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Matérias / Aviação

O voo com 274 civis do Irã que foi derrubado pelos EUA

Derrubado por engano em meio a uma guerra, o fato marca a política iraniana até os dias atuais

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 07/02/2023, às 20h00 - Atualizado em 19/05/2023, às 10h17

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Imagem ilustrativa aponta míssil atingindo Airbus A300 da Iran Air - Wikimedia Commons /  Aeroprints.com in CC by 3.0
Imagem ilustrativa aponta míssil atingindo Airbus A300 da Iran Air - Wikimedia Commons / Aeroprints.com in CC by 3.0

Em 3 de julho de 1988, um voo da Iran Air, de número 655, partia de um aeroporto na cidade iraniana de Bandar Abbas rumo a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O voo comercial era feito no moderno avião Airbus A300 e contava apenas com uma escala rápida na capital Teerã, carregando 290 pessoas, sendo 16 tripulantes e 274 passageiros, todos civis, incluindo 66 crianças.

Naquele dia, no entanto, o Irã e o Iraque estavam nos meses finais de uma tumultuada guerra, onde o Iraque ainda contava com o apoio direto dos Estados Unidos, que ainda amparava o governo de Saddam Hussein. Dessa forma, disponibilizava o cruzador americano USS Vincennes no Golfo Pérsico, que naquela data, sofreu um ataque horas antes, como informou a Época Negócios.

Um helicóptero partiu do cruzador e foi atingido, ainda naquela manhã, por disparos vindos de pequenas embarcações iranianas. Como resposta, atacariam o próximo caça em procedimento de ataque que partisse do aeroporto de Bandar Abbas.

Contudo, o local era utilizado tanto por aeronaves civis quanto militares, e o voo 655 fora confundido com um veículo militar e alvo de dois misseis, que vitimaram fatalmente todos a bordo.

Ronald Reagan durante discurso / Crédito: Getty Images

A reação pública foi contrastante; enquanto autoridades iranianas condenavam os ataques, o presidente estadunidense Ronald Reagan classificava o episódio como "uma tragédia humana terrível", mas apontava que o voo comercial não respeitou advertências.

No mês seguinte, o Departamento de Defesa corroborou com o discurso, afirmando que o Irã teve responsabilidade ao permitir que o avião cruzasse uma área de conflito.

Motivo de discussão

32 anos depois a queda, um comentário partindo do então presidente dos EUA Donald Trump chamou atenção do presidente iraniano Hassan Rouhani. Naquele fim de semana, em janeiro de 2020, um avião ucraniano caiu no Irã, e matou 176 pessoas.

Como forma de retaliação, Trump ameaçou destruir 52 alvos no Irã, numero que representa, simbolicamente, o sequestro de 52 norte-americanos quando houve a tomada da embaixada dos EUA em Teerã no ano de 1979.

Rouhani respondeu pelo próprio Twitter, mesma rede social onde Trump teceu a provocação, orientando o empresário estadunidense a não esquecer outro número: o de vítimas no avião derrubado em 1988.

Aqueles que se referem ao número 52 deveriam também se lembrar do número 290. #IR655 Nunca ameace a nação iraniana", publicou o chefe de estado iraniano, com a hashtag referenciando o prefixo do voo.