Jonathan Jacob Meijer é um holandês de 41 anos que, sendo doador de esperma, pode ser pai de mais de 500 crianças pelo mundo
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 09/07/2023, às 08h00 - Atualizado em 03/08/2023, às 15h23
Para algumas pessoas, já é desesperador imaginar como seria a própria vida com uma responsabilidade tão grande quanto a de ter um filho. Agora imagine que loucura seria ter ao menos 500?
Segundo o homem, que possui 41 anos, ele é pai biológico de pelo menos 500 crianças em todo o mundo, 375 delas moram na Holanda, 80 na Alemanha, 35 na Bélgica, quatro na Argentina e duas na Austrália, segundo noticiado pelo The Mirror. Embora o número pareça impossível, a razão para tantos filhos se deve ao fato de, na verdade, Meijer ser um doador de esperma.
Ou melhor, o mais adequado ao se referir é "ex-doador" de sêmen, depois que o homem foi proibido pela Justiça da Holanda de fazer novas doações. Apesar disso, ele saiu do país e hoje vive no Quênia, seguindo com as doações em outros países. Vale pontuar que, embora ele afirme ser pai de mais de 500 crianças, o instituto Donorkind — responsável pela administração de sêmen doado — "só" contabilizou oficialmente 270.
De acordo com o UOL, a legislação holandesa decreta que um doador de sêmen só pode ajudar na concepção de até 25 crianças, em um máximo de 12 famílias diferentes. Ou seja, como esse é um número bastante inferior ao que Jonathan Jacob Meijer afirma ter, o homem hoje é processado por várias famílias que descobriram suas doações ilegais, além de ter sido obrigado a ordenar que fossem destruídas todas as amostras que tinha armazenadas em clínicas de outros países.
Toda a confusão com o nome de Meijer começaria em 2007, quando ele teria se registrado em 11 clínicas diferentes como doador de esperma, além do banco de esperma Cryos. Só o último vendeu aproximadamente 1.100 libras (R$ 6.891,56 na cotação atual) de suas doações, além disso, o homem também teria entrado em contato direto, em grupos no Facebook, com mulheres e casais que queriam ter filhos e não conseguiam.
Com o decorrer dos anos, porém, algo que o holandês acumularia tanto quanto filhos seriam mentiras. Isso porque, em toda clínica que passava, alegava sempre o mesmo: que só doaria para aquele local; além disso, também contava às futuras mães que tinha "somente" cerca de 10 filhos.
Porém, quando a verdade veio à tona — somente 10 anos depois, em 2017 —, o homem já tinha deixado uma grande marca no mundo. Naquele ano, a Associação Holandesa de Ginecologistas e Obstetras alertou-o de que ele já tinha um total de 102 filhos espalhados.
Hoje, como já mencionado, Meijer já não possui mais permissão para doar amostras de esperma, tendo sido decidido no tribunal civil de Haia que, caso o fizesse, seria obrigado a pagar uma multa no valor de 85.000 libras (aproximadamente R$ 516.000 na cotação atual).
Apesar da proibição, o holandês segue doando seu sêmen em outros países, de acordo com o Daily Mail, além de também para outras mulheres que, segundo ele, já tiveram um filho seu e desejavam outro. Hoje, reside no Quênia, e afirma sonhar em "começar uma família".
A peculiaridade da história de Jonathan Meijer chamou não só atenção de toda a mídia internacional, como também da Netflix, que planeja narrar a vida do holandês em um documentário, cujo título provisório é 'Fertility Fraudster' ('Fraudador de Fertilidade', em tradução livre). Além disso, a produção também deve investigar a movimentada indústria da fertilidade de alguns países, bem como a falta de regulamentação presente.
Entre os riscos existentes com as doações, Ties van der Meer, da Donor Child Foundation, enfatiza que "pode ser muito difícil mentalmente para os filhos de um doador saber que seu pai biológico tem muitos filhos". Além disso, seria biologicamente perigoso que pessoas ligadas em parentesco por Meijer entrassem em relacionamentos.
