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Matérias / Personagem

Nikolai Vavilov, o biólogo da URSS que sabia multiplicar alimentos — e morreu de fome na prisão

Especializado em genética, o pesquisador impressionou o mundo com técnicas organizacionais em plantações, mas, foi alvo de ataques políticos

Wallacy Ferrari Publicado em 18/07/2020, às 09h00

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Retrato fotográfico do pesquisador Nikolai Vavilov - Wikimedia Commons
Retrato fotográfico do pesquisador Nikolai Vavilov - Wikimedia Commons

Nascido em 1887 na cidade de Moscou, Vavilov Nikolai Ivanovich veio de uma família de comerciantes extremamente preocupados com a educação dos filhos. Seu irmão mais novo, Sergei, se tornaria uma referência futura no campo da física, mas Nikolai iria além; gostaria de auxiliar em um dos principais problemas da humanidade.

Após se formar no Instituto Agrícola de Moscou, o pesquisador fez questão de se especializar em botânica, sempre se aprofundando na imunidade vegetal e como combater as dificuldades climáticas e pestilentas em plantações de alimentos.

Para entender melhor, realizou diversas expedições botânico-agronômicas por todo o planeta, desenvolvendo uma teoria pioneira para o cultivo de vegetais.

A teoria dos centros de origem das plantas resultou na maior coleção de sementes do mundo na década de 1910, com aproximadamente 200 mil espécies armazenadas e semeadas em estações experimentais apoiadas pelo governo soviético.

A notoriedade do estudo geográfico e biológico conseguiu ser respeitada até mesmo durante o cerco de Leningrado, recebendo segurança particular para não haver intervenção nos laboratórios e estufas.

Segurando um chapéu, Nikolai visita Instituto Fitotécnico y Semillero Nacional, URU / Crédito: Wikimedia Commons

O homem que pode salvar a fome

A recém-formada URSS reconheceu a importância das pesquisas de Nikolai, atribuindo a direção do Instituto de Botânica Aplicada e Novos Cultivos de São Petersburgo ao russo. Além disso, suas expedições resultaram em laços amigáveis com instituições científicas na América do Sul e do Norte, possibilitando a criação de acordos amigáveis de pesquisa.

Com isso, o pesquisador tornou-se um Soviete Supremo da URSS, sendo nomeado presidente da Sociedade Geográfica Russa e vencendo o Prêmio Lenin pela contribuição sobre a organização genética das plantas. Com sua técnica, conseguiu dobrar a produção de trigo utilizando uma espécie de melhoramento genético — auxiliando financeiramente o Brasil, Argentina e Uruguai, países produtores do cereal e participantes do acordo científico.

Enquanto teve autonomia para a realização de estudos, adicionou informações e formulou a Lei da Série de Variações Homólogas, que aprimora os conceitos da segunda lei de Mendel. Todos os seus estudos indicavam que o progresso em relação a produção alimentícia poderia ser resolvido com alterações genéticas e organizacionais, indicando uma salvação de suprimentos e dinheiro, porém, tinha um opositor forte.

Foto oficial do arquivo de investigação russa com Nikolai na prisão / Crédito: Wikimedia Commons

Reconhecimento vira perseguição

O agrônomo ucraniano Trofim Denissovich Lysenko era uma espécie de pseudocientista; pouco embasado em teses comprovadamente corretas, mas abusava da dialética para justificar a biologia com aplicações socioculturais. Com essa técnica, argumentava que o estudo da genética era uma ciência sem funcionalidade, sendo uma criação burguesa para justificar diferenças de classes.

Apesar de apresentar traços de um discurso político, a influência do agrônomo na política agrária da União Soviética surtiu efeito, principalmente em 1936, quando uma campanha contra os estudos genéticos passou a ser promovida. Nomeada "lysenkoismo", resultou na expulsão e prisão de diversos biólogos geneticistas da Academia de Ciências da Rússia, sendo considerados “sabotadores trotskistas”.

Em 1940, Vavilov foi um deles, perdendo a presidência da Academia de Ciências Agrícolas justamente para Trofim, dois anos antes. O russo acabou sendo preso e condenado a morte, mas conseguiu recorrer e converter a pena em uma prisão perpétua. Mal alimentado ou sequer realizando refeições diárias na cadeia, o homem que tentou salvar a fome do planeta morria em 1943 por inanição — ausência de nutrientes necessários para a vida humana.


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