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Matérias / EUA

Tesla vs Edison: A disputada Guerra das Correntes

Conheça a disputa entre dois gênios que deu origem à era elétrica

Redação Publicado em 09/09/2019, às 08h00

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A histórica guerra - Wikimedia Commons
A histórica guerra - Wikimedia Commons

Eram 6h38 da manhã quando William Kemmler foi trazido à sala, diante de 17 testemunhas. Vestia terno e gravata, mas tinha o topo de sua cabeça raspado. Num perturbador bom humor, afirmou: “Senhores, desejo a vocês boa sorte. Acredito que estou indo para um lugar melhor e estou pronto para ir”.

O carcereiro fez um buraco em seu terno e colou um eletrodo perto do coração. Kemmler sentou-se, foi amarrado à cadeira e recebeu uma máscara que cobria o topo da cabeça, parecida com a de um soldador. O carcereiro se despediu com um “Adeus, William” e ordenou que ligassem a chave, passando uma corrente de mil volts por seu corpo.

Depois de 17 segundos, a chave foi desligada. O médico concluiu que ele estava morto – um sucesso. Até as testemunhas notarem, nervosamente, que ele ainda respirava. A máquina então foi reajustada para 2 mil volts. Imediatamente, uma fumaça começou a sair de sua cabeça, espalhando um cheiro insuportável de carne e cabelos queimados. Os vasos sanguíneos sob a pele simplesmente explodiram e ele começou a sangrar.

As testemunhas se levantaram para sair da sala, mas foram impedidas pela porta trancada. Tiveram de suportar a tortura por oito minutos, até terem certeza de que William Kemmler, assassino da própria esposa, fora despachado.

Dois Lados

Era 6 de agosto de 1890 e acontecia a primeira execução por cadeira elétrica da História. Kemmler se tornava a primeira vítima de uma guerra – a Guerra das Correntes. Isto é, primeira vítima humana: dois anos antes, o engenheiro elétrico Harold Brown havia eletrocutado um cachorro diante de uma plateia exasperada no Columbia College, para provar quanto a corrente alternada era perigosa.

A plateia tentou em vão exigir que parasse. Vários animais encontraram o mesmo destino – inclusive um cavalo, um dia antes da execução de Kemmler, para provar que o método era limpo e eficiente.


A execução de William Kemmler / Wikimedia Commons

“A disputa entre corrente alternada e corrente contínua começou como um conflito bem corriqueiro entre dois padrões técnicos, uma batalha entre dois métodos competindo para entregar essencialmente o mesmo produto: a eletricidade”, afirma Tom McNichol, autor de AC/DC: The Savage Tale of the First Standards War (CA/CC: A Selvagem História da Primeira Guerra dos Padrões). “Mas a briga logo se transformou em algo maior e mais sombrio.”

O que estava em jogo pode parecer um enigma para quem não é familiarizado com a terminologia da ciência elétrica. Brown – secretamente patrocinado por Thomas Edison – queria provar que a corrente alternada era uma tecnologia, em suas próprias palavras, “amaldiçoada”. Ele e Edison eram os cruzados da corrente contínua, um sistema de distribuição que eles consideravam muito mais seguro. 

Do outro lado do debate estavam outros pesos pesados do pioneirismo elétrico: o capitalista e inventor George Westinghouse e o sofrido gênio Nikola Tesla. Westinghouse havia sido pioneiro em divisar um sistema de distribuição de eletricidade por corrente alternada, concorrendo diretamente com Edison.

Tesla era um ex-funcionário de Edison que havia tornado o sistema de Westinghouse comercialmente viável, ao criar, entre outras melhorias, o primeiro motor de corrente alternada eficiente o bastante para ser usado na indústria. 

Mesmo sendo o dinheiro – e, portanto, o poder – por trás da corrente alternada, Westinghouse é raramente lembrado. E já era assim mesmo na época. Tesla era uma estrela, que, mesmo com seu sotaque carregado, se expressava com raro talento literário. Westinghouse era um recluso e maçante empresário.

