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Matérias / Coluna

A perversão de Marquês de Sade

Polêmico e à frente de seu tempo, o aristocrata e escritor deu origem ao termo “sadismo”

M.R. Terci Publicado em 06/06/2019, às 20h00

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Getty Images
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Se o tabu sobre o sexo é tanto que se mantém até hoje, corando rostos bem distantes da época da monarquia, a definição da palavra polêmico, nos dias de hoje, deveria vir ilustrada com um retrato do Marquês de Sade. Sem dúvida, se alguém faz jus ao predicado é ele.

Sade conseguiu sintetizar em si mesmo três grupos de libertinos da época: os aristocratas que se entregavam a orgias e bebedeiras e eram cruéis com pessoas mais simples; os filósofos que eram ateus e materialistas; e os escritores que primavam pela temática sexual livre de fantasia.  E sendo o baluarte do proibido, Sade levou tudo isso ao extremo.

Símbolo do comportamento devasso, escândalos sexuais e sacrilégios religiosos que agrediam diretamente o moralismo beato da época, o mal-afamado Marquês viveu o que pregava. Seu erotismo violento chocou gerações e cunhou o termo “sadismo”.

Antes das histórias apimentadas, o Marquês já dava indícios de que sua imaginação não se limitava ao campo da literatura e que seus atos não se realizavam apenas em sua imaginação. Seus encontros com prostitutas, uso de afrodisíacos perigosos e apetrechos bizarros usados em festas onde revelava seus fetiches, eram notórios e comentados pela escandalizada aristocracia francesa.

Frequentemente, levava mulheres a seu castelo onde, amarradas à cama, eram chicoteadas e tinham os ferimentos cobertos por cera quente.  Em 1772, após ser acusado de sodomia e do suposto envenenamento de algumas prostitutas, fugiu com a cunhada para a Itália. Foi preso, escapou e voltou para seu castelo em Lacoste, na França, onde continuava a promover orgias entre seus servos.

Depois de 1777, as condenações se tornaram corriqueiras, incluindo uma passagem de 10 anos pela mais famosa prisão da França. Na Bastilha, Sade escreveu as quase 400 páginas de seu compilado gigantesco de bizarrices sexuais, Os Cento e Vinte Dias de Sodoma, segundo ele mesmo, a história mais impura que já foi contada desde o início do mundo, onde defendia o desprezo pelas regras sociais.

Mesmo enclausurado e com sua vida libidinosa apagada, Sade fez tremerem as bases dos valores morais. Em 1803, foi declarado insano e encaminhado para um asilo, onde continuou escrevendo e manteve relacionamento com uma menina de 14 anos de idade.


M.R. Terci é escritor e esteve na legião estrangeira, expoente no gênero fantasia sombria e horror, seus livros mesclam história e o grande cabedal do folclore nacional às tramas autênticas e repletas de criatividade.