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Matérias / ARA San Juan

Por que o submarino que implodiu em 2017 nunca foi removido?

ARA San Juan só foi encontrado um ano após seu desaparecimento; os 44 tripulantes morreram no submarino

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 03/07/2023, às 17h19 - Atualizado em 11/03/2024, às 14h51

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o submarino ARA San Juan - Marinha da Argentina
o submarino ARA San Juan - Marinha da Argentina

Em 2017, o submarino argentino ARA San Juan ganhou os noticiários após sumir na região da Patagônia. O ARA San Juan só fora encontrado um ano depois. Os 44 tripulantes da embarcação morreram quase que instantaneamente devido à implosão do submarino, que descansa a 907 metros de profundidade no Oceano Atlântico.

Mas, por qual motivo o ARA San Juan jamais foi removido desde então?

O desaparecimento

No dia 15 de novembro de 2017, o submarino ARA San Juan, que contava com 44 tripulantes, participou de exercícios militares na base de Ushuaia, na Patagônia. No mesmo dia estava programado para ele retornar à Mar Del Plata.

o submarino ARA San Juan/ Crédito: Martin Otero via Wikimedia Commons

Por volta das 7h30 da manhã, do horário local, o capitão do ARA San Juan entrou em contato com seus superiores para informar uma falha nas baterias do submarino — causadas pela entrada de água no sistema de ventilação da embarcação, por meio do snorkel.

A entrada de água do mar através do sistema de ventilação para o tanque da bateria nº 3 causou um curto-circuito e o início de um incêndio no balcão das barras de bateria. Baterias da proa fora de serviço. Vou manter a equipe informada. No momento em imersão propulsora com circuito dividido. Sem novidades, vou mantê-los informados", dizia uma destas mensagens.

As buscas ao submarino só foram iniciadas cerca de 48 horas depois do último contato feito, relatou o UOL. O ARA San Juan contava com suprimentos de oxigênio que permitia que a tripulação ficasse por até sete dias embaixo d’água.

Mas o prazo se esgotou. Sem respostas. A Marinha da Argentina informou, em 23 de novembro, ainda em 2017, que dados coletados por estações hidroacústicas constataram algo semelhante a uma explosão horas depois da última comunicação com do submarino.

Chamada de "anomalia hidroacústica incomum, curta e violenta", o som foi captado a apenas 56 quilômetros ao norte do local onde o submarino fez sua última comunicação. Na semana seguinte, a Marinha declarou que já não tinha esperanças em achar os tripulantes com vida.

Os destroços do ARA San Juan só foram encontrados dois dias depois do primeiro aniversário da tragédia. Naquele 17 de novembro de 2018, a Marinha argentina relatou que o submarino encontrava-se descansando em uma região de cânions a 907 metros de profundidade. O local fica a 600 quilômetros da Patagônia — bem próximo de onde o último sinal foi emitido.

A operação que localizou o ARA San Juan foi feita pela empresa norte-americana Ocean Infinity, que encontrou a embarcação graças a um submarino operado remotamente por meio de câmeras subaquáticas. O processo custou cerca de 7,5 milhões de dólares para o governo. Mas não seria um ponto final na história.

Implosão e o resgate

No mesmo pronunciamento que anunciou a descoberta dos destroços do ARA San Juan, o governo argentino informou que o submarino sofreu uma implosão — em termos comparativos, não foi tão grande quanto a do Titan, devido à diferença de profundidade, mas foi tão letal quanto; provocando a morte dos tripulantes quase que instantaneamente.

Ao UOL, Gustavo Roque da Silva Assi, então professor do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP, explicou que o casco do ARA San Juan não se rompeu totalmente. Vale destacar que o submarino tinha capacidade para navegar em até 300 metros de profundidade, mas só foi encontrado a mais de 900 metros.

"[O casco] rompe em uma parte, provavelmente próximo do centro. A água entraria violentamente no submarino, mas isso equalizaria a pressão dentro e fora da embarcação, fazendo com que ela pare de colapsar. Uma vez que a estrutura já falhou, como se tivesse aberto um buraco, por exemplo, o submarino afundaria rapidamente", diz.

A proa do ARA San Juan/ Crédito: Argentina Navy 

Um dia após o anúncio da descoberta do local de descanso do ARA San Juan, a juíza federal Marta Yánez, que investigava o desaparecimento da embarcação, disse que ainda analisaria a viabilidade do resgate do submarino antes colocar em "risco outras vidas e a integridade das provas".

Além disso, ela explicou que seria extremamente difícil trazer o ARA San Juan à superfície intacto, visto que com a água em seu interior faria a embarcação pesar mais de 2,5 mil toneladas.

Apesar da pressão dos familiares das 44 vítimas, Oscar Aguad, então Ministro da Defesa, explicou, no mesmo dia, que a Marinha "não tem meios para prosseguir com a recuperação do submarino", faltando recursos não só para chegar na profundidade que ele se encontra, como também tecnologia para tirá-lo do oceano.

Isso não ajudaria muito a determinar a responsabilidade pelo que aconteceu", ainda salientou.

Por fim, em março de 2021, o Conselho de Guerra anunciou as punições para membros da cúpula da Marinha Argentina, com penas que variam entre 20 até 45 dias de prisão. O então comandante da força de submarinos, o capitão Claudio Villamide, sofreu a punição mais severa ao ser destituído se seu cargo.

Os tripulantes do ARA San Juan/Crédito: Reprodução

Apesar disso, os familiares dos tripulantes do ARA San Juan consideraram as decisões brandas demais. Eles ainda lutam para que os restos mortais das vítimas sejam retiradas do oceano.