“Tesla imigrou para a América sem um tostão. Sua ascensão meteórica era um material excelente para os jornais”, afirma o historiador W. Bernard Carlson, da Universidade da Virgínia, autor de Tesla: Inventor of the Electrical Age (Tesla: Inventor da Era Elétrica). 

Até então, “o motor de corrente contínua era a maior cartada de Edison”, conforme a historiadora americana Jill Jonnes, autora de Empires of Light (Impérios da Luz, sem tradução). “Os que defendiam a corrente alternada eram chamados [pelo inventor] de ‘Joões Pães-Duros’ e ‘Apóstolos da Parcimônia’, trapaceiros empurrando equipamento inferior aos desavisados.”

As Correntes

Corrente contínua é a que você aprende na escola: a eletricidade flui constantemente do polo negativo para o positivo. Isso é verdade para pilhas e baterias, mas não é como uma tomada funciona. Na corrente alternada, os polos são invertidos dezenas de vezes por segundo e a eletricidade corre em zigue-zague.

Parece contraintuitivo, mas é a forma mais natural como a energia elétrica pode ser gerada por movimento. Um gerador com ímãs fixos e um eixo móvel – um alternador – produz corrente alternada.

É preciso uma peça adicional, o comutador, para produzir corrente contínua, o que chamamos de dínamo. Isso já era conhecido na década de 1830, quando Michael Faraday e Hippolyte Pixii construíram os primeiros dínamos e alternadores.

É possível transmitir eletricidade por uma distância muito maior por corrente alternada, usando cabos de alta voltagem e transformadores, que diminuem a voltagem para uso residencial. A corrente contínua perde poder demais com a distância e também exige cabos mais robustos – caríssimos, porque são de cobre puro.

Edison havia sido o primeiro a criar uma central elétrica em 1882, em Nova York, usando corrente contínua. A energia fluía direto do gerador para as casas, a baixa voltagem. Ele se gabava que qualquer um podia encostar a mão em qualquer parte de seu sistema recebendo (talvez) apenas um choque leve. Mas a distância máxima entre os clientes e a usina era de 800 metros.

O plano de Edison era que a eletricidade urbana funcionaria por um sistema de uma usina a cada poucos quarteirões. “Todo o aspecto do sistema de corrente contínua de Edison foi criado do zero por ele próprio ou seus colegas”, afirma Jill Jonnes. “É fácil imaginá-lo obstinadamente recusando incorporar as invenções dos outros, particularmente se ele pudesse convencer a si mesmo que a outra tecnologia era perigosa.”

Westinghouse e Tesla acreditavam em grandes usinas longe da cidade, transmitindo por muitos quilômetros através da corrente alternada, em cabos de alta voltagem, diminuída para uso residencial em transformadores locais. Essa parte da alta voltagem – que, não é segredo, mata hoje tanto quanto então – seria o centro da campanha contra a corrente alternada. 

Arquirrivais

A inimizade entre Tesla e Edison era bem pessoal. Tesla fora empregado da Companhia de Iluminação Edison entre 1882 e 1885, trabalhando pessoalmente com o patrão nos dois últimos anos. Em 1885, ele tentou, em vão, apresentar seu revolucionário projeto de motor de corrente alternada para Edison, junto com todo um novo esquema de geração e distribuição. 

O motor era uma paixão pessoal de Tesla. Em seus anos de faculdade, na Áustria, havia notado como um dínamo de corrente contínua emitia faíscas, causadas pelo comutador. Sendo um obsessivo-compulsivo, essa ineficiência deixou-o profundamente incomodado.

Tesla sugeriu a seus professores que o comutador era desnecessário. Uma heresia: sem o comutador não havia corrente contínua, e apenas a corrente contínua permitia o uso de motores elétricos. Acabou não se formando.

Em 1882, quando vivia na Hungria, durante um passeio no parque, ele teve a “visão” de como um motor de corrente alternada poderia funcionar. Duas diferentes fontes de energia (ou fases) aplicariam o ritmo das pulsações da corrente alternada em sequência, criando um campo magnético giratório. E esse motor permitiria a adoção universal da corrente alternada, provando que seus professores – e Edison – estavam errados. 

Edison já estava com todo um sistema pronto e já tinha pavor de choques elétricos. Tesla foi, assim, ignorado. Em 1886, Edison ofereceu a Tesla 50 mil dólares se conseguisse melhorar seus geradores de corrente contínua. Tesla, como sempre, trabalhou obsessivamente e entregou os resultados.

Quando quis cobrar a fatura, ouviu de Edison que era brincadeira: “Tesla, você não entende o humor americano”. Imediatamente, apresentou sua demissão. Chegou a passar por séria penúria, aceitando trabalhos braçais para se sustentar. 

Edison no fundo estava muito mais preocupado com Westinghouse, um concorrente direto nos negócios, do que com Tesla, de enorme presença midiática, mas sem os meios para tirá-lo do jogo. Sua paixão na briga que se seguiria é compreensível. “Fortunas e reputações estavam na linha, então não é surpresa que essa disputa tenha se tornado uma briga de egos tanto quanto de padrões”, afirma Tom McNichol. “Líderes dos dois lados começaram a ver seu padrão como uma extensão de si próprios – eles antes aceitariam ter um braço cortado que abandonar seu padrão.”

Edison ao ataque

A tétrica cena que abre esta matéria tem um dedo de Thomas Edison. Ele não inventou a cadeira elétrica – isso partiu da Comissão de Morte do Estado de Nova York (sim, esse era o nome). Eles queriam criar um substituto mais moderno para a forca.

Um membro da comissão, o dentista Alfred Southwick, mandou uma carta a Edison em novembro de 1887. “O que o dentista precisava era de seu enorme prestígio ‘como um eletricista’ para persuadir os legisladores”, afirma Jill Jonnes.

Edison recusou veementemente. Ele não acreditava em pena de morte. Pressionado novamente, decidiu jogar a bomba para a concorrência, em dezembro: “A mais efetiva [forma de execução] são as máquinas conhecidas por ‘alternadores’, fabricadas neste país por George Westinghouse”, afirmou em uma carta ao dr. Southwick. “A passagem da corrente dessas máquinas pelo corpo humano, mesmo pelo contato mais suave, produz morte instantânea.”

Em fevereiro, Edison entrou no debate com um panfleto de 88 páginas intitulado Um Alerta da Companhia de Iluminação Edison. Era uma imensa diatribe contra a corrente alternada, chamada de ineficiente e perigosa, um mero método de fazer dinheiro fácil. “Todos os eletricistas que acreditam no futuro da eletricidade devem se unir contra a ganância na eletricidade aplicada, quer envolva ineficiência ou perigo”, afirmava.

Ajuda do clima

No mês seguinte, a causa de Edison ganhou uma ajuda da natureza. Uma grande tempestade de neve atingiu Nova York, destruindo quase toda a estrutura elétrica da cidade. Talvez até aqui você esteja imaginando a época do jeito errado, com cavalos puxando elegantes coches vitorianos sob a luz de velas. Nada mais distante da realidade: o padrão não havia sido definido, mas a eletricidade já estava em todo lugar.

Em 1888, o céu em Nova York era bloqueado por um matagal de fios, de empresas de telégrafo, telefone, energia e alarmes antirroubo e anti-incêndio. Não havia legislação nenhuma, e vários desses fios haviam sido abandonados por clientes ou fornecedores que nem existiam mais. 

Em 15 de abril, um menino topou com um cabo solto pela tempestade e foi eletrocutado. “Na primavera de 1888, a ‘morte por cabo elétrico’ se tornou, pela primeira vez, uma imensa preocupação da imprensa nova-iorquina”, afirma Jill Jonnes. “A indignação crescente dos jornais imitava a de Thomas Edison, um velho queridinho da imprensa de Nova York.” Vários outros casos de morte, principalmente de trabalhadores tentando se entender com o emaranhado de fios, tomaram as notícias.

Edison não podia ser contado entre os culpados: os cabos perigosos eram de corrente alternada, transferindo energia a 3 mil volts para a iluminação pública através de poderosas lâmpadas de arco voltaico.

Essas lâmpadas datavam dos anos 1870 e produziam uma intensa luz, adequada apenas para a iluminação pública. Tão intensa, aliás, que continuaram a ser usadas ao longo do século 20 em faróis de navegação marinha, projetores de cinema e holofotes. Com sua lâmpada, Edison não havia inventado a primeira forma de iluminação elétrica, mas a primeira a ser suave o suficiente para ser usada dentro de casa.

O pânico dos cabos elétricos veio a calhar para Edison. “Por seis anos, lâmpadas de arco voltaico e seus cabos eram vistos como uma coisa feia e incômoda em Manhattan”, afirma Jill Jonnes. “Mas agora a população começaria a associar a eletricidade de alta voltagem com perigo e morte, como Thomas Edison sempre fez.” 

Em 5 de junho do ano seguinte, o engenheiro Harold Brown iniciou sua cruzada aparentemente pessoal contra a corrente alternada, lançando um artigo em 5 de junho no New York Post: “A única desculpa para o uso da fatal corrente alternada é que livra a companhia que a opera de gastar uma grande quantidade de dinheiro nos cabos de cobre mais pesados, necessários para a iluminação incandescente. Isto é, o público deve se submeter ao perigo constante de morte súbita para que uma empresa ganhe lucro a mais”.

Era um argumento duas vezes desonesto. Lucro era um óbvio objetivo em ambos os lados, envolvendo nascentes impérios empresariais – ainda que, pessoalmente, não fosse o objetivo primário de Tesla, Westinghouse ou Edison. Mas as paixões em questão iam muito além disso, eram a respeito do então sonho da distribuição universal da eletricidade. Três dias depois, Brown iniciou um lobby para que uma lei fosse aprovada limitando a voltagem máxima de qualquer rede para 300 volts – tornando a corrente alternada inútil.

A resposta do outro lado foi branda. Westinghouse apenas contestou nos jornais as afirmações de Brown e pagou um advogado para iniciar uma malsucedida ação contra a proposta da cadeira elétrica. Em 25 de agosto de 1889, Brown seria desmascarado. Num artigo no New York Sun, foi revelado que ele estava sendo patrocinado por Edison. Mas a guerra continuou.

Fim da disputa

A execução de William Kemmler foi o auge da Guerra das Correntes. O fracasso da eletrocussão em se provar um meio “humano” para executar criminosos foi uma vitória para seus patrocinadores. Executivos da Companhia de Iluminação Edison fizeram uma proposta maliciosa, reproduzida pela imprensa. “Como o dínamo de Westinghouse será usado para o propósito de executar criminosos, por que não dar a ele o benefício desse fato nas mentes do público e falar em um criminoso ser ‘westinghousado’?” Com a cadeira elétrica, “os executivos de Edison saboreavam a mais monstruosa das vitórias na Guerra das Correntes”, comenta Jill Jonnes. 

Mas a batalha já estava quase perdida. Acumulando prejuízos, Edison era pressionado pelo setor financeiro da empresa a aceitar a corrente alternada. Ele nunca se dobrou, mas, em 1889, com a fusão de várias de suas empresas, formando a Edison General Electric, perdeu o controle acionário.

Contra sua vontade, a subsidiária Edison Machine Works começou a desenvolver equipamento de corrente alternada. Em abril de 1892, a companhia foi fundida com a Thomson-Houston, que trabalhava com corrente alternada. A nova empresa chamou-se General Electric, sem Edison.

Um mês depois da fusão, Westinghouse ganhou da General Electric a concorrência para iluminar a Feira Mundial de Chicago. O sucesso levou a sua companhia a ter autorização para criar a usina hidroelétrica de Niagara Falls, concluída com a colaboração de Tesla.

Foi um imenso triunfo da engenharia, que abriu espaço para a universalização da corrente alternada. “A guerra das correntes terminava”, afirma Jill Jonnes. “George Westinghouse, Nikola Tesla e a corrente alternada venceram. O mundo estava prestes a mudar para sempre.” 

Vencedor, Tesla partiria para sonhos mais altos. E essa, na verdade, a parte mais heroica – e trágica – de sua carreira, a mais lembrada por seus fãs e a que rendeu as fotos mais impressionantes. E isso seria toda uma outra reportagem. Tesla se tornaria, entre outras coisas, provável real criador do rádio e do radar, e confirmadamente do controle remoto e do radiotelescópio – uma saborosa história, na qual, aliás, ele acreditou que ondas de rádio emitidas pelas estrelas fossem sinais de alienígenas. E também – seu maior sonho não realizado – a eletricidade sem fio. 

No resto da década de 1890, a Guerra das Correntes deu lugar a outra disputa, bem mais mundana: a General Electric, já sem relação com Edison, entrou numa pesada disputa por patentes com Westinghouse. O alto custo dessa batalha colocaria sua empresa à beira da bancarrota – a ponto de ele ter que pedir ajuda a Tesla em 1907.

No mesmo ano, ele acabou deixando o controle da companhia. Suprema ironia do destino, em 1911, ele seria premiado com a Medalha Edison – uma honra do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos dos Estados Unidos.

Prêmio de consolação

Se você faz ideia de onde vem a eletricidade pela qual a luz da sala onde está agora é acesa, não é segredo quem ganhou a Guerra das Correntes. A visão de Edison, de inúmeras termoelétricas espalhadas pela cidade, emitindo fumaça da queima de carvão, hoje parece um pesadelo distópico.

Mas há um detalhe que costuma ficar de fora da discussão: você sabe por que não é possível ligar um celular ou notebook direto na tomada, precisando de uma fonte, aquela caixinha esquisita, no meio da caminho? Porque eles usam corrente contínua. 

A fonte também está escondida em todo televisor e qualquer aparelho eletrônico que precise de mais que um motor ou uma lâmpada, as tecnologias do século 19. A eletricidade na tomada é corrente alternada, mas aparelhos sofisticados só funcionam em corrente contínua. A fonte é mistura de conversor, transformador e retificador, que muda o tipo de corrente para contínua e reduz a voltagem. Cada vez que você perde a fonte e se torna incapaz de carregar seu notebook, o fantasma de Edison dá um sorrisinho sardônico. 

Tesla também receberia a sua Medalha Edison em 1916. Seu discurso, após alguns trechos no estilo que o tornaria folclórico, afirmando, entre outras, que pretendia viver até os 120 anos, ele acabou se saindo com um dos mais deliciosos insultos da história: “Eu encontrei Edison e o efeito que ele produziu em mim foi extraordinário. Quando vi aquele homem maravilhoso, que não possuía nenhum treinamento, nenhuma vantagem e fez tudo por si próprio, e vi os imensos resultados pela virtude de seu esforço e empenho, me senti mortificado em haver desperdiçado minha vida – vocês veem, eu estudei uma dúzia de línguas, me aventurei pela literatura e gastei os melhores anos de minha vida ruminando por bibliotecas e lendo todo o tipo de material que caísse em minhas mãos”. 

Para Tesla, Edison era um ignorante que trabalhava loucamente até conseguir o que queria, seja como fosse. Ele o compararia a uma abelha procurando estupidamente uma agulha num palheiro, palha por palha. Edison, sem o mesmo dom literário, chamou Tesla de “um poeta da ciência. Suas ideias são magníficas, mas nada práticas”.

E ambos tinham sua dose de razão. “Tesla era como Alexander Graham Bell, que chamava a si próprio de ‘inventor teórico’, preferindo editar e formar suas ideias em sua mente. Em contraste, Thomas Edison era quase o oposto em estilo, preferindo desenvolver suas ideias por meios físicos, seja rabiscando ou manipulando objetos em sua mesa de trabalho”, afirma o historiador W. Bernard Carlson. 

Em 1891, ainda na época da Guerra das Correntes, Edison inventaria o cinetoscópio, o primeiro projetor viável de cinema, que usava rolos de filme perfurado e funcionava – evidentemente – em corrente contínua. Dono de uma das primeiras grandes empresas do ramo, ele se tornaria um dos fundadores de Hollywood.

Sem nunca perder o poder, seria dele o nome a figurar nos livros didáticos – que não poderiam ser impressos sem Tesla e Westinghouse. E também privou Pelé da chance de ser batizado como Tesla Arantes do Nascimento.