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Matérias / Luis Carlos Galán

Luis Carlos Galán: O candidato à presidência executado pelo cartel de Pablo Escobar

Em agosto de 1989, Galán foi assassinado pelo Cartel de Medellín; o crime intensificou a caçada contra El Patrón

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 11/02/2020, às 17h04 - Atualizado em 10/08/2023, às 15h39

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Luis Carlos Galán em entrevista - Reprodução/Youtube/Juan Manuel Galán Pachón
Luis Carlos Galán em entrevista - Reprodução/Youtube/Juan Manuel Galán Pachón

Ele era um dos principais candidatos à presidência de seu país. Conhecido por combater casos de corrupção, acabou saindo com vida de tentativas de atentados. Ele chegou a desafiar os narcotraficantes que 'dominavam' sua nação, mas foi assassinado pelo Cartel.

No início da noite da última quarta-feira, 9, o político Fernando Villavicencio, de 59 anos, foi morto com três tiros na cabeça após encontro com eleitores em Quito, no Equador.

Mas o caso citado acima, apesar das semelhanças, remete ao assassinato de Luis Carlos Galán Sarmiento — candidato à presidência da Colômbia, morto em 1989 a mando de Pablo Escobar!

O assassinato de Villavicencio

Fernando Villavicencio foi morto com três tiros na cabeça enquanto deixava um encontro com eleitores em Quito, capital do Equador, na última quarta-feira, 9. Segundo as pesquisas eleitorais, Villavicencio ocupava a segunda colocação na disputa presidencial.

O candidato à presidência chegou a ser levado às pressas para a Clínica da Mulher, hospital mais próximo ao local do atentado. Entretanto, acabou não resistindo aos ferimentos e seu óbito foi constatado pouco depois.

Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador/ Crédito: Reprodução/Instagram/Fernando Villavicencio

Fernando Villavicencio era representante do Movimento Construye, conhecido por ser um defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores. Sua campanha também foi baseada por condenar as facções criminosas que tomam conta do Equador. Uma das promessas de seu governo eras justamente acabar com o crime organizado.

Profissionalmente, Villavicencio atuou como jornalista investigativo, denunciando casos notáveis de corrupção. Um desses exemplos aconteceu conta o ex-presidente Rafael Correa, acusado de cometer crimes contra a humanidade por orquestrar a invasão armada ao hospital da Polícia em 30 de setembro de 2010. Fernando, porém, acabou sendo condenado a 18 meses de prisão, em 2014, por 'injúria'.

Outro caso em que denunciou foi o provável prejuízo que o Equador tomou por negociar a venda de petróleo para a China e Tailândia. Assim, usou em sua campanha a promessa combater a corrupção no país.

Antes de ser assassinado, Fernando Villavicencio chegou a ser alvo de um atentado em 3 de setembro de 2022. Naquela madrugada, enquanto descansava em sua casa, tiros foram dados contra sua residência.

Apelidado de Don Villa, Villavicencio havia provocado o grupo de Los Choneros, aliado ao Cartel de Sinaloa (México), horas antes de seu assassinato. "Venham, aqui estou. Disseram que iriam me quebrar. Aqui está Don Villa. Que venham os chefões do narcotráfico, venham! Que venham os atiradores, que venham os milicianos! Acabou-se o tempo da ameaça. Aqui estou eu. Podem me dobrar, mas nunca vão me quebrar".

Entretanto, quem reivindicou sua morte foi outra organização criminosa, o Cartel de Los Lobos. Em um vídeo publicado nas redes sociais, membros da organização explicam o atentado.

Toda vez que políticos corruptos não cumprirem suas promessas quando receberem nosso dinheiro, que é de milhões de dólares, para financiar sua campanha, serão dispensados".

Até o momento, seis pessoas associadas ao crime foram detidas. Importante ressaltar, porém, que o Cartel de Los Lobos, envolvido com o tráfico internacional de cocaína, possui mais de 8 mil membros.

O assassinato de Galán

Luis Carlos Galán Sarmiento, apontado como favorito para vencer as eleições colombianas, foi assassinado por uma rajada de tiros em 18 de agosto de 1989. O crime aconteceu pouco antes de um discurso durante um evento público em Soacha.

Representante do Partido Liberal, Galán chegou a ser enviado para um hospital em Bogotá, mas acabou não resistindo aos ferimentos. Sua morte foi atribuída ao Cartel de Medellín, então liderado por Pablo Escobar.

Pablo Escobar, em 1983/ Crédito: Getty Images

Duas semanas antes de morrer, Galán havia sofrido outro atentado durante uma conferência na Universidade de Antioquia. Na ocasião, uma mulher avisou aos policiais que avistou três homens portando um lança-foguetes dentro de um carro.

O oficial de polícia Valdemar Franklin Quintero acabou encontrado os capangas de El Patrón, e o atentado foi evitado. No mesmo dia, porém, Quintero acabou sendo assassinado por ordens de Escobar.

O candidato à presidência era conhecido por ser um inimigo declarado dos cartéis. Sua maior campanha de governo, aliás, era extraditar Pablo Escobar para os Estados Unidos — que já o monitorava por liderar o tráfico de cocaína para o país.

A execução de Galán aconteceu logo em sua chegada à Soacha. O político foi baleado por disparos feitos por Jaime Eduardo Rueda Rocha e Henry de Jesús Pérez. Mas o crime fora orquestrado pelo paramilitar Carlos Castaño Gil, o político Alberto Santofimio Botero e os narcotraficantes Gonzalo Rodríguez Gacha — o Mexicano — e Pablo Escobar.

Galán foi vítima de uma conspiração muito bem elaborada, o esquema de segurança do político foi alterado dias antes de sua chegada. O comandante do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) da Colômbia, Miguel Maza, nomeou o inexperiente tenente Jacobo Torregrosa como chefe de segurança do candidato a presidente.

Luis Carlos Galán em entrevista / Divulgação/Youtube/Juan Manuel Galán Pachón

Torregrosa, por sua vez, designou novatos para o trabalho de segurança, e permitiu que sicários de Escobar se infiltrassem no esquema de segurança. O tenente teria afirmado que realizou um esquema de segurança rigoroso, mas investigações levaram ao fato de que não havia controle de armas e nem das pessoas que atenderam ao evento.

O tenente Torregrosa não estava no palanque na hora do atentado, e ficou desaparecido após o acidente, deixando muitas perguntas a serem respondidas. Embora motivações e mandantes não tenham sido questionados, a ideia dos traficantes não se concretizou, pois quem viria a ser eleito presidente foi o vice de Galán, César Gaviria.

A morte de Galán serviu para a perseguição contra Pablo Escobar ser intensificada pelas autoridades do país. El Patrón acabou sendo morto anos depois, em 2 de dezembro de 1993, durante uma perseguição em Medellín.