Artefatos históricos encontrados no Iraque resultaram em uma rica descoberta
Ingredi Brunato Publicado em 01/02/2023, às 12h00 - Atualizado em 07/02/2023, às 14h20
Um ilustre estudo publicado em uma revista francesa arqueologia oriental revela o incrível potencial linguístico de duas tábuas de quase 4 mil anos que foram desenterradas no Iraque nos anos 80.
Isso porque os artefatos podem permitir que a ciência decifre um misterioso idioma antigo falado pelos habitantes da região de Canaã, que hoje corresponde aos territórios de Israel, Palestina e Cisjordânia, assim como parte do Líbano e da Síria.
Trata-se da linguagem amorita, utilizada pelo povo de mesmo nome que se instalou na Mesopotâmia por volta de 2000 a.C. Eles dominaram a área após a queda dos sumérios, estabelecendo o chamado Primeiro Império Babilônio.
Previamente ao estudo dos itens históricos, o idioma falado pelos amoritas era pouquíssimo conhecido, a ponto de ser quase considerado um mito, conforme revelado por Manfred Krebernik e Andrew R. George, os autores da pesquisa, em entrevista ao LiveScience.
Nosso conhecimento do amorita era tão lamentável que alguns especialistas duvidaram que tal linguagem existisse", apontaram eles.
"As duas tábuas aumentam substancialmente nosso conhecimento do amorita, pois contêm não apenas novas palavras, mas também frases completas, portanto, exibem muito vocabulário e gramática novos", completaram ainda os especialistas, que já examinam os artefatos históricos desde 2016.
O motivo que torna os objetos de argila tão valiosos é que, além das inscrições amoritas, eles trazem a tradução dessas frases para o acadiano, uma linguagem cuja gramática já era mais conhecida.
Esse aspecto permite até mesmo que as tábuas sejam comparadas com a famosa "Pedra de Roseta", um monumento que deu início ao entendimento moderno dos hieróglifos egípcios ao trazerem uma tradução deles para o grego antigo, permitindo que uma série de textos até então indecifráveis tivessem seus significados revelados.
Da mesma forma, as descobertas feitas no Iraque nos deram a oportunidade de alavancar o entendimento do amorita.
Ainda de acordo com o Live Science, os pesquisadores especulam que, quando foram confeccionados, os artefatos cumpririam a função de uma espécie de "guia turístico" que permitisse a turistas falantes do acadiano serem introduzidos à sociedade amorita.
Há frases sobre preparar uma refeição comum, sobre fazer um sacrifício, sobre abençoar um rei. Existe até o que pode ser uma canção de amor... Ela realmente abrange toda a esfera da vida", avaliou Yoram Cohen, estudioso que não fez parte da pesquisa e também foi entrevistado pelo veículo.
Outro trecho curioso das tábuas mostra deuses amoritas (esse era um povo de religião politeísta) e seus correspondentes mesopotâmios.
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