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Matérias / Egito

O que se sabe sobre a múmia do 'Menino de Ouro' do Egito

Múmia egípcia de 2,3 mil anos de um adolescente chama atenção

Ingredi Brunato Publicado em 24/01/2023, às 11h20 - Atualizado em 09/02/2023, às 19h23

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Fotografia do caixão do Menino de Ouro - Divulgação/ SN Saleem, SA Seddik, M el-Halwagy
Fotografia do caixão do Menino de Ouro - Divulgação/ SN Saleem, SA Seddik, M el-Halwagy

Um grupo de pesquisadores da Universidade do Cairo, no Egito, publicou nesta terça-feira, 24, um estudo detalhando as descobertas que fizeram ao analisar uma múmia egípcia de 2,3 mil anos apelidada de "Menino de Ouro".

Os restos mortais, que estavam preservados por dois caixões (o exterior contém inscrições em grego, e o interior é um típico sarcófago de madeira), pertencem a um jovem menino que teria entre 14 e 15 anos na época de sua morte. 

Para estudar os rituais funerários utilizados em seu enterro, os especialistas utilizaramtomografias computadorizadas, um método não invasivo, que lhes permite enxergar o conteúdo do invólucro sem precisar, para isso, realizar sua abertura. Ou seja, a múmia não foi violada.

Amuletos 

A múmia ganhou seu apelido devido ao que os exames revelaram ter sido enterrado junto dele: um total de 49 amuletos, a maioria deles de ouro, depositados ao seu redor e dentro de seu corpo.

Imagens mostrando diferentes camadas da múmia / Crédito: Divulgação/ SN Saleem, SA Seddik, M el-Halwagy

Os objetos possuíam também diversos formatos diferentes, simbolizando conceitos variados segundo as crenças do Antigo Egito. Alguns dos tipos listados são: "o Olho de Hórus, o escaravelho, o amuleto akhet do horizonte, a placenta e o Nó de Ísis". 

"Muitos eram feitos de ouro, enquanto alguns eram feitos de pedras semipreciosas, argila queimada ou faiança. Seu objetivo era proteger o corpo e dar-lhe vitalidade na vida após a morte", explicou Sahar Saleem, o principal autor da pesquisa, em um comunicado repercutido pela revista Planeta. 

Em entrevista à Live Science, o pesquisador ainda descreveu o sarcófago analisado como "uma vitrine das crenças egípcias sobre a morte e a vida após a morte durante o período ptolomaico".

Um desses artefatos, por exemplo, consistia em uma língua de ouro depositada na boca do adolescente. De acordo com a mitologia do Antigo Egito, a presença desse objeto permitiria que o morto conseguisse falar após fazer a transição para o mundo dos mortos. O Aventuras na História possui ainda uma matéria apenas sobre as línguas douradas; para acessá-la clique aqui

Outro amuleto particularmente curioso é um escaravelho na cavidade torácica do jovem, posicionado no lugar de seu coração. Ele possui inscrições retiradas do Livro dos Mortos, uma importante coletânea de pergaminhos egípcios que procurava explicar o que acontecia a um indivíduo após o fim de sua vida terrestre. A função do artefato, aliás, é explicada pela obra: 

O escaravelho do coração silenciava o coração no Dia do Julgamento para não testemunhar contra o falecido", apontou Saleem

As imagens de tomografia mostraram ainda a presença de diversas folhas de samambaia decoradas com guirlandas ao redor do adolescente mumificado (elas eram consideradas sagradas pelos egípcios antigos), e sandálias adornando seus pés, o que serviria para que pudesse caminhar para longe de seu caixão após acordar no pós-vida. 

A múmia

Fotografia do caixão exterior (à esq) e do sarcófago interior (à dir) / Crédito: SN Saleem, SA Seddik, M el-Halwagy

O Menino de Ouro foi encontrado em 1916, tendo sido sepultado em um cemitério utilizado entre 332 a.C. e 30 a.C. Ele estava sob posse do Museu do Cairo desde então, com esse tendo sido o primeiro estudo que o teve como alvo. 

Ainda não sabemos a identidade do falecido, apenas que pertenceria a uma família abastada, dada a riqueza de seus bens funerários. Sua causa de morte é outro detalhe que não pôde ser determinado. 

Após as análises, a múmia terá seu sarcófago, imagens de tomografia e réplica em 3D do escaravelho do coração expostos no estabelecimento.