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Matérias / Personagem

O pesadelo de Hitler: Hannie Schaft, a adolescente que seduzia e dizimava nazistas

Símbolo da resistência feminina, a jovem holandesa contou com a ajuda das irmãs Oversteegen na luta contra os combatentes do Terceiro Reich

Fabio Previdelli Publicado em 07/06/2020, às 09h00

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Hannie Schaft, a adolescente que seduzia e matava nazistas - Creative Commons
Hannie Schaft, a adolescente que seduzia e matava nazistas - Creative Commons

No dia 10 de maio de 1940, as tropas da Alemanha nazistas cruzaram a fronteira com a Holanda e, após o bombardeio de Rotterdam, as forças holandesas finalmente se renderam ao Exército de Hitler.

Mesmo assim, com poucos meses do início do conflito, três adolescentes holandesas já se tornaram vorazes combatentes do regime do Terceiro Reich e demonstraram ser fortes aliadas da resistência. Elas eram: Hannie Schaft, de 19 anos; e as irmãs Truss e Freddie Oversteegen, que tinham, respectivamente, 16 e 14 anos.

A vida de Truss e Freddie

As Oversteegen nasceram na cidade de Schoten e foram criadas somente por sua mãe, que desde sempre tinha grandes convicções antifascistas. Em relato para a antropóloga Ellis Jonker, que escreveu o livro Under Fire: Women and World War II, a caçula lembra que a progenitora as incentivava fazer bonecas de pano paras as crianças que foram vítimas da Guerra Civil Espanhola.

Retrato de Hannie Schaft / Crédito: Wikimedia Commons

Além do mais, no início dos anos 1930, a matriarca se voluntariou na International Red Aid — uma instituição semelhante à Cruz Vermelha Comunista, que atendia prisioneiros políticos por todo o globo.

Antes de se juntarem à resistência, e apesar de viverem na pobreza, a família já escondia judeus e outros perseguidos no sótão de sua casa. Mas, quando o país foi invadido, os refugiados tiveram que se mudar para outro lugar, afinal, devido ao conhecido posicionamento político dos Oversteegen, a residência poderia se tornar alvo de investigações. "Todos foram deportados e mortos", conta Freddie. "Nunca mais tivemos notícias deles. Ainda fico muito emocionada, toda vez que falo sobre isso”.

Assim, quando a ocupação começou, a dupla passou a realizar pequenas tarefas clandestinas, como colar cartazes antinazistas (com os dizeres: “Para cada homem holandês que trabalha na Alemanha, um alemão vai para o front”) e a distribuição de panfletos (“A Holanda deve ser livre”).

Apesar de, geralmente, as mulheres não desempenharem um papel mais relevante entre os membros da resistência, o esforço das jovens chamou a atenção de Frans van der Wiel, comandante do Conselho de Resistência clandestino de Haarlem, que as convidou para se juntarem ao seu time. “Elas eram apenas adolescentes tímidas, mas a guerra logo as transformou em mulheres corajosas", diz o filho de Truus Oversteegen, Martin Menger.

Com a autorização da mãe, as irmãs se tornaram membros oficiais da célula de resistência que era formada por sete pessoas. Tempos depois, o grupo se tornaria maior com a inclusão de Hannie.

A execução de nazistas

As três meninas atuavam como uma unidade independente, e foram exceções ao pegarem armas para lutarem contra nazistas e traidores holandeses. Logo, tiveram um papel cada vez mais ativo.

Hannie Schaft e Truus Oversteegen / Crédito: Divulgação

"Mais tarde, ele [comandante Frans van der Wiel] nos disse o que realmente tínhamos que fazer: sabotar pontes e linhas ferroviárias", explica Truus. "Dissemos a ele que gostaríamos de fazer isso. E aprender a atirar, atirar nos nazistas".

Segundo Truus, foi Freddie quem primeiro atirou e matou alguém. "Foi trágico e muito difícil, e depois choramos por isso", revelou. "Não acreditávamos que nos adaptaríamos, ninguém nunca se adapta, a menos que você seja um verdadeiro criminoso ... Você perde tudo. Envenena as coisas bonitas da vida”.

A execução foi de uma mulher que queria descobrir o nome de todos os judeus do Haarlem e repassá-los para o serviço de inteligência nazista. "Tivemos que fazer isso", lamenta Truus. Segundo o filho de Freddie, Remy Dekker, sua mãe concluiu o ato quando tinha entre 15 e 16 anos.

Após essa experiência, as adolescentes passaram a frequentar bares e tabernas, e abusavam de suas aparências jovens para atraírem soldados nazistas em um passeio pela floresta, onde, então, eles eram executados. "Era um mal necessário matar aqueles que traíam pessoas boas", diz a sobrevivente.

Seduzir os agentes para a floresta era uma solução brilhante, afinal, eles pensavam que tudo era somente mais um flerte entre adolescente. "Obviamente nada aconteceu na floresta. Antes que eles tentassem beijá-las, eram mortos”, diz Dekker.

Pistola usada por Hannie Schaft / Crédito: Wikimedia Commons

Apesar do padrão, nem todas as execuções aconteceram dessa maneira. "Às vezes elas matavam suas vítimas enquanto andavam de bicicleta, para que pudessem fugir rapidamente", relata Martin Menger. "Essas execuções não envolviam flerte".

Símbolos da resistência feminina

Apesar do sucesso, Hannie Schaft, que ficou conhecida como a garota dos cabelos vermelhos, foi reconhecida pelos nazistas justamente pela cor de suas madeixas. Ela foi executada aos 24 anos, no dia 17 de abril de 1945 — 18 antes da Holanda ser libertada.

“Quando era criança, com apenas 8 anos, tínhamos um livro de história na escola sobre uma garota ruiva Hannie Schaft", relembra Dekker."Enquanto eu lia, minha mãe começou a chorar. Ela me disse que tinha sido amiga dela durante a guerra e que havia sido morta pelos alemães. Ela mencionava a guerra e Hannie com frequência. Isso permaneceu com ela durante toda a vida, o fato de que ela sobreviveu à guerra e Hannie não”.

Foto de Freddie Oversteegen / Crédito: Divulgação

Em 1996, as irmãs criaram a fundação Hannie Schaft, para promover o legado da companheira. Depois da Guerra, Truus trabalhou como artista, fazendo pintura sobre suas memórias. Ela faleceu em 2016. Dois anos depois, foi a vez de Freddie partir, sendo a última memória viva daquele trio histórico de caçadoras de nazistas.


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