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Matérias / Dom Pedro I

O lado mulherengo de Dom Pedro I contribuiu para que falassem mal dele?

O site Aventuras na História entrevistou o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti sobre as relações extraconjugais de Dom Pedro I

Éric Moreira Publicado em 30/08/2022, às 13h07

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Dom Pedro I, antigo imperador do Brasil, que carregava má fama por relações extraconjugais - Domínio Público via Wikimedia Commons
Dom Pedro I, antigo imperador do Brasil, que carregava má fama por relações extraconjugais - Domínio Público via Wikimedia Commons

Nos últimos meses, visto a proximidade com o bicentenário da Independência do Brasil, ocorrida em 1822, muito tem se falado sobre Dom Pedro I, o primeiro imperador brasileiro e responsável por proclamar a independência do país. No entanto, apesar do feito considerado positivo, o antigo monarca não era adorado por toda a população e até mesmo algumas polêmicas manchavam sua imagem na época da medida.

Uma das polêmicas mais negativas conhecidas de Dom Pedro I envolve seus relacionamentos amorosos (ou não): apesar de casado com a imperatriz Leopoldina, era de conhecimento público seus relacionamentos extraconjugais, o que levou até mesmo o título de Marquesa de Santos à Domitila de Castro Canto e Melo, amante mais famosa do antigo imperador.

A Marquesa de Santos / Crédito: Domínio Público

Mas afinal, em meio a tantas críticas ao governo de Dom Pedro I, relacionadas principalmente ao seu autoritarismo, decisões equivocadas e envolvimento em conflitos desnecessários, será que o "lado mulherengo" do imperador contribuiu para que falassem mal dele? Para responder a questão, o site Aventuras na História convidou o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti a falar sobre a fama de Pedro I e suas relações.

Má fama por traições?

Paulo Rezzutti, pesquisador e escritor das biografias de Dom Pedro I e da imperatriz Leopoldina, conta à Aventuras na História que acredita, sim, que a fama de mulherengo contribuiu para que criticassem o imperador. No entanto, acrescenta, o comportamento era normal na época, especialmente entre nobres.

Pensar que os demais homens não faziam a mesma coisa que ele fazia na época dele é irreal. [...] O amor era uma coisa que basicamente nem existia. O casamento era um acordo", afirma Rezzutti.

Na época, primeiro se observava se a pretendente poderia gerar um filho para continuar a dinastia. Em segundo lugar, se analisava os interesses políticos entre os dois impérios ou nobres, a fim de se optar pelo mais vantajoso, de acordo com as necessidades de cada nação. Ou seja, segundo Paulo Rezzutti, "se rolasse amor ou paixão, ia ser lucro".

Paulo Rezzutti, pesquisador, escritor e biógrafo brasileiro
Paulo Rezzutti, pesquisador, escritor e biógrafo brasileiro / Crédito: Foto por Paulo Rezzutti pelo Wikimedia Commons

Logo, o sexo naquela época servia unicamente como procriação, dentro das famílias reais — o prazer, inclusive, era visto até mesmo "antirreligioso", maculando o significado do que seria gerar uma nova vida. Logo, o prazer se obteria fora do casamento, o que normalizava as relações extraconjugais.

[...] no casamento [o sexo] era para a procriação. Fora do casamento era para ter prazer, você não ia ter prazer com sua esposa. [...] Então você ia pecar fora de casa, manter sua esposa longe do pecado", explica Rezzutti.

O problema em torno de Dom Pedro I, no entanto, não era objetivamente o fato de ele trair, o que por si só era normal e aceitável na época e no contexto em que vivia. Paulo Rezzutti aponta que o verdadeiro empecilho sobre a imagem do imperador era, na verdade, ele ter sido "escancarado" nas ações, deixando óbvias a todos as traições.

Marquesa de Santos

Tamanho o escancaramento de Dom Pedro I sobre suas traições, que mesmo enquanto casado com a imperatriz Maria Leopoldina, ele chegou a levar a amante, Domitila de Castro Canto e Melo, à sua casa. Assim, eventualmente ela até mesmo recebeu o título de Marquesa de Santos, o que perturbou a ordem da família imperial.

A partir do momento que você leva sua amante para dentro de casa, ainda mais sendo o imperador, você transforma ela num elemento político, então você vai ter os partidários da amante e os partidários da imperatriz! E isso vai perturbar a própria imperatriz a ponto dela desabafar com o secretário dela que 'a bruxa consegue tudo'", explica Paulo Rezzutti.
Retratos da Marquesa de Santos e da imperatriz Maria Leopoldina
Retratos da Marquesa de Santos e da imperatriz Maria Leopoldina / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons / Foto por Schönbrunn Palace pelo Wikimedia Commons

O pesquisador ainda complementa que as trocas entre poderes dentro do palácio, sendo ora a imperatriz Leopoldina, ora a Marquesa de Santos quem tinha voz ali dento, que minaram o poder da imperatriz, que era adorada por parte da população brasileira. "Nisso, o Dom Pedro foi péssimo pro império, péssimo pra imagem dele", finaliza Rezzutti.


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