O monarca brasileiro, aos 17 anos, tinha uma expectativa da nova esposa que foi rapidamente frustrada, fazendo com que ele faltasse com o decoro
André Nogueira Publicado em 03/07/2020, às 12h00
O casamento entre o Imperador Pedro II e sua consorte Teresa Cristina é conhecido pelo sucesso, no entanto, o primeiro encontro entre os nobres foi de um absurdo tremendo. Isso porque os pombinhos se casaram antes mesmo de se conhecerem. Oficialmente, a união ocorreu por procuração em Nápoles, em 1843 (três anos após o Golpe da Maioridade), em que o brasileiro foi representado por Leopoldo, irmão de Teresa.
Então, uma frota brasileira de navios foi levado à Europa para acompanhar a nova imperatriz brasileira às Américas. A italiana chegou no Rio de Janeiro em setembro daquele ano e o imperador, extremamente agitado e ansioso pela chegada da nova esposa, quebrou os protocolos que obrigavam Teresa esperar até a manhã seguinte para conhecer o cônjuge e subiu na surdina no navio.
Teresa teria se apaixonado imediatamente pelo jovem monarca de cabelos loiros. Por outro lado, aos dezessete anos, Pedro ficou absurdamente desapontado com a imagem que viu. O imperador possuía uma imagem idealizada da esposa na cabeça, fruto de descrições imprecisas. Quando chegou ao convés da embarcação, sofreu uma quebra de expectativas.
Isso porque a primeira coisa que Pedro II reparou em Teresa Cristina foi o que ele entendia como defeitos. Ela era baixinha e distante do padrão de beleza europeu, levemente acima do peso, de cabelos lisos e olhos claros. O monarca, que recebia os mimos de um rei desde os cinco anos de idade, não soube bem como reagir.
Com as expectativas no chão, ele ficou revoltado e não escondeu o sentimento de rejeição. A cumprimentou e, após um breve intervalo, soltou um “até amanhã” e deixou o navio. A bordo, Teresa caiu em lágrimas de decepção: “o imperador não gostou de mim!”.
O monarca teria se sentido “enganado e queixou-se amargamente a Paulo Barbosa e d. Mariana. Chorou nos ombros do mordomo e reclamou da aia: “Enganaram-me, Dadama!””, segundo a biografia Dom Pedro II, de José Murilo de Carvalho.
No dia seguinte, ainda abalada, Teresa escreveu à Família Real: "Sei que minha aparência é diferente da que havia sido anunciada. Farei todo o possível para viver de tal maneira que nada leve ao engano de meu caráter. Minha ambição será parecida à de Maria Leopoldina da Áustria, mãe de meu marido, e serei brasileira de coração em tudo que fizer".
Dom Pedro em nenhum momento se negou a se casar com a siciliana, mesmo depois do indecoroso encontro. Mesmo que a procuração já tivesse sido feita, a Família patrocinou um casamento extravagante para simbolizar o matrimônio, ocorrido em 4 de setembro de 1843, na Capela Real do Rio de Janeiro.
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