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Matérias / Podcast

O podcast de true crime que provou a inocência de dois homens

Após 24 anos atrás das grandes, a rede de mentiras que levou dois homens a serem acusados de assassinato foi inesperadamente revelada

Ingredi Brunato Publicado em 17/12/2022, às 22h00

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Fotografia dos homens inocentados em 2022 - Divulgação/ Redes Sociais/ Proof Podcast
Fotografia dos homens inocentados em 2022 - Divulgação/ Redes Sociais/ Proof Podcast

No dia de sua morte, Brian Bowling, um jovem estadunidense de apenas 15 anos, contou à sua namorada em uma ligação que estava jogando roleta russa com a arma de um amigo. 

O dono do revólver, Cain Joshua Storey, de 17, estava na sala quando o tiro ocorreu, e o corpo de Bowling foi encontrado em seu quarto. A morte, vista inicialmente como acidental pelas autoridades, acabou gerando uma investigação de homicídio a pedido da família do adolescente falecido. 

O ano era 1996, e o caso, que se deu no estado norte-americano da Geórgia, levou à prisão tanto de Storey quanto de outro rapaz de 17 anos, Darrell Lee Clark, que possuía inclusive um álibi corroborado para sua localização no momento do disparo fatal.  

A dupla foi considerada culpada de realizar um crime premeditado de assassinato contra o amigo de 15 anos, com Clark atuando como co-conspirador. Eles foram presos preventivamente em 1996, passaram por um julgamento de apenas uma semana em 1998 e receberam penas perpétuas. 

Conforme informações da revista People, os homens permaneceram atrás das grades por quase 25 anos — ou mais de metade de suas vidas — tendo recuperado sua liberdade em 2022 sob circunstâncias inusitadas. 

Proof Podcast

Jacinda Davis e Susan Simpson são as apresentadoras do Proof (ou "prova", em tradução livre), um podcast investigativo do gênero de "true crime", ou seja, que se dedica à cobertura de crimes reais, e, em 2021, elas se interessaram pelo caso que levou à prisão de Storey e Clark

Surpreendentemente, a apuração independente feita pelas duas, que chegou a entrevistar testemunhas que participaram do julgamento de 1998, chegou à conclusão que os homens foram condenados injustamente. 

As apresentadoras do podcast descobriram que os policiais responsáveis pela condenação não haviam apenas sido incompetentes, mas manipulado as evidências para levar os rapazes ao tribunal. 

Storey e Clark segurando jornais relatando sua libertação / Crédito: Divulgação/ Redes Sociais/ Proof Podcast

Uma rede de mentiras

Uma testemunha-chave do julgamento, por exemplo, foi a anfitriã de um evento social ocorrido meses após a morte de Brian Bowling.

Na época, ela teria relatado aos detetives que ouviu Storey e Clark, presentes nessa reunião, admitirem terem planejado o assassinato do amigo. O crime seria ainda uma tentativa de encobrir um roubo realizado pela dupla do qual a vítima tinha conhecimento. 

Às norte-americanas, no entanto, a mulher revelou ter sido coagida pela polícia a fazer essas declarações, sob ameaça de que seus filhos seriam tirados de sua guarda se ela não concordasse em realizar o falso testemunho. 

Já o segundo relato apresentado ao tribunal pertencia a uma testemunha que falou com as autoridades em 1976 — nada menos que duas décadas antes da morte de Bowling. A declaração dizia respeito a outro tiroteio sem qualquer conexão com a situação sendo julgada, ainda segundo a People. 

O veredito que sentenciou os dois jovens de 17 anos a uma vida na prisão se apoiava ainda nas falas de um suposto legista que, na verdade, não era médico e também nunca analisou o cadáver.

Na ocasião, a figura afirmou ter a "intuição" de que o ferimento de bala visto no corpo do adolescente vitimado não teria como ser autoinfligido, de forma que seria fruto de homicídio. 

O sucesso da produção levou os advogados dos presos a pedirem no último mês de setembro que a Justiça dos EUA reexaminasse o caso, ao que foi confirmado que Cain Joshua Storey e Darrell Lee Clark não eram culpados pelo trágico perecimento de Bowling, e os policiais que levaram às suas condenações haviam praticado "má conduta"

Justiça

O Georgia Innocente Project, uma organização sem fins lucrativos que busca libertar cidadãos norte-americanos presos injustamente, entrevistou Clark a respeito dos desdobramentos. 

Clark e familiares / Crédito: Divulgação/ Georgia Innocence Project

Você nunca pensa que algo assim vai acontecer com você (...) Nunca pensei que passaria mais da metade da minha vida na prisão, especialmente por algo que não fiz. Estou feliz que a verdade finalmente veio à tona depois de 25 anos. Estou grato ao Georgia Innocence Project e ao Proof Podcast pelo que fizeram. Sem eles, eu ainda estaria na prisão", relatou o homem. 

Após passar toda sua vida adulta cumprindo uma sentença injusta, o estadunidense na casa dos 40 anos poderá ter um novo começo.