, conforme recorda matéria publicada pelo Yahoo News —dias após o acidente. Sua intenção seria conseguir cobre para revender por alguns trocados. 

'Não sei que é internet'

Georgiana de origem armênia, Hayastan Shakarian foi entrevistada pela AFP para falar sobre o ocorrido. À época, ela disse que era apenas uma "pobre velha", alegando não ser capaz de cometer tal crime. 

Eu não cortei este cabo. Fisicamente, não poderia fazê-lo", disse ela aos prantos. "Não tenho ideia do que é a Internet". 

Segundo seu filho, Sergo Shakarian, a idosa estava com muito medo, principalmente pelo fato de que ela poderia pegar até três anos de prisão por destruição de propriedade. "Minha mãe é inocente. Ela chora o tempo todo. Ela está com muito medo". 

Na época, o porta-voz do Ministério do Interior da Geórgia, Zurab Gvenetadze, afirmou que apesar da pena estabelecida em lei, a idade e ingenuidade de Hayastan Shakarian foram primordiais para a avaliação jurídica — não dando prosseguimento ao processo.