Em 2014, a sentença ocorrida década de 1940, onde um menino de 14 anos foi injustamente acusado de um crime brutal foi revista
Alana Sousa Publicado em 31/01/2021, às 15h00
Era 16 de junho de 1944, estado da Carolina do Sul, Estados Unidos. George Stinney tinha 14 anos e pesava apenas 40 kg quando foi encaminhado para o setor da prisão em que seu terrível fim o aguardava. Sob um grande catálogo de telefone, o menino foi alocado na cadeira elétrica; ao ser atingido com o choque, rapidamente veio a óbito. Acontecia uma das execuções mais injustas da história americana.
O garoto afro-americano morava na região de Alcolu, em uma área que vivia os terrores da segregação racial. Naquele ano, em uma vala próxima a sua residência os corpos de duas meninas foram encontrados sem vida.
Mary Thames tinha 8 anos, enquanto sua amiga, Betty Binnicker tinha apenas 11. As crianças brancas haviam sido vistas pela última vez com vida enquanto andavam de bicicleta e admiravam os diferentes tipos de flores pelo bairro.
Após relatar o desaparecimento das meninas, os cadáveres foram localizados já sem vida e com marcas de pancadas numa área rasa, repleta de água, no dia seguinte. Como não havia suspeitos, pistas ou, até mesmo, a arma do crime, as autoridades se voltaram para os moradores mais próximos da cena hedionda.
Johnny e George Stinney foram levados para a delegacia, eram os possíveis autores do duplo assassinato — ainda que não houvesse provas para sustentar a teoria. Logo o garoto mais velho foi solto, restando apenas George na posse dos policiais.
Com a repercussão do caso, as autoridades sentiam a pressão para encontrar o assassino o mais rápido possível. Contando ainda com motivações raciais, já que só havia brancos em posições de poder, culpar uma criança negra parecia a estratégia ideal; e assim foi feito.
A confissão, no mínimo, duvidosa — sem a presença de advogados ou da assinatura de Stinney —, fez a Justiça aceitar a conclusão do advogado H. S. Newman de que o garoto era mesmo culpado.
No julgamento, que contou com a presença de mil pessoas brancas, inclusive no júri, George foi condenado à morte na cadeira elétrica em apenas uma hora de discussão. Para a promotoria, o menino tinha utilizado uma barra de ferro para matar as meninas, motivado pela vontade de ter relações sexuais com Betty e frustrado com a presença de Mary.
Em uma cela solitária em Columbia, Stinney aguardou o dia da execução. Três meses depois, em junho, aconteceu a eletrocussão, mesmo com um apelo da família para o governador do estado, Olin D. Johnson.
O político negou a revogação da sentença e respondeu na época para os parentes: “Poderia ser interessante para vocês saber que Stinney matou a menina mais nova para estuprar a mais velha. Depois, ele matou a garota e estuprou seu defunto. 20 minutos depois, ele voltou e tentou estupra-la de novo, mas seu corpo estava muito frio. Tudo isso foi admitido por ele”.
Era o fim de um menino de 14 anos, cuja culpa era morar perto de uma cena do crime. Todavia, 70 anos depois, uma revisão do caso mudou a reputação de George, ainda que não tenha sido possível mudar seu passado.
O menino inocente
Em dezembro de 2014, conforme repercutiu o portal G1, a juíza Carmen Tevis Mullen, da Carolina do Sul, revisou a sentença de George Stinney e mudou o veredito. Devido a um julgamento repleto de “violações fundamentais e constitucionais a um processo regular”, a magistrada absolveu o garoto, declarando-o inocente.
Em sua decisão histórica, Mullen relatou: “Não lembro de um caso, em que tenham sido tão abundantes as provas de violações aos direitos constitucionais e tantas as injustiças”. Mencionando detalhes essenciais que poderiam ter mudando o futuro do acusado, Carmen escreveu que o advogado contratado “fez muito pouco, ou nada, para defender Stinney”.
A arma do crime, uma barra de ferro de 38 centímetros parece ter sido adquirida ilegalmente, pelos policiais que atuaram no episódio. Sobre o tema, a juíza comentou que os oficiais agiram de “forma indevida, não conforme os códigos e os procedimentos penais”.
Embora não tenha mudado o que acontecera com George na década de 1940, a revisão serviu para limpar seu nome para a sociedade, algo que membros de sua família buscavam incansavelmente durantes os últimos anos. Ao saber da absolvição do irmão, Katherine Stinney Robinson, de 80 anos, falou: “Estou tão feliz, essa decisão demorou muito”.
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