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Matérias / Zeena Lavey

Filha do fundador da Igreja de Satã: Quem é a ex-satanista Zeena LaVey?

Na juventude, ela foi porta-voz da seita criada por seu pai, mas depois decidiu seguir seu próprio caminho espiritual

Ingredi Brunato Publicado em 08/11/2023, às 18h28

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Zeena LaVey em entrevista televisiva - Divulgação/ Youtube
Zeena LaVey em entrevista televisiva - Divulgação/ Youtube

Hoje aos 59 anos, a estadunidense Zeena Lavey é uma das mais famosas ex-satanistas do mundo. Durante os anos 80, ela era Grande Sacerdotisa da Igreja de Satã — que foi fundada por seu pai, Anton LaVey — e porta-voz da religião, concedendo diversas entrevistas televisivas em que buscava defender a Igreja e seu pai dos críticos. 

A moça acabou se tornando o rosto e a voz à frente do culto, sendo ainda mais relevante que o próprio fundador. Mais tarde, porém, acabou se desiludindo com a instituição e a abandonou. 

Infância traumática 

Entre alguns dos eventos chocantes do início da vida de Zeena, estão o fato que ela protagonizou, aos 6 anos, o primeiro batismo já feito pela Igreja de Satã, e também o fato que engravidou com apenas 13 anos. O pai da criança, no entanto, nunca foi revelado.

Ela também vivia em um ambiente de constante estresse, dado que sua residência era alvo frequente de assédio por parte de vizinhos e outras pessoas que se dirigiam até o local para expressar seu ódio em relação ao satanismo. Além disso, Zeena recebeu ameaças de morte desde muito jovem cedo diante de sua conexão com a Igreja de Satã. 

Não éramos queridos no nosso bairro, pois, a nossa presença criava muita desarmonia. Ele [Anton LaVey] atraiu muitos psicopatas que deixavam mensagens ameaçadoras na secretária eletrônica que não tínhamos escolha a não ser ouvir dia e noite", relatou ela em uma entrevista à Vice, publicada em 2012. 

"Também fui treinada para anotar a placa de qualquer carro que ficasse parado na frente por muito tempo, porque os vândalos atiravam ovos e disparavam contra a casa. O som do motor de um carro ainda me incomoda hoje em dia – o som que sempre precedeu um ataque – o satanismo não era uma coisa amada", acrescentou a ex-satanista. 

Crenças 'pós-modernas'

Segundo ZeenaLaVey, seu pai não acreditava realmente em Satanás, o anjo caído que governa o inferno e representa o mal nas crenças cristãs. Ele criou uma "versão pós-moderna do satanismo" que encorajava o orgulho e as atitudes individualistas, vendo Satã como um arquétipo que personificava esses princípios. 

Meu pai estava experimentando vários truques: dar palestras nas noites de sexta-feira que ele chamava de 'círculo mágico', apresentar shows burlescos com strippers fantasiadas de bruxas e vampiros, mas nada que fosse necessariamente 'satânico'", explicou ela a respeito das origens da Igreja. 

"Ele tinha um leão de estimação que levava consigo pelas ruas de São Francisco, então ele realmente estava fazendo tudo o que podia para se promover localmente. Só quando um publicitário escreveu uma história sobre ele, referindo-se a ele como o 'primeiro sacerdote de Satanás', é que teve a ideia de que poderia iniciar a sua própria religião", revelou Zeena

Rompimentos e retornos 

A mulher se afastou de sua família e da Igreja de Satã, no entanto, acabou retornando à seita quando viu cristãos acusando os satanistas de estarem por trás de uma série de atos horrendos, como o sacrifício de crianças. 

Nos anos 80, os fundamentalistas cristãos começaram a usar a igreja como bode expiatório, o grupo que podiam apontar como responsável por estas mutilações secretas de gado, raptos de crianças e teorias malucas de conspiração relacionadas com o governo, de que ouviam falar nas notícias. Entrei em pânico, sentindo como se estivessem atacando minha religião e meu pai, então entrei em contato com ele e perguntei quais eram seus planos para resolver a situação", relembrou ela à Vice. 
Zeena em entrevista / Crédito: Divulgação/ Youtube 

Anton LaVey, porém, não possuía nenhum plano, de forma que sua filha acabou ocupando uma posição de liderança dentro do culto. Foi neste momento que começou a fazer suas famosas aparições televisivas a fim de reabilitar a imagem da Igreja de Satã — o que também ajudou a atrair novos seguidores, renovando o interesse do público norte-americano na seita satânica. 

Após alguns anos, no entanto, Zeena teve seu rompimento definitivo com a religião. Ela continuou nutrindo sua espiritualidade, fazendo a prática, por exemplo, de magia negra. 

Um detalhe curioso, aliás, é que quando a estadunidense renunciou ao seu posto de Grande Sacerdotisa da Igreja de Satã, os novos seguidores que haviam aderido à seita por conta dela também abandonaram o culto. 

Em 2017, ela administrava o Movimento Sethiano de Libertação com o seu marido, Nikolas Schreck, com a proposta de ensinar magia para aqueles interessados em praticá-la. 

"Ensino pessoas em todo o mundo, independentemente das suas crenças ou origens: viciados em drogas, estrelas infantis, membros de seitas religiosas de seitas como Cientologia, Testemunhas de Jeová, membros de grupos políticos marxistas iranianos. Senti a necessidade de ajudar pessoas que têm uma necessidade imediata de assistência espiritual, e as técnicas que ensino podem ajudá-las a superar seus problemas da mesma forma que eu", explicou Zeena LaVey