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Matérias / Brasil

O dia em que o Rio de Janeiro foi sequestrado por um corsário francês

Além de ter sido saqueada, a então capital brasileira apenas foi libertada depois de uma curiosa negociação

Isabela Barreiros Publicado em 19/03/2020, às 14h20

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A Baía de Guanabara durante o ataque em 1711 - Wikimedia Commons
A Baía de Guanabara durante o ataque em 1711 - Wikimedia Commons

Em 1711, o Rio de Janeiro foi alvo de uma encruzilhada em busca de ouro orquestrada por franceses. A cidade tornou-se literalmente refém do corsário René Duguay-Trouin, que cobrou um preço muito caro para que a então capital do Brasil, apenas uma vila naquela época, com 12 mil habitantes, fosse libertada de seus homens.

A organização para o evento, que ficou conhecido como a Batalha do Rio de Janeiro, havia começado um ano antes, já em 1710. Naquele ano, o então rei da França, Luís XIV, aprovou que o plano fosse executado e disponibilizou 17 navios para o corsário. Além disso, forneceu também 738 canhões e 6.139 homens. O armamento para tal conflito, porém, não foi bancado pela coroa, mas sim por inúmeros financiadores privados, a exemplo do Conde de Toulouse, a quem Duguay-Trouin pediu ajuda enquanto estava na cidade portuária de Saint-Malo.

O contexto político da Europa também afetava as Américas, visto que suas colônias lidavam com as consequências das ações tomadas no velho continente. A Guerra da Sucessão Espanhola, na qual Portugal dava apoio à Espanha, também foi um dos motivos para o ataque. Após a morte do rei Carlos II, que não deixou herdeiros, o trono ficou em disputa, e temia-se que os Bourbon, da França, tivessem poder além de seu próprio território e comandassem os dois importantes reinos. A Inglaterra, rival da França, também entraria no combate.

O corsário René Duguay-Trouin / Crédito: WIkimedia Commons

Tudo isso fez com que fossem organizados ataque ao Brasil, colônia de Portugal, naquelas circunstâncias aliada da Espanha. Além disso, as embarcações de René Duguay-Trouin também tiveram de enganar a Marinha Britânica, que os vigiava. Eles partiram em navios de aparência diferente e em horários distintos para que não parecesse que eles tinham como destino o Rio de Janeiro.

Os britânicos, porém, entenderam o plano e tentaram avisar os portugueses na capital brasileira. Além de enviarem uma carta ao governador, um de seus barcos conseguiu fazer a travessia do Atlântico mais rapidamente e conseguiu chegar a tempo de avisá-los no Rio. Ainda assim, os portugueses não estavam prontos para lidar com o ataque.

No entanto, mesmo que tivessem sido avisados, eles não conseguiram proteger as fronteiras da cidade. Não sendo capazes de oferecer resistência à invasão, o governador Francisco de Moraes de Castro assistiu o local ser atacado, mesmo que suas tropas estivessem em vantagem numérica.

O ataque ocorreu no dia 21 de setembro de 1711. Ao fazer a capital brasileira de refém, os franceses praticamente sequestraram a cidade. Adentrando pela Baía de Guanabara, Duguay-Trouin ameaçou atear fogo na vila, saquear todas as riquezas do local e ainda destruir as casas dos que ali moravam. Com medo de tais atitudes acontecerem realmente, os portugueses pagaram o alto preço cobrado. Ainda que não por completo. Quatro importantes embarcações portuguesas também foram perdidas.

Plano dos franceses para invadir o Rio / Crédito: WIkimedia Commons

Para abandonar o local “pacificamente”, seria necessário que o governador pagasse o equivalente a 2 milhões de libras francesas, um altíssimo custo para a época. Como não tinham todo esse dinheiro, negociaram por semanas — e ainda não pagaram tudo. Mesmo que tivessem prometido não atacar a cidade, os franceses saquearam a região. Como resultado disso, obtiveram 600 kg de ouro, 610 mil cruzados, 100 caixas de açúcar, 200 gados, além de pessoas escravizadas e diversos outros itens de importância.

O ataque foi um sucesso para a coroa francesa. Rendendo quase 100% de lucro aos que participaram, ao rei e também aos acionistas, a operação terminou com muito dinheiro e uma sensação de dever cumprido para o corsário. Acredita-se que o valor exato tenha sido 92%. Duguay-Trouin, ainda, era quase um especialista em saques. Até 1709, ele já havia sido responsável pelo roubo de mais de 300 navios mercadores, além de 20 embarcações de guerra.

A vila do Rio de Janeiro sofreu muito com o saque feito por Duguay-Trouin e seus homens. Durante os intensos bombardeiros, muitas pessoas ficaram feridas ao longo do conflito e várias delas perderam produtos importantes para suas rendas, além de terem suas casas, muitas vezes, destruídas.


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