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Matérias / Arqueologia

Esse é o rosto de um homem enterrado com conchas nos olhos há 9 mil anos

O indivíduo, que viveu em Jericó, teria passado por mais de uma reconstrução facial após sua morte; entenda!

Redação Publicado em 18/01/2023, às 18h15 - Atualizado em 09/02/2023, às 19h44

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Montagem mostrando crânio e reconstrução facial - Divulgação/ Museu Britânico e Divulgação/ Cícero Moraes/ Thiago Beaini/ Moacir Santos
Montagem mostrando crânio e reconstrução facial - Divulgação/ Museu Britânico e Divulgação/ Cícero Moraes/ Thiago Beaini/ Moacir Santos

Em 1953, uma escavação arqueológica na antiga cidade bíblica de Jericó, localizada na atual Cisjordânia, descobriu sete crânios de aparência curiosa, sendo estudados por historiadores desde então. 

Eles eram cobertos de gesso e decorados com conchas no lugar dos olhos — conforme especulado pelos especialistas, os objetos teriam sido posicionados nas cavidades oculares no intuito de simular os olhos dos mortos, enquanto a camada de gesso teria sido moldada no formato dos traços que aqueles indivíduos teriam exibido em vida. 

Outro tratamento curioso dado aos crânios é que eles pareciam ter sido alongados de maneira artificial quando os habitantes de Jericó estavam vivos. O processo teria ocorrido na juventude deles, com o método considerado como mais provável para alcançar este resultado sendo o ato de amarrar a cabeça com força.

Para completar a aparência diferenciada, os ossos teriam sido pintados com tinta marrom em certos pontos. Já seu interior, que um dia abrigou o cérebro dos indivíduos, teria sido preenchido com terra.  

SegundoCícero Moraes, aclamado designer 3D que já participou de inúmeros projetos em que reconstruiu rostos do passado a partir de seus crânios, as relíquias resultantes da prática funerária realizada na antiga cidade bíblica podem ser descrita como "as primeiras reconstruções faciais do mundo", segundo informações do Live Sience. 

Reconstrução atual 

Estágios da reconstrução facial do qual Cícero participou / Crédito: Divulgação/Cícero Moraes/ Thiago Beaini/ Moacir Santos

Hoje em dia, por outro lado, contamos com tecnologias muito mais modernas que os habitantes de Jericó de 9 mil anos atrás, de forma que é possível alcançarmos resultados mais próximos da realidade. 

Foi exatamente isso que Cícero fez, aliás, ao criar uma projeção do rosto de um dos homens enterrados no local com base em dados estatísticos coletados de tomografias computadorizadas.

A técnica, que geralmente é usada para a criação de próteses destinadas a pacientes amputados ou então planejamentos de cirurgias plásticas, permitiu ao especialista fazer uma aproximação de como seria a aparência do indivíduo morto há 9 mil anos. 

Etapa da reconstrução facial / Crédito: Divulgação/ Cícero Moraes/ Thiago Beaini/ Moacir Santos

Vale mencionar que essa não é a primeira vez que os cientistas tentam simular como era o rosto daquela que é apelidada de "A Caveira de Jericó". Uma iniciativa semelhante foi desenvolvida pelo Museu Britânico em 2016. 

A entidade fez uma varredura em raio X do crânio, criando assim uma série de detalhadas medições das proporções dos ossos milenares. Após a confecção desse modelo de base, houve ainda uma reconstrução facial inicial. 

Ainda de acordo com a entrevista de Cícero ao LiveScience, sua versão não é necessariamente "uma atualização" do projeto, mas "uma abordagem diferente". O designer brasileiro aponta que, neste esforço mais recente, a vantagem é que existe "maior coerência estrutural, anatômica e estatística". 

O resultado 

O homem enterrado na cidade bíblica nove milênios atrás teria falecido entre os 30 e 40 anos — para o período, seria considerado uma pessoa de "meia-idade". Sua idade foi determinada graças à análise de como teria ocorrido o processo de cura de uma lesão presente em seu crânio. 

Na nova simulação de sua face, a Caveira de Jericó possui olhos castanhos, pele escura, cabelos negros cacheados e até mesmo barba, configurando um modelo 3D de uma quantidade impressionante de detalhes.