Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Brasil Império

O amor à primeira vista entre Dom Pedro I e Amélia Augusta

A segunda esposa do imperador brasileiro deu um jeito tanto no marido quanto na corte

Mary Del Priore Publicado em 12/03/2020, às 19h06

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Dom Pedro I e Amélia em pintura oficial - Wikimedia Commons
Dom Pedro I e Amélia em pintura oficial - Wikimedia Commons

Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Beauharnais, princesa de Leuchtenberg e de Eichsteadt, tinha 17 anos quando chegou ao Rio de Janeiro. Neta da imperatriz Josefina, casada em segundas núpcias com Napoleão, havia acabado de cruzar o mundo em uma fragata para encontrar seu futuro marido, o imperador viúvo dom Pedro I. Era a manhã de 16 de outubro de 1829.

Pedro, famoso por casos inumeráveis, havia despachado para São Paulo sua amante de longa data Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos. Ele estava no porto esperando a noiva.

Sua fama de mulherengo e a distância entre Brasil e Europa haviam afastado um sem-número de pretendentes e, por isso, ele deve ter ficado abismado com a beleza da moça, que topou o casamento graças aos esforços do embaixador brasileiro na França, o visconde de Pedra Branca. Em uma das cartas ao seu enviado à Europa, o imperador pedia que encontrasse uma mulher bonita.

Amélia Augusta / Crédito: Reprodução

Nas lojas do Rio de Janeiro, fitas e tecidos rosa, a cor predileta de Amélia, se esgotaram rapidamente. Dom Pedro estava apaixonado e falava da princesa como "a adorada Amélia, minha salvadora e salvadora do Brasil".

As testemunhas corroboravam a paixão mútua. "Vi os noivos tão ocupados um do outro, como se fossem namorados de muitos anos", registrou o marquês de Barbacena. "Neste momento, considero aqueles dois entes os mais felizes do mundo."

No dia seguinte, a cidade estava enfeitada para as bodas reais. Tiros de artilharia, iluminação especial, repiques de sinos e arcos triunfais saudaram o longo cortejo de carruagens, que seguiu desde o Arsenal da Marinha até a Capela Imperial, onde foi celebrado o casamento religioso.

Amélia adotou o costume que vinha da época do Consulado francês de Napoleão: o vestido de casamento longo, branco e acompanhado de véu de renda, tal como aquele usado por Carolina Bonaparte ao se casar com o general Murat.

Apesar da juventude, Amélia mudou a vida de dom Pedro e de sua corte. Ao chegar no Paço Imperial, em São Cristóvão, impressionou-se com a desordem reinante. Tratou de disciplinar o palácio, dando a ele toques de etiqueta e cerimonial. Estabeleceu horários e transformou o francês em língua dominante.

Também introduziu refinamento nos serviços e vestuário. Amélia inspirou, com sua juventude e beleza, a Ordem da Rosa, condecoração criada pelo marido em sua homenagem, com a legenda "amor e fidelidade".

Ela esteve sempre ao lado do marido: no trauma da abdicação, na luta contra seu cunhado Miguel, em Portugal, e no leito de morte de dom Pedro, em 1834, em Lisboa. Viúva aos 22 anos, a bela Amélia jamais se casou outra vez.


Por Mary Del Priore - Doutora em história social com pós-doutorado na École des Hautes Études en Sciences Sociales, vencedora do Prêmio Jabuti e autora de Histórias Íntimas - Sexualidade e Erotismo na História do Brasil.