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Matérias / Reino Animal

Por que um morcego foi eleito como "Pássaro do Ano" na Nova Zelândia?

A inclusão do mamífero entre os candidatos causa estranhamento, sua vitória, contudo, apresenta um fato alarmante

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 14/11/2021, às 09h00

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Fotografia da espécie vencedora do concurso - Divulgação/ Forest & Bird/ Davidson Watts
Fotografia da espécie vencedora do concurso - Divulgação/ Forest & Bird/ Davidson Watts

A maior parte dos mamíferos é terrestre, porém existem algumas espécies famosas que fogem à regra, como a baleia e o morcego. 

A despeito deste segundo possuir asas, o que torna sua aparência mais semelhante às aves, o ser que inspirou a roupa do Batman possui o corpo coberto de pelos — e não penas — e também conta com glândulas mamárias, a principal característica que define essa categoria de animais. 

Assim, o fato do concurso de "Pássaro do Ano", realizado na Nova Zelândia em 202, ter tido uma espécie de morcego como ganhadora casou estranhamento em muitos. É importante destacar, contudo, que o resultado, embora inesperado, não foi causado por algum equívoco grotesco. 

Pelo contrário: a inclusão do Pekapeka-tou-roa (ou morcego de cauda longa) entre os candidatos ao título foi um ato intencional.

Espécie ameaçada

O objetivo por trás dessa decisão foi aumentar a conscientização a respeito dessa espécie neozelandesa, que no passado já preencheu todo o território, porém viu sua população diminuir ao longo dos anos e atualmente encontra-se em grave risco de extinção. 

Foto de morcego de cauda longa de perto / Crédito: Divulgação/ Forest & Bird/ Davidson Watts

Segundo divulgado pela Reuters na semana passada, dos 57 mil eleitores votaram no concurso, 7 mil selecionaram o Pekapeka, fazendo com que ele ganhasse facilmente dos pássaros. O segundo lugar, que teve 4 mil votos, ficou com uma ave impossibilitada de voar que é conhecida no país como "kakapo". 

"A campanha para aumentar a conscientização e o apoio a essa pequena bola de pelos voadora conquistou a nação. Votar em morcegos é também votar em controle de predadores, restauração de habitat e ação climática para proteger nossos morcegos e seus vizinhos emplumados”, afirmou Laura Keown, a porta-voz da organização Forest and Bird, que esteve por trás do concurso, através de um comunicado à imprensa. 

Assim, a campanha foi um verdadeiro sucesso, aumentando de maneira significativa a visibilidade em relação ao problema do desaparecimento desse animal nativo do país.

Um outro detalhe curioso é que o comportamento deste mamífero de asas em específico é mais terrestre do que da maioria das espécies de seu grupo, o que os especialistas acreditam se dever ao fato que, ao longo de sua evolução, ele não encontrou muitos predadores que poderiam colocar a sua sobrevivência em risco enquanto ficasse no chão.

Grupo de morcegos de cauda longa dormindo juntos / Crédito: Divulgação/ Forest & Bird/ Davidson Watts

Foi só com a introdução de espécies invasoras (como gambás, ratos e gatos) que a Nova Zelândia passou a contar com uma quantidade expressiva de predadores terrestres. Esse processo se iniciou um milênio atrás, quando os humanos se instalaram no território, porém acelerou-se consideravelmente após a colonização do país pelos europeus. 

A perda do habitat também é um dos grandes fatores que impactam o morcego de cauda longa, uma vez que as florestas, onde vivem, são derrubadas por conta de sua lenha ou para que a área seja destinada ao plantio.