Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Meio-ambiente

Julia Hill: A ambientalista que viveu por anos cima de uma árvore

O caso ganhou notoriedade no final do século passado com a arriscada forma que a jovem levou a vida

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 09/04/2023, às 10h00 - Atualizado em 04/05/2023, às 16h36

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Julia em entrevista na barraca montada na árvore - Divulgação / Vídeo / YouTube
Julia em entrevista na barraca montada na árvore - Divulgação / Vídeo / YouTube
Julia em cima de uma árvore /Crédito: Reprodução/Vídeo

Em 10 de dezembro de 1997, uma sequoia — árvore conhecida por seu nome científico Squoiadendron giganteum e características que os colocam entre as árvores de maior volume, comprimento e peso existentes — amanheceu diferente em uma floresta na Califórnia; ao invés de ostentar apenas folhas e galhos, ela contava com um ser humano pendurado em sua estrutura.

Era a jovem Julia Hill, conhecida pelo apelido de 'butterfly' ('borboleta', em tradução livre), que por conta própria escalou uma sequoia de 55 metros de altura, chegando a montar uma plataforma e até uma barraca entre dois galhos próximos e planos, de maneira a tornar a árvore sua moradia.

O motivo da arriscada empreitada, longe de equipamentos de segurança, era chamar atenção para uma causa ambiental; o contínuo desmatamento e extração do material destas árvores sustenta madeireiras californianas à décadas. Com a crescente perda florestal, Julia tornou-se uma inimiga da empresa que tinha concessão para a derrubada daquela sequoia específica.

Ao longo de meses, ela ficou próxima do topo da árvore, sofrendo tanto pelos funcionários da madeireira, que chegaram a tocar buzinas altas ao longo dos dias e noite para estressá-la e dificultar seu sono, quando pelos imprevistos naturais, enfrentando tempestades de inverno com neve e granizo. A alimentação passou a ser enviada por amigos e apoiadores, através de uma corda.

Assim, ela acumulou 738 dias em cima da árvore, até realmente receber um parecer da Pacific Lumber Company, que tinha o direito da derrubada. Hill concordou em desocupar os galhos em um acordo que previu preservar aquela árvore e todas as outras em um raio de 61 metros, marcando o fim do protesto histórico.

Depois da sequoia

Após sua saída da árvore em 1999, Hill continuou a trabalhar como ativista ambiental, chegando a lançar um livro no qual fala sobre a experiência. Ela viajou pelo país dando palestras e defendendo a conservação da natureza e a responsabilidade social e ambiental das empresas.

Ela também trabalhou como consultora e educadora ambiental, compartilhando suas experiências e conhecimentos com jovens e adultos: "Como nada acontece no vazio, é cientificamente impossível não ter algum impacto", afirmou a ativista à BBC, ao avaliar seu trabalho em prol do meio ambiente.

Em meio a essas aventuras, chegou a ser deportada do Equador em 2002, após participar de uma intervenção que proibia a petroleira Occidental construir oleodutos que cruzariam territórios indígenas.

Em 2012, Hill fundou a organização "Circles of Air, Circles of Stone" para ajudar a conectar as pessoas à natureza e inspirá-las a agir em defesa do meio ambiente. Ela também se tornou uma palestrante proeminente em eventos ambientais e conferências.

A luta da ativista em defesa da floresta Headwaters e sua resistência pacífica inspiraram outras pessoas a se engajarem em causas ambientais em todo o mundo. Seu ato se tornou um símbolo de coragem e perseverança na defesa do meio ambiente.