Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Martha Lillard

Martha Lillard: Conheça a última pessoa a ainda respirar com ajuda do pulmão de ferro

Após Paul Alexander, conhecido como 'o homem do pulmão de ferro', existe apenas outra pessoa no mundo a viver com a máquina: Martha Lillard

Ingredi Brunato Publicado em 18/03/2024, às 17h11

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Martha Lillard em reportagem - Divulgação/ Youtube/ Vídeo
Martha Lillard em reportagem - Divulgação/ Youtube/ Vídeo

Na última terça-feira, 12, morreu Paul Alexander, o chamado "homem do pulmão de ferro", aos 78 anos. Após seu falecimento, restou apenas uma última pessoa no mundo a contar com o auxílio da máquina para respirar. 

O equipamento consiste em uma câmara hermética de metal do tamanho do paciente que cria um vácuo na altura do pescoço, e, na ponta em que ficam os pés, conta com foles que atuam de forma semelhante a um diafragma humano.

Funciona como um imenso ventilador, permitindo que a pessoa inserida ali dentro consiga inspirar e expirar mesmo sofrendo com a paralisia dos músculos, conforme explicado pelo NPR.

Martha Lillard, de 75 anos, é agora a única pessoa a ainda se utilizar do pulmão de ferro a fim de sobreviver. A norte-americana passou a depender da máquina pelo mesmo motivo que Alexander: por conta da poliomelite, doença causada pelo poliovírus. 

Quem é Martha?

Assim como Paul Alexander, Martha contraiu o vírus durante a infância, pouco após comemorar cinco anos de vida. Sua festa ocorreu em um parque de diversões situado no estado norte-americano de Oklahoma, nos Estados Unidos. Uma semana e pouco mais tarde, porém, ela amanheceu com os primeiros sintomas: dor de garganta e na região do pescoço. 

Vale mencionar que hoje em dia a poliomelite já é quase erradicada graças ao advento da vacina. Na primeira metade da década de 50, porém, o imunizante ainda não havia sido inventado, e os Estados Unidos viviam uma epidemia da doença. 

Após hospitalizada por cerca de seis semanas, Lillard infelizmente se encontrava paralisada devido a avanço do poliovírus em seu organismo. Se não tivesse sido colocada dentro do pulmão de ferro, teria morrido por asfixia devido à incapacidade de mover os músculos necessários à respiração.

Fotografia de Martha Lillard na infância dentro do pulmão de ferro / Crédito: Reprodução 

É importante enfatizar que, durante o dia, é possível usar métodos conscientes de respiração para viver a vida longe do pulmão de ferro, exercitando músculos diferentes do corpo para colaborar com o processo. Era a rotina de Paul Alexander, por exemplo. 

Já pela noite, quando a respiração se torna involuntária, é uma história diferente: é graças ao pulmão de ferro, em que passou todas as noites de sua vida desde 1953, que Martha continua viva. 

Outros sobreviventes da poliomelite, aliás, eventualmente migraram para outras formas de respirar durante a noite, mas a norte-americana nunca conseguiu deixar a máquina, e a considerava "um amigo". 

Tentei todas as formas de ventilação, e o pulmão de ferro é a forma mais eficiente, melhor e mais confortável", explicou em uma entrevista de 2021 à Radio Diaries, durante a pandemia de covid-19. 

"É o que me sustenta. É o que me cura. É o que me permite respirar no dia seguinte. Eu vejo como um amigo, como um amigo muito querido", acrescentou ainda. 

Problemas 

O problema de depender do pulmão de ferro, porém, é que a máquina precisa de manutenção para continuar funcionando. A peça do pescoço, por exemplo, que faz a vedação e permite a criação do vácuo no interior do equipamento, é uma delas.

Precisa ser trocada de tempos em tempos, porém, o item parou de ser produzido nos anos 90, de forma que Martha Lillard começou a ter dificuldades na hora de repor. Ela comprou o final do estoque das empresas que a produziam, mas ainda vive sob a ameaça de ficar sem. 

E quando elas começam a se deteriorar, fica cada vez mais difícil respirar à medida que vazam mais ar (...) Estou realmente desesperada. Essa é a coisa mais assustadora da minha vida agora — é não encontrar ninguém que possa fazer essa peça", explicou à Radio Diaries